Co-wash: é bom ou faz mal para o cabelo?
O método co-wash vem ganhando adeptos nos últimos anos.
Mas assim como a maioria dos procedimentos capilares, ele também apresenta riscos e benefícios dependendo de como é realizado.

O que é co-wash?

O co-wash é uma técnica de higiene capilar em que o condicionador substitui o shampoo na limpeza dos fios.
O termo vem do inglês “conditioner washing”, ou seja, lavar com o condicionador.

Quando usar um condicionador de limpeza?

Não existe uma frequência pré-determinada para uso do condicionador de limpeza.
O intervalo entre as lavagens vai depender de variantes como:
  • tipo de cabelo;
  • aspecto ou oleosidade do fio;
  • presença de caspa, coceira, sensibilidade ou dor no couro cabeludo;
  • queda de cabelo;
  • rotina e hábitos de vida.
Todos esses fatores devem ser levados em conta na decisão sobre a frequência e na maneira de se fazer a higiene capilar.
Dependendo das necessidades, o co-wash pode ser executado de diferentes formas, que incluem:
  • substituição total do shampoo, com uso exclusivo de um condicionador de limpeza;
  • intercalar o uso do condicionador de limpeza com o shampoo;
  • lavar os cabelos com o condicionador de limpeza, deixando o shampoo para uso mensal ou quinzenal.

Co-wash: como fazer?

O objetivo principal do co-wash é associar a limpeza e a hidratação em um só procedimento.
Como a recomendação de uso de condicionadores, cremes e máscaras é deixar o produto agir por um tempo no fios, com o co-wash não é diferente.
Após aplicar o produto próximo à raiz dos cabelos, deve-se realizar movimentos firmes, porém suaves, por todo o couro e extensão dos fios.
O produto então deve permanecer no cabelo por alguns minutos conforme geralmente descrito nas instruções de uso contidas na embalagem.
Em seguida, deve-se enxaguar bem os fios e o couro para que seja feita uma boa retirada da sujeira e dos resíduos do condicionador.

Co-wash: quais produtos usar?

Os tipos de produtos usados no co-wash podem variar.
Em geral, os condicionadores co-wash possuem na sua fórmula, além dos agentes condicionantes, substâncias responsáveis pela limpeza.
Como a ideia é preservar os fios, os produtos co-wash costumam não ter em sua composição substâncias como os sulfatos e petrolatos.
Ao invés deles, há substituição por surfactantes leves como as betaínas (cocoamidopropil) e agentes condicionantes como os silicones solúveis em água ou os óleos naturais.
Esses compostos são os mesmos utilizados em técnicas como a low poo.

Quais são os benefícios do co-wash?

Hidratação

O principal objetivo do co-wash é fazer a remoção do excesso de óleo e sujeiras do cabelo sem ressecar os fios.
Trata-se de uma técnica de lavagem especialmente útil para pessoas com cabelos enrolados, cacheados ou afro.
A justificativa está relacionada às características desse tipo de cabelo.
O fio crespo tem uma conformação que faz com que o óleo produzido no couro cabeludo tenha dificuldade de ser distribuído ao longo da haste capilar.
Dessa forma, o cabelo afro tende a ser mais seco nas pontas, mesmo que a raiz seja oleosa.
O uso de xampus comuns pode agravar ainda mais o ressecamento das pontas ao provocar uma remoção excessiva da oleosidade dos fios.
Dependendo da intensidade dessa limpeza, pode haver inclusive comprometimento da camada de sebum que protege e dá brilho aos cabelos.
Com isso, eles passam a ficar quebradiços, embaraçados, difíceis de pentear e de definir.
Para tentar solucionar esse problema, foram propostas técnicas como o low poo, no poo e o co-wash.
Os métodos low poo e no poo focam na limpeza do cabelo de forma mais suave e menos prejudicial aos fios.
Já o co-wash tem como benefício a proposta de associar em um ato a limpeza suave com a hidratação do fio, deixando os cabelos mais macios e sedosos.

Parabenos, sulfatos e petrolatos

Outro benefício do co-wash, assim como do low poo e no poo, é a menor exposição dos cabelos e do organismo a substâncias como os parabenos, petrolatos e sulfatos.
Os parabenos são compostos com ação antimicrobiana usados para preservar alimentos, remédios e cosméticos.
Essas substâncias se acumulam no organismo, onde podem exercer uma leve atividade estrogênica, ou seja, semelhante a de um hormônio feminino.
Além disso, os parabenos foram encontrados em tecidos tumorais da mama, o que acabou gerando receio quando a seus possíveis riscos.
Apesar dos pareceres favoráveis das agências reguladoras de saúde, esses fatos têm feito com que os parabenos sejam cada vez mais evitados pelos consumidores.
Já os sulfatos são sabões muito potentes e baratos, sendo, por isso, largamente utilizados em shampoos e produtos de limpeza.
O problema desses surfactantes é justamente serem fortes demais para cabelos com tendência ao ressecamento, contribuindo para sua quebra.
Por sua vez, os petrolatos são substâncias derivadas do petróleo, como por exemplo, os silicone insolúveis e a parafina, que são usados em condicionadores e cremes hidratantes como agentes condicionantes.
O maior problema dos petrolatos é que eles tendem a aderir e a se acumular no fio, necessitando dos sulfatos para serem retirados.
Com isso, apesar de teoricamente serem desenvolvidos para reter água nos fios, eles acabam também colaborando para o ressecamento do cabelo.
A maior parte dos produtos co-wash não contêm esses compostos tidos como prejudiciais à saúde dos cabelos e do organismo.
Essas mesmas substâncias já vinham sendo evitadas por técnicas como a low poo e no poo, podendo o co-wash ser considerado uma variante delas.
Em comum, todas elas pregam a redução da exposição dos fios aos compostos químicos existentes na grande maioria dos produtos capilares.

Quais os riscos e erros comuns no co-wash?

Mesmo podendo ser benéfica aos cabelos em alguns casos, a limpeza dos fios com condicionador não é isenta de erros e riscos.
Diversos efeitos indesejados podem ocorrer quando a indicação ou a execução da técnica não são apropriadas às necessidades do cabelo.

1. Composição dos produtos

Shampoo hidratante e shampoo 2 em 1 não são produtos co-wash, assim como não é todo condicionador que pode ser usado nessa técnica, existindo produtos específicos para isso.
Mesmo produtos dessa categoria podem ter em composição substâncias que deveriam ser evitadas.
Uma das propostas do co-wash é reduzir a exposição dos cabelos aos parabenos, sulfatos e petrolatos presentes em xampus comuns.
No entanto, alguns condicionadores para limpeza têm silicones insolúveis em sua formulação.
Sem o uso do xampu, essas substâncias se acumulam no fio e couro cabeludo, necessitando de xampus com sulfato para serem retiradas.
Dessa forma, ao se adotar o co-wash é importante atentar-se à composição dos produtos e incluir na rotina capilar apenas produtos com silicones solúveis em água.

2. Oleosidade na raiz

Muitas vezes o cabelo encaracolado seco pode ter uma raiz oleosa e essa característica torna-se ainda mais evidente com a adoção do co-wash.
Por tal razão, é fundamental ter atenção às características do cabelo quando se muda o método de limpeza.
Caso a raiz pareça estar ficando mais oleosa, pode ser necessário alternar a lavagem entre o condicionador de limpeza e um xampu sem sulfato.

3. Acúmulo de produto e sujeiras

Um dos problemas mais comuns do co-wash é limpeza inadequada do cabelo e do couro cabeludo.
Por ser uma técnica de limpeza mais suave, é esperado que além do cabelo ficar mais oleoso, também se acumule sujeira e até mesmo resíduos do próprio produto nos fios e couro cabeludo.
Isso pode ser uma preocupação para os adeptos que já possuem cabelos oleosos e principalmente seborréia.
Para minimizar esse efeito, é importante que o co-wash seja intercalado regularmente com um xampu de maior poder de limpeza.
O uso periódico do xampu pode evitar o aspecto oleoso dos fios, irritações no couro cabeludo e dermatites.
Além disso, recomenda-se evitar o uso de finalizadores como ativadores de cacho ou leave-in pesados ou que contenham petrolato.
Isso porque nesses casos o co-wash provavelmente não seria suficiente para fazer a limpeza adequada do cabelo.

4. Coceira no couro cabeludo

Pessoas que possuem couro cabeludo com predisposição à dermatite podem ser particularmente prejudicadas pelo co-wash.
O motivo é que o tratamento da dermatite seborreica depende de produtos com ativos específicos, não presentes em condicionadores co-wash.
O foco é diferente.
Na técnica co-wash, o objetivo principal é hidratar e preservar o aspecto do fio.
Assim, problemas do couro cabeludo acabam sendo negligenciados e podem ser agravados.
A tendência é que sintomas como sensibilidade, dor e coceira se acentuem, mesmo após as lavagens.

5. Queda de cabelo

Além do incômodo causado pelo couro cabeludo sensível e irritado, a dermatite seborreica também está associada ao agravamento e perpetuação da queda de cabelos.
A inflamação do couro provocada pela seborreia e proliferação de fungos pode interferir no ciclo de renovação capilar, provocando a queda.
Essa condição, conhecida como eflúvio telógeno, costuma fazer com que se tenha cabelo caindo por meses.
Na verdade, enquanto o couro não for tratado adequadamente, a tendência é que a queda seja mantida.

Co-wash e queda de cabelo: o que fazer?

Existem vários problemas que podem ocorrer quando a técnica co-wash é incorporada ao cronograma capilar sem as devidas orientações.
Por isso, é importante se obter informações e fazer a avaliação exata das necessidades e características do cabelo antes de se adotar o método.
Entender o que é co-wash e a quem se aplica são os primeiros passos para que se possa desfrutar da técnica e de seus benefícios.
Assim, a recomendação é que uma alteração tão significativa na sua rotina capilar seja orientada e acompanhada por um cabeleireiro com experiência no método.
Isso pode auxiliar a fazer com esse processo seja mais satisfatório e saudável aos cabelos.
Por outro lado, para pessoas com sintomas no couro cabeludo ou queda de cabelo, o co-wash pode não ser uma opção adequada.
Nesses casos, é preferível que se tenha uma rotina de limpeza mais profunda e com produtos voltados ao tratamento capilar, com orientação médica.
Para saber como lidar com o assunto, faça-nos uma visita.
A Clínica Doppio possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.
Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.
 

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621


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8 Responses

  1. Muito obrigada por essa matéria tão informativa! Esclareceu TODAS as minhas dúvidas e me auxiliou demais na minha decisão!! Agradecida demais!

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