Eclipse capilar: o elo entre a queda e o crescimento do cabelo
O eclipse capilar pode ser a resposta de porque demora tanto para o cabelo crescer após ele cair.
Além disso, ele também seria uma boa explicação de como voltar a ter cabelo em áreas aparentemente sem fios.
Essas e outras situações têm ligação direta com o ciclo capilar e o ritmo de troca dos fios.
Para entender melhor qual a relação entre eclipse capilar, queda e crescimento do cabelo, é preciso primeiro revisar alguns conceitos.
Ciclo capilar
O fio de cabelo passa por diferentes processos desde seu aparecimento no couro até sua queda.
Esse intervalo periódico entre o surgimento do fio, sua queda e substituição por outro é denominado ciclo capilar.
Classicamente, o ciclo de renovação do cabelo divide-se em 3 fases sucessivas:
- anágena: fase de nascimento e crescimento pleno do fio;
- catágena: período de rápida involução do folículo e preparação para a queda. Aqui, a raiz do cabelo reduz de tamanho e muda seu formato, assumindo o aspecto de clava (em inglês club hair);
- telógena: nessa fase, o fio já não cresce mais e, com a raiz bem atrófica, perde sua sustentação e cai. A fraca ancoragem devido à redução da raiz explica porque o cabelo sai na mão, escova ou ao lavar a cabeça.
Após o desprendimento do fio com a raiz, surge outro fio para substituí-lo, iniciando, assim, um novo ciclo capilar.
Esse período de latência entre a troca de um fio velho por outro novo é chamado de fase quenógena.
Assim, a fase quenógena é o intervalo entre a fase telógena de um fio e a anágena do outro.
Papila dérmica e ciclo capilar
A papila dérmica é a estrutura de maior influência na determinação do ciclo capilar.
Ela se localiza na base do folículo, ou seja, na extremidade inferior da raiz do cabelo.
Em uma orquestra, ela seria a maestrina.
As dimensões da papila dérmica capilar variam durante o ciclo, ditando não só tamanho do folículo, mas também sua evolução.
Dessa maneira, as variações de tamanho da papila refletem em mudanças do folículo nas diferentes etapas do ciclo.
Sendo assim, a papila é maior na fase anágena, tornando-se menor e mais compacta no fio telógeno.
Eflúvio capilar
A ciência por trás da sincronização do ritmo do ciclo capilar é fascinante e complexa.
Tanto a duração de cada fase como o comportamento do fio de cabelo nessas etapas dependem da interação de diferentes sinais biológicos e estímulos exógenos.
Qualquer agravo ao organismo ou ao couro cabeludo podem desregular o ciclo e promover a queda precoce do fio.
Aliás, essa é a razão pela qual o cabelo cai no eflúvio capilar, seja ele telógeno ou anágeno.
No eflúvio telógeno, condições adversas fazem o folículo passar rapidamente da fase anágena para a telógena, adiantando sua queda.
Já no eflúvio anágeno, o fio cai durante seu máximo crescimento, sem nem passar por outras fases do ciclo.
O desprendimento do fio em qualquer uma das etapas do ciclo é conhecido como teloptose ou fase exógena.
O que é eclipse capilar?
Cada buraquinho pelo qual os fios saem no couro cabeludo é chamado de óstio folicular.
Em pacientes com baixa densidade capilar, a maioria dos óstios contém 1 fio ou nenhum.
Já em pessoas com bastante cabelo, é comum ver 3 a 5 fios saindo do mesmo orifício no couro.
A presença de buracos vazios, ou seja, sem fios aparentes pode ser por atraso do novo fio ou precocidade da teloptose.
Em geral, o folículo segura o fio distrófico até um novo cabelo estar pronto para substituí-lo.
Entretanto, em algumas situações fisiológicas ou patológicas, o fio pode cair sem sincronia com o seu substituto.
O atraso entre a desprendimento do fio e sua reposição por outro é chamado de eclipse capilar.
Portanto, eclipse capilar é o retardo de tempo entre a queda de um fio e o crescimento de um novo fio.
Quando presente, esse adiamento fisiológico pode ter duração variável, geralmente de 4 a 7 meses.
Este período de latência provavelmente depende de uma série de sincronizadores e não representa uma fase peculiar do ciclo capilar.
Aliás, essa é a principal diferença entre eclipse capilar e fase quenógena.
A fase quenógena sempre ocorre entre a fase telógena de um ciclo e anágena de outro.
Por outro lado, o eclipse capilar pode ocorrer em qualquer fase do ciclo, inclusive na fase quenógena.
Para haver o fenômeno, basta um fio cair e demorar para aparecer outro para substituí-lo, independente da fase do ciclo.
Em quais situações ocorre o eclipse capilar?
A falta de sincronização entre queda de um fio e o aparecimento de outro pode ocorrer nas seguintes condições:
- eflúvio telógeno;
- alopecia areata;
- eflúvio anágeno pós-quimiterapia;
- alopecia androgenética;
- eflúvio neonatal;
- queda de cabelo sazonal;
- alopecia senil,
- retorno de pelos após depilação a laser;
- shock loss ou queda de cabelo após transplante capilar.
Quais são as causas do eclipse capilar?
Ainda não se sabe ao certo porque e como ocorre o eclipse capilar. Mas existem algumas hipóteses a respeito.
A unidade folicular, em especial sua papila, é extremamente sensível a agravos.
Qualquer injúria nessa ou em outras partes do folículo podem desregular o sincronismo do ciclo capilar.
Esse, inclusive, seria um dos possíveis mecanismos responsáveis pelo eclipse capilar.
No caso, ele seria resultado de desregulações do ciclo, como, por exemplo:
- teloptose ou queda precoce;
- iniciação tardia da fase anágena; crescimento capilar lento do novo fio.
O eclipse capilar pode ocorrer por uma falta de sincronismo após a teloptose. Esse seria o caso, por exemplo, do eflúvio neonatal, alopecia sazonal, eflúvio pós-parto e alopecia areata.
Ele também pode ser consequência da inflamação perifolicular da dermatite seborreica, alopecia androgenética e na fotodano pelo Sol.
Outra possível causa do eclipse capilar seria a falta de moléculas sincronizadores do ritmo como fatores de crescimento ou outros mediadores.
Além disso, claro, ele poderia ocorrer por agravos à estrutura folicular.
Um artigo sobre o assunto sugere que alterações no ambiente do folículo podem afetar significativamente o fenômeno de eclipse capilar.
Dentre esses agravantes estariam mudanças hormonais, estresse oxidativo, fatores ambientais e o próprio relógio biológico.
Estes agentes podem influenciar a duração e a intensidade da fase de latência entre a queda e o crescimento capilar.
O resultado, então, seria variações na densidade e na saúde do cabelo.
Dependendo do dano, inclusive, além da queda precoce e maior período de latência, pode haver perda definitiva do cabelo. Isso é o que ocorre na alopecia cicatricial.
Qual é a importância do eclipse capilar?
O fenômeno de eclipse capilar pode explicar porque em algumas situações ou patologias demora tanto para voltar a ter cabelo.
Ele também justificaria a variação de tempo para recuperar os fios após uma queda intensa, como na quimioterapia, por exemplo.
Além disso, o eclipse capilar pode dar esperanças a pessoas que sofram com áreas calvas pela alopecia.
Isso porque ao observar um óstio folicular vazio nessa condição, a interpretação é de que ali não nasce mais cabelo.
Entretanto, isso pode não ser verdade caso naquele local esteja ocorrendo o eclipse capilar.
Desse modo, ao melhorar as condições responsáveis pelo fenômeno, seria possível recuperar o fio aparentemente perdido.
Nesse caso, portanto, o paciente voltaria a ter cabelo mesmo onde o couro está liso, sem fios.
Aplicando o conhecimento
O fenômeno do eclipse capilar pode ser observado em condições fisiológicas e patológicas.
Ele é particularmente evidente em vários tipos de alopecia ou quando há queda com recuperação lenta dos cabelos.
Compreender suas causas e mecanismos facilitaria o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para distúrbios capilares.
Assim, seria possível tanto retardar a queda precoce do fio quanto, com através do estímulo correto, acelerar sua troca.
À medida que os cientistas se aprofundam nesse campo, suas descobertas permitem abrir caminhos para novas abordagens terapêuticas.
Além disso, elas facilitam a compreensão do funcionamento do cabelo, respondendo algumas questões até então incertas.
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