Pirilutamida: novo remédio para calvície

O uso da pirilutamida para calvície parece promissor.

O remédio apresenta resultados positivos em testes para controle da perda de cabelo.

Por isso, é interessante ter mais informações e ficar atento a esse novo medicamento para alopecia.

Entendendo a calvície

A principal causa de calvície masculina e feminina é a alopecia androgenética.

A probabilidade de pessoas carecas terem alopecia androgênica é tão alta que os termos quase se confundem.

No Brasil, por exemplo, a calvície afeta mais de 40 milhões de pessoas, entre homens e mulheres.

Com o avançar da idade, as chances de ficar calvo também aumentam significativamente. 

Estima-se que 85% dos homens acima de 80 anos e 40% das mulheres pós- menopausa tenham algum grau de calvície.

Embora ambos os grupos apresentem piora com o tempo, eles possuem algumas diferenças entre si.

Nos homens, a alopecia androgenética manifesta-se geralmente na região frontal, formando “entradas” com progressivo recuo da linha capilar.

Outro ponto frequente de rarefação capilar no homem é o vértex ou coroa, nome mais popular.

Além dessas, qualquer outra área no topo da cabeça também pode ficar com fios mais finos na calvície masculina.

Entretanto, caracteristicamente os cabelos das laterais e da nuca são preservados.

Já nas mulheres, a alopecia é mais lenta e difusa, ou seja, acometendo todas as áreas do couro cabeludo.

Miniaturização

Tanto em homens quanto em mulheres, a rarefação capilar ocorre devido à miniaturização dos fios.

Nesse processo, há um progressivo afinamento e encurtamento da haste capilar até sua extinção.

Os ciclos capilares ficam mais curtos, com períodos menores de crescimento do fio e perda progressiva do diâmetro.

A miniaturização ocorre devido à ação dos hormônios masculinos testosterona e di-hidrotestosterona (DHT).

Em pessoas predispostas geneticamente,  esses hormônios vão tornando os fios mais fracos até atrofiarem totalmente, resultando na ausência de cabelo.

O DHT é o principal indutor da regressão do bulbo capilar em homens.

Esse hormônio androgênio, ou seja, masculino, resulta do metabolismo da testosterona pela ação da enzima 5-alfa redutase.

Mulheres com tendência à calvície também são sensíveis a esses hormônios.

Entretanto, no público feminino, a miniaturização do fio não se concentra em uma única região.

Em geral, é mais comum se observar uma perda difusa de volume do cabelo, com pontas finas. 

O que é pirilutamida? 

A Kintor Pharma é o laboratório farmacêutico responsável pelo desenvolvimento e testes da pirilutamida.

O remédio é mais uma opção de antagonista do receptor de andrógeno, ou seja, um antiandrógeno.

Os medicamentos antiandrógenos agem para regular os níveis ou a ação dos hormônios masculinos testosterona e di-idrotestosterona no corpo.

Esse é o caso, por exemplo, de alguns anticoncepcionais, espironolactona, clascoterona e bicalutamida.

No caso do KX-826, ou pirilutamida, o efeito androgênico ocorre pelo bloqueio do receptor de andrógeno (AR).

Ao bloquear esses receptores presentes nos folículos capilares, a medicação impede a ligação dos hormônios a eles.

Dessa forma, a pirilutamida é um medicamento antiandrógeno tópico cuja ação é bloquear o receptor de hormônios masculinos.

Mecanismo de ação: Pirilutamida x finasterida

Quando se pensa em calvície, logo vem a mente o tratamento com finasterida.

Isso porque essa é a primeira medicação com aprovação e regulamentação do FDA e Anvisa para tratar a calvície masculina.

Em 2022, a Anvisa, mas não o FDA, também aprovou a dutasterida para esse fim.

Dessa forma, a finasterida se tornou uma referência no tratamento da alopecia androgenética masculina.

Entretanto, apesar de também desacelerar o processo de miniaturização, a ação da finasterida é diferente da pirilutamida.

Tanto a finasterida como a dutasterida são bloqueadores da enzima 5-alfaredutase.

Assim, elas atuam reduzindo a conversão da testosterona em di-idrotestosterona, principal indutor da calvície masculina.

Portanto, a finasterida diminui a progressão da calvície por reduzir os níveis do hormônio DHT.

Já a pirilutamida não tem ação na relação testosterona DHT, ou seja, ela não interfere nos níveis hormonais.

Ela age bloqueando a ligação desses hormônios aos receptores AR, presentes em tecidos como o folículo capilar.

Ao ocupar o local onde os hormônios masculinos ligariam, ela impede a ação deles e, portanto, a progressão da calvície.

Para que serve a pirilutamida?

Graças a sua ação antiandrógena, a pirilutamida pode ter indicação para tratar a alopecia androgenética, mas também a acne.

Aliás, esses são os alvos dos testes de triagem da droga nas agências de saúde da China e Estados Unidos.

Talvez posteriormente ela também possa receber a indicação de tratamento do hirsutismo, ou seja, do aumento de pelos corporais.

Isso porque essa condição também se relaciona à ação dos hormônios masculinos.

O grande diferencial da pirilutamida para os outros antiandrógenos é o fato dela ser tópica, minimizando seus efeitos sistêmicos.

Dessa forma, além de tratar a alopecia em mulheres, ela também poderia ser usada em homens.

Como ela promove o bloqueio dos receptores andrógenos somente no couro cabeludo, seu uso por homens não geraria feminilização.

Portanto, a pirilutamida tópica também teria indicação para tratar a alopecia androgenética masculina ao contrário da espironolactona oral.

A pirilutamida funciona para calvície?

A primeira fase de testes de triagem da pirilutamida ocorreu entre 2018 e 2021.

As pesquisas nessa etapa visavam avaliar a segurança e o possível potencial da medicação para tratar a calvície.

Para isso, selecionou-se 40 voluntários saudáveis com alopecia androgenética.

Os participantes foram divididos em 5 grupos: um controle e outros quatro grupos com diferentes dosagens da pirilutamida. As doses utilizadas no estudo foram de 5mg, 10mg, 15mg e 20mg.

Com os resultados favoráveis da primeira fase, o medicamento entrou então para a fase 2 de testes em 2022 e 2023. 

A terceira fase de pesquisas é fundamental para certificar eficácia e riscos do medicamento.

Posteriormente à fase 3 dos estudos clínicos segue-se a validação das instituições sanitárias, como o FDA nos Estados Unidos.

Cabe à instituição verificar os níveis de segurança e comprovar a ação do medicamento antes de liberar sua comercialização.

Riscos e efeitos colaterais da pirilutamida

Por ser um medicamento tópico, de baixa absorção sistêmica, não se espera ter muito efeitos colaterais com esse remédio.

De fato, a pirilutamida tópica não apresentou nenhuma complicação sistêmica ou efeito grave durante os testes.

O único efeito adverso do medicamento foi uma dermatite de contato leve no local de aplicação.

Perspectivas para tratamento da alopecia com pirilutamida

Pacientes e médicos aguardam ansiosamente os resultados de testes com novas medicações para calvície como a pirilutamida.

Entretanto, enquanto isso, é importante ressaltar que já existem outras opções terapêuticas bem interessantes.

Por isso, ao identificar sinais da alopecia androgenética, busque auxílio médico.

Quanto antes se fizer o diagnóstico e se iniciar o tratamento, maiores são as chances de recuperar os cabelos.

A Clínica Doppio  possuir uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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2 Responses

  1. Bom dia! Tenho alopecia areata difusa e bastante acentuada! Há algum medicamento em teste também para esse tipo de alteração?

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