A influência do ciclo menstrual nos cabelos

Não é incomum encontrar mulheres que relacionam menstruação e queda de cabelo por identificarem alterações capilares nessa fase.

De fato, as variações hormonais do ciclo menstrual influenciam significativamente o corpo feminino, tanto em seus aspectos físicos quanto emocionais. A tensão pré-menstrual (TPM) é um sinal disso.

A menstruação é governada por mudanças orquestradas nos níveis dos hormônios femininos estrógeno e progesterona. Esses ciclos hormonais produzem respostas variáveis nos órgãos e tecidos humanos.

A pele, maior órgão do corpo humano, é repleta de receptores de estrogênio e em menor quantidade de progesterona.

Assim, variações hormonais cíclicas podem influenciar diversas características cutâneas e de seus anexos.

Como os hormônios afetam os cabelos?

A relação entre menstruação e queda de cabelo pode se mostrar mais significativa quando há alterações hormonais.

Hormônios femininos: progesterona e estrógeno

Há muitas evidências de que os hormônios sexuais femininos afetam diretamente a saúde capilar. A gravidez é uma delas.

Durante a gestação, por exemplo, observa-se um aumento do volume do cabelo.

Esse processo ocorre devido a dois fatores: diminuição da queda de cabelo e ganho de calibre do fio.

O aumento exponencial dos níveis de estrógeno e progesterona na gravidez mantém os folículos capilares por mais tempo do que o normal na fase de crescimento (fase anágena).

Isso faz com que menos fios entrem em fase de queda enquanto a mulher está grávida.

Após o parto, no entanto, a queda abrupta dos hormônios femininos leva à acentuada queda de cabelo. Isso ocorre porque os fios que estavam na fase anágena prolongada passam subitamente para fase de queda, aumentando a percepção de cabelo caindo.

Essa perda aumentada de fios após o parto preocupa muitas mulheres, mas é normal, representando apenas um mecanismo compensatório da gravidez.

Hormônios masculinos: andrógenos

A participação de hormônios masculinos no afinamento e queda de cabelo é amplamente estudada.

Sabe-se que andrógenos, como a testosterona e seu derivado diidrotestosterona (DHT), levam ao afinamento gradual dos fios acompanhado de queda de cabelo, condição conhecida como alopecia androgenética.

Se no couro cabeludo esses hormônios levam ao enfraquecimento progressivo do fio, em outra áreas do corpo o efeito é o contrário.

O hirsutismo facial, que consiste no crescimento anormal de pelos na face, também pode ocorrer por aumento de hormônios masculinos ou da sensibilidade do organismo a eles.

Essa situação fica bem evidente na síndrome dos ovários policísticos (SOP), uma alteração hormonal que afeta a menstruação e queda de cabelo.

O que ocorre é que as pacientes com SOP têm os níveis de androgênicos elevados.

O excesso de andrógeno promove o crescimento de pêlos mais escuros e aumenta a produção de sebo.

O aumento da produção sebácea é um outro fator que poderia ser ligação entre menstruação e queda de cabelo.

A oleosidade da pele e couro cabeludo aumentam significativamente durante a puberdade.

Portanto, é frequente as pessoas relatarem pele mais oleosa entre os 15 e 35 anos de idade, o que se reflete tanto no cabelo quanto na couro.

Como se sabe, a oleosidade é um dos fatores predisponentes para o desenvolvimento de dermatites no couro cabeludo, com consequente queda de cabelo.

Qual a relação entre menstruação e queda de cabelo?

Tanto a pele quanto o couro cabeludo mudam de acordo com as variações hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual.

Devido a isso, algumas mulheres relatam que os cabelos ficam piores durante a menstruação ou quando estão de TPM.

As mudanças no cabelo podem estar associadas a fatores diversos do ciclo menstrual, como a produção de óleo pelas glândulas sebáceas ou alterações no próprio folículo piloso.

O sebo produzido pela glândula sebácea sai da pele do couro cabeludo pelo mesmo orifício do folículo piloso.

Dessa forma, a oleosidade do fio se dá pelo sebo produzido pelas glândulas do couro cabeludo.

A distribuição de óleo pelo fio é responsável, dentre outros, pelo brilho e aspecto sedoso dos fios.

Assim, alterações na produção de sebo influenciada pelos hormônios, podem também interferir no visual dos fios.

Outro aspecto associado à oleosidade do couro cabeludo secundária às alterações hormonais da menstruação é a possibilidade de dermatite seborréica.

Alguns estudos foram feitos para avaliar essa a relação entre as alterações hormonais da menstruação e queda de cabelo.

Um deles, publicado na revista Dermatologica avaliou 41 mulheres durante 3 ciclos menstruais.

O estudo verificou que a produção de sebo em mulheres com pele oleosa aumentou no período pré-menstrual e menstrual. Houve uma redução da produção de sebo na segunda semana do ciclo.

Essa alteração da oleosidade durante o ciclo motivou outros estudos como o publicado no Journal of Cosmetic Dermatology.

Nesse estudo não se constatou correlação significativa entre menstruação e queda de cabelo ou cabelos ruins com a produção aumentada de sebo.

Notou-se, no entanto, que o aspecto de cabelo ruim foi mais comum em mulheres que lavavam os cabelos com menor frequência durante a menstruação.

Ainda que essa percepção das mulheres possa estar relacionada ao acúmulo de sebo no cabelo e cabelos oleosos, não foram observadas variações significativas dos níveis de sebo em relação à menstruação.

O estudo concluiu, portanto, que apesar da sensação de cabelo ruim ser mais comum durante a menstruação do que no meio do ciclo, a correlação era mais expressiva entre as mulheres que não lavavam o cabelo com frequência.

Portanto, lavar o cabelo menstruada não faz mal! Pelo contrário, manter uma rotina de higiene e cuidados capilares melhora não só o aspecto como a saúde dos cabelos.

Queda de cabelo variando no ciclo menstrual: o que fazer?

De fato, os hormônios são frequentemente responsáveis por alterações no organismo que podem afetar os cabelos.

No entanto, a relação entre menstruação e queda de cabelo em si ainda não foi totalmente esclarecida.

Portanto, ainda que o cabelo pareça ter piorado na menstruação, a queda não deve aumentar.

Se forem observados sintomas como queda de cabelo, afinamento ou mudança das características do fios, um médico especialista deve ser consultado.

A Clínica Doppio possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.  

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


Posts Relacionados

Cuidados com o cabelo para prevenir a tração e quebra dos fios
Os cuidados com o cabelo são indispensáveis para manter a aparência, mas também a saúde... (Leia mais)
Eletroestimulação capilar para tratamento da calvície
Existem diversas áreas de pesquisa envolvendo terapias emergentes para tratamento da alopecia. Uma delas é... (Leia mais)
Como tirar o verde do cabelo?
Uma dúvida comum de quem pratica natação ou usa piscinas rotineiramente é como tirar o... (Leia mais)

2 Responses

    1. Olá, Virgínia

      Então peço a gentileza que entre em contato com a clínica pelo telefone (11) 38539175 ou Whats App (11) 938011653 para que possamos agendar sua consulta.
      Obrigado

Deixe um comentário

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *