Eflúvio anágeno: causas e tratamentos

O eflúvio anágeno costuma causar impacto nos pacientes pela  percepção de grande quantidade de cabelo caindo da raiz.

O que é eflúvio anágeno?

O eflúvio anágeno é uma queda de cabelo  repentina provocada por agressões ao folículo capilar por agentes internos ou externos.

A queda ocorre de forma difusa, intensa e num período curto de tempo, podendo levar à grande redução do volume do cabelo.

No eflúvio anágeno, os fios caem quando ainda estão em fase de crescimento, ou seja, em fase anágena.

Qual a diferença entre eflúvio anágeno e telógeno?

Cada fio de cabelo tem seu próprio ciclo de renovação, sendo esse dividido em 3 fases:

  • Fase anágena: período de maior crescimento do fio. Nessa fase, os fios crescem de forma contínua;
  • Fase catágena: fase em que o bulbo capilar sofre involução e se prepara para cair;
  • Fase telógena: é quando o raiz já está fraca e não sustenta mais o fio de cabelo. Nessa fase, o fio cai facilmente ao pentear, lavar, secar ou passar a mão nos cabelos. Após cair normalmente, por um processo chamado teloptose, o fio de cabelo dá lugar a um novo fio que entra em fase anágena, recomeçando o ciclo.

O eflúvio capilar, seja ele anágeno ou telógeno, ocorre quando há uma grande quantidade de queda de cabelo da raiz.

Se a queda ocorre com os fios ainda em fase de crescimento, tem-se o eflúvio anágeno.

Como normalmente os fios caem na fase telógena, para ser considerado eflúvio telógeno é preciso que se tenha um aumento significativo da proporção da queda de fios na fase telógena.

O normal é ter até 20% dos fios nessa fase. Isso garante a taxa padrão de renovação do cabelo, que é de aproximadamente 100 fios ao dia.

Entretanto, quando mais do que 20% dos fios estão em fase telógena, a queda se acentua, caracterizando o eflúvio telógeno.

Como diferenciar?

Através de exames específicos, um médico especialista em cabelos pode determinar se o fio que caiu está em fase anágena ou telógena.

Basicamente a diferença está no formato do bulbo capilar ou raiz do cabelo.

Fios que caem em fase anágena ou estão fraturados com pontas afiladas ou possuem um bulbo grande, longo, uniforme e pigmentado.

Em contraste, os fios do eflúvio telógeno têm raízes pequenas, irregulares, arredondadas ou estreitas e com perda de pigmento, ou seja, raiz branca. Outro formato possível da raiz do pelo telógeno é o de vírgula ou clava.

Eflúvio anágeno: causas

O eflúvio anágeno é mais comum em pacientes em quimioterapia, independente do sexo ou idade.

Pessoas com doenças autoimunes como alopecia areata e pênfigo vulgar também podem ser afetadas.

Qualquer agravo que interfira no processo de multiplicação das células do folículo capilar pode causar eflúvio anágeno.

As principais causas de eflúvio anágeno são:

  1. infecções: sífilis, furúnculo, abscessos, micose do couro cabeludo, kerion;
  2. remédios: quimioterápicos usados para tratar câncer como: doxorrubicina, adriamicina, nitrosuréias, ciclofosfamida, bleomicina, fluoracil, etoposide, daunorrubicina e dactinocina. Outros medicamentos associados ao eflúvio anágeno incluem: albendazol, levodopa, colchicina, ciclosporina e metrotexate;
  3. tóxicos: intoxicações por tálio, arsênio, cádmio, cobre, boro, mercúrio, ouro ou bismuto;
  4. desnutrição grave, principalmente proteica: kwashiorkor.
  5. radiação ou radioterapia;
  6. genética: síndrome dos cabelos anágenos frouxos;
  7. doenças autoimunes: alopecia areata e suas variantes alopecia incógnita, alopecia universal e alopecia total; lupus sistêmico, pênfigo vulgar.

Quais os sintomas do eflúvio anágeno?

O eflúvio anágeno se apresenta como uma queda abrupta e acentuada dos cabelos do couro cabeludo.

Além do couro, sobrancelhas, cílios, barba ou qualquer outra área com pelos do corpo também podem ser acometidos.

O cabelo cai muito e rápido, podendo haver queda de mais 90% dos fios em poucas semanas.

Os cabelos caem por inteiro. A cada vez que se passa a mão na cabeça, percebe-se muito cabelo caindo da raiz.

Quase sempre a alopecia secundária ao eflúvio anágeno é não cicatricial, ou seja, ela não deixa cicatrizes ou fibroses.

Nesses casos, mesmo quando o cabelo cai da raiz ele nasce de novo.

A exceção é o eflúvio provocado pela radioterapia, em que pode ocorrer queda seguida de alopecia cicatricial definitiva.

Exames para o diagnóstico

O diagnóstico de eflúvio anágeno é feito através da avaliação realizada pelo médico especialista em cabelos.

Para chegar ao diagnóstico, o médico precisa fazer uma anamnese bem detalhada seguida de exames físicos, instrumentais e laboratoriais.

O exame físico inclui o teste de tração, em que o médico gentilmente puxa mechas de cabelos para verificar se há fios de cabelo caindo da raiz e com que facilidade eles caem.

Além do exame físico, é preciso fazer exames instrumentais com aparelhos específicos, como a tricoscopia digital.

Através de lentes microscópicas, o médico avalia a estrutura do fio que caiu, incluindo o bulbo capilar, de grande valor diagnóstico.

Em casos excepcionais, o tricograma e a biópsia do couro cabeludo podem ser necessários.

Além de permitir a verificação de que os fios que estão caindo em fase anágena, o tricograma do eflúvio anágeno deve mostrar menos de 25% dos fios em fase telógena, ou seja, uma proporção normal de fios nas diferentes fases do ciclo capilar.

Os exames de sangue são complementares, ou seja, eles não são necessários para se fazer o diagnóstico de eflúvio anágeno, mas podem ajudar a esclarecer possíveis fatores associados.

Tratamentos para eflúvio anágeno

Por ser capaz de aumentar o tempo de fase anágena, o minoxidil pode ser usado como auxiliar no tratamento do eflúvio anágeno.

Entretanto, o tratamento definitivo do eflúvio depende basicamente do controle da causa da queda de cabelo.

Assim temos:

  • Infecções: antibiótico ou antifúngicos;
  • Quimioterapia: a touca gelada ou scalp cooling pode ajudar a prevenir a queda pelo eflúvio anágeno da quimioterapia;
  • Radiação: capacetes e escudos podem ser usados para limitar a área de aplicação da radioterapia, diminuindo a queda;
  • Doenças autoimunes: os corticóides costumam ser um dos grupo de remédios mais usados para controle da doença de base. No caso de doenças autoimunes, o controle da doença leva à recuperação dos cabelos.

Quanto tempo demora para o cabelo crescer novamente?

Na grande maioria das vezes, o eflúvio anágeno é reversível.

Em geral, o folículo capilar retoma sua atividade normal assim que seu agente agressor é removido.

Dessa forma, mesmo quando o cabelo cai da raiz ele nasce de novo.

A recuperação completa dos cabelos geralmente ocorre após 3 a 6 meses da interrupção da causa do eflúvio anágeno.

Entretanto, em alguns casos como, por exemplo, o da alopecia areata, o eflúvio pode persistir, sendo sua recuperação imprevisível.

Já no caso da queda cabelos do eflúvio anágeno causado pela radioterapia pode haver recuperação completa ou parcial do crescimento capilar ou ainda alopecia definitiva da área.

Eflúvio anágeno: o que fazer?

O eflúvio anágeno não é uma doença, mas uma resposta do organismo a agravos que afetem a saúde e desenvolvimento dos cabelos.

Por ser uma condição em que a queda de cabelo é muito rápida e intensa, o tempo é fundamental.

Quanto antes se identificar suas possíveis causas e se iniciar o tratamento, mais rápido se obtém o controle da queda.

Assim, ao perceber o cabelo caindo muito da raiz, procure logo um médico especialista.

A Clínica Doppio possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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