Ciclo capilar e queda de cabelo: entenda como funciona
O ciclo capilar determina diversos aspectos relacionados à aparência e saúde dos fios.
Conhecer como o ciclo funciona é fundamental para entender alterações que levam à queda de cabelo.
Ciclo capilar
Classicamente o ciclo de renovação do cabelo é dividido em 3 fases sucessivas: anágena, catágena e telógena.
A fase anágena marca o início de cada ciclo de vida capilar e a telógena o seu fim.
Alguns autores ainda consideram um quarto período, chamado de fase quenógena.
Ela representa o intervalo entre o fim de um ciclo e início do outro.
Cada fio tem o seu próprio ciclo. Dessa forma, é normal sempre existirem fios em todas as fases do ciclo capilar.
Aliás, a distribuição normal dos fios nas diversas fases do ciclo seguem a seguinte proporção:
- Anágena: 80 a 90%
- Catágena: 1 a 2%;
- Telógena: 10 a 15%.
Em cada uma dessas etapas, o folículo capilar apresenta um comportamento distinto.
Alterações na duração ou na atividade do folículo nessas fases determina, por exemplo, o aumento da queda de cabelo.
Fase anágena: crescimento
A fase anágena pode ser subdividida em duas outras etapas:
- proanágena: período de proliferação e diferenciação das células do folículo;
- metanogênica: inicia-se quando a haste capilar enfim aparece na superfície do couro cabeludo.
O fio cresce continuadamente por 2 a 8 anos.
Quanto maior o tempo de fase anágena, mais comprido consegue ser o cabelo.
É fácil de entender.
Um fio de fase anágena com 2 anos chega, no máximo, a 24 centímetros. Depois disso ele para de crescer e cai.
Já um fio com fase anágena de 8 anos continua crescendo, podendo atingir até quase 1 metro.
A sensação de cabelo cheio ocorre porque 80 a 90% dos fios encontram-se na fase de crescimento a todo momento.
Apesar disso, o tempo de fase de crescimento anágeno varia entre os fios.
Por isso, é normal ter fios mais longos e curtos ao mesmo tempo na cabeça.
O corte tenta justamente acertar esses diferentes comprimentos, dando a sensação de cabelo mais forte e cheio.
Outra curiosidade sobre a fase anágena é o fato de sua duração variar de acordo com sua localização no corpo.
Assim, embora o ciclo capilar e o de pelos corporais tenham as mesmas fases, a duração é diferente entre eles.
Na sobrancelha, por exemplo, a fase anágena é consideravelmente menor.
Fase catágena: involução
A fase catágena é um período de transição entre as fases anágena e telógena. Em geral, até 2% dos fios de cabelo encontram-se nessa fase.
A duração da fase catágena também é mais breve, entre 10 dias e 5 semanas.
Nessa fase, o folículo tem uma redução importante e progressiva da sua atividade proliferativa.
Dessa forma, ele apresenta uma regressão significativa do seu tamanho, podendo chegar até a 1/6 do seu diâmetro original.
Além disso, ele tipicamente assume um formato de cabelo em clava, um sinal de início do período de queda.
Fase telógena: repouso e queda
A fase telógena tem duração variável nos pelos corporais, podendo durar de 3 a 12 meses no couro cabeludo. A média é de 3 a 4 meses.
Nesse período, há interrupção completa na atividade do folículo e, portanto, no crescimento do fio.
Aos poucos o fio vai se tornando mais frouxo no couro cabeludo até se desprender.
Ao cair, o fio dá lugar a um outro folículo em fase de crescimento, iniciando-se um novo ciclo.
Assim, a fase telógena representa o final de um processo natural e inevitável de troca de cabelo.
Geralmente o novo fio tem as mesmas características daquele que caiu.
A exceção a regra acontece em pessoas com alopecia androgenética.
Nesses casos, a cada ciclo o fio vai se tornando mais fino e curto até não vir mais, caracterizando a calvície.
Queda de cabelo
A todo momento, cerca de 10 a 15% dos cabelos estão na fase de repouso.
Como existem 100 a 150 mil fios no couro cabeludo, é esperado se ter entre 10 a 15 mil deles na fase telógena.
Considerando-se a média de 90 a 120 dias de duração dessa fase, chega-se ao valor de 100 fios caindo ao dia.
Dessa forma, é normal ter queda diária de 100 a 150 fios.
Uma vez em fase telógena, os fios se desprendem a qualquer momento. Basta ter atrito com o cabelo.
Por isso, é comum notar queda ao lavar, pentear ou ao passar creme nos fios. Mas trata-se de uma queda fisiológica e portanto, inevitável.
Entretanto, quando há um aumento significativo da quantidade de fios na fase telógena também ocorre aumento da queda.
Dessa forma, na maior parte das vezes, a queda excessiva resulta de alterações no ciclo capilar, caracterizando o eflúvio telógeno.
Nessa condição, parte dos fios em crescimento entram precocemente em repouso, aumentando os fios em fase telógena e a queda.
Portanto, quando há queda diária acima de 100 fios, é preciso se investigar fatores capazes de alterar o ciclo capilar.
Ciclo capilar e causas de queda de cabelo
Ao conhecer os conceitos sobre o ciclo capilar, fica mais fácil entender alguns aspectos da queda de cabelo.
Um deles é a relação temporal entre causas e efeito.
Em algumas pessoas, o fio de cabelo é extremamente sensível a agravos ao organismo ou ao couro cabeludo.
Ao sofrer as injúrias, o corpo sinaliza ao fio para iniciar o processo de queda.
Entretanto, como regra geral, o fio não cai imediatamente. Ele precisa antes involuir para depois se desprender. Ou seja, antes de cair ele precisa passar pelas fases anágena e telógena.
Além disso, o fio também não cai logo ao entrar na fase telógena. O processo pode demorar cerca de três meses para acontecer.
Por conta disso, muitas vezes é mais difícil fazer a correlação e identificar as causas da queda de cabelo.
Em geral, os fatores envolvidos na queda podem anteceder semanas ou até meses o evento. Esse tempo representa todo o processo que ocorre nas fases catágena e telógena.
Fase quenógena
Alguns especialistas consideram a fase quenógena como uma etapa da fase telógena; outros, como uma fase independente.
A fase quenógena consiste no período entre a queda de um fio até o início do aparecimento do outro fio. Ou seja, é o tempo entre um fio cair e outro o substituir.
Como manter os fios saudáveis no ciclo capilar?
A renovação do cabelo é dinâmica e contínua, com fios nas três fases do ciclo capilar o tempo todo.
Por isso, é essencial manter bons hábitos para garantir o crescimento saudável do cabelo.
Algumas recomendações e cuidados para manter a saúde capilar serão descritos a seguir.
Alimentação balanceada
O ciclo capilar é sensível a alterações no fornecimento de nutrientes.
Tanto a falta como o exceso de vitaminas e minerais colaboram para a queda dos cabelos.
Estudos científicos mostram, por exemplo, possíveis mecanismos da queda de cabelos por hipovitaminose D.
Portanto, é fundamental ter um equilíbrio na ingestão de alimentos.
Além disso, a ingesta também precisa se adequar as necessidades e momentos da vida da pessoa.
Quanto mais se exige do corpo, mais nutrientes são necessários para suprir o aumento da demanda.
Isso vale também para o cabelo.
O folículo capilar recebe os nutrientes pela corrente sanguínea. Ao contrário do que anunciam, xampus, ampolas e cremes com vitaminas não nutrem os cabelos, só hidratam.
Portanto, para manter um cabelo saudável com ciclo capilar normal, não descuide da alimentação!
Redução do estresse
Assim como o desequilíbrio alimentar, o estresse também pode alterar o ciclo capilar.
Os mecanismos para o aumento da queda de cabelo por estresse são diversos e ainda não totalmente esclarecidos.
Alguns deles envolvem, por exemplo, alterações da imunidade, dos hormônios e na formação de radicais livres.
Essas moléculas altamente reativas atacam células do folículo capilar induzindo sua disfunção e sinalização para queda.
Dessa forma, ter hábitos saudáveis para minimizar o estresse também contribuem para regular o ciclo capilar.
Rotina de higienização capilar
Ninguém tem dúvidas sobre a necessidade de se lavar e cuidar do cabelo para ele ficar bonito.
Entretanto, poucos se preocupam com os cuidados para se ter um couro cabeludo saudável.
Isso se deve, em grande parte, ao desconhecimento sobre as particularidades e benefícios de se cuidar do couro.
Ao contrário do fio, o couro interfere diretamente no ciclo capilar.
Quadros e doenças inflamatórias do couro, por exemplo, alteram o ciclo e induzem a queda.
Por isso, é de suma importância detectar problemas no couro e saber como cuidar dele com produtos específicos.
Medicações e ciclo capilar
Não existe um remédio capaz de, por si só, regular o ciclo capilar.
Entretanto, existem diversos medicamentos e substâncias capazes de desregular o ciclo e contribuir para a queda.
Assim, antes de tomar qualquer medicação ou vitamina para o cabelo, consulte um médico especialista.
Dr. Nilton de Ávila Reis
CRM: 115852/SP | RQE 32621