Queda de cabelo ocupacional: quando suspeitar?

Algumas profissões e condições de trabalho podem provocar queda de cabelo, constituindo a chamada queda de cabelo ocupacional.

Quais as principais causas de queda de cabelo ocupacional?

Para se definir a queda de cabelo como sendo ocupacional é fundamental que ela esteja associada ao ambiente de trabalho.

Mas isso não quer dizer que todas as causas de queda capilar associadas ao trabalho sejam consideradas como queda de cabelo ocupacional.

Esse é o caso, por exemplo, do estresse, calor, umidade, poluição, dentre outros.

Apesar desses fatores estarem associados à queda de cabelo e fazerem parte da rotina de diversas profissões, eles não são categorizados como ocupacionais

Na verdade, são poucas as condições consideradas como queda de cabelo ocupacional.

A principal categoria que preenche critérios para receber essa denominação são as intoxicações.

Além dela, em raras situações, a alopecia de tração provocada por acessórios apertados, como toucas e capacetes, também pode ser considerada.

Em ambos os casos, os danos costumam ser cumulativos, causando prejuízos no longo prazo.

Quais agentes tóxicos causam queda de cabelo ocupacional?

Para que ocorra queda de cabelo por intoxicação é preciso haver alta concentração de algumas substâncias específicas no corpo.

Dessa forma, exposições leves ou moderadas a produtos químicos em geral não são consideradas como queda de cabelo ocupacional.

Os agentes tóxicos mais associados à queda de cabelo ocupacional são os metais pesados, como por exemplo, o cádmio, chumbo e mercúrio.

A intoxicação por esses agentes até pode ser causada por uma exposição aguda acidental, mas geralmente elas se devem a longos períodos de exposição ao agente.

Alguns estudos científicos têm sugerido a ligação desses elementos com a queda de cabelo.

Estudos científicos

Um exemplo é um estudo publicado em 2015 por um grupo de pesquisadores do Egito.

Nesse estudo, comparou-se o nível de alguns metais pesados em 70 mulheres divididas em dois grupos:

  • 40 com eflúvio telógeno, ou seja, queda de cabelo;
  • 30 saudáveis, sem queixa de queda.

Os resultados mostraram níveis bem mais elevados de cádmio no sangue das mulheres com queda de cabelo.

Outro estudo, desta vez de 2018, também verificou a influência de metais pesados no caso de eflúvio telógeno.

A análise dos resultados do estudo sugeriu que o acúmulo de metais como cádmio e chumbo poderia ter influenciado a queda de cabelo nas mulheres investigadas.

Por sua vez, a associação entre queda de cabelo e intoxicação por mercúrio foi descrita em uma revisão bibliográfica também em 2018.

Nessa revisão, foram descritos 2 casos de pessoas com queda de cabelo relacionada ao metal. O primeiro caso é de uma mulher que injetou mercúrio no corpo com intenção de ganhar benefícios trabalhistas. O segundo é de um homem chinês que fez uso de produto homeopático contendo mercúrio.

Profissões de risco para intoxicação por metais

A intoxicação por metais pesados tem se tornado cada vez menos frequente.

Com as atuais regulamentações das agências de saúde sobre produtos e fiscalização de ambientes de trabalho, tem se tornado cada vez mais difícil haver intoxicação por essas substâncias.

Chumbo

Isso é o que vem acontecendo, por exemplo, com a intoxicação por chumbo.

O chumbo é um metal pesado que antigamente era muito encontrado na composição de tintas e tinturas.

Assim, profissionais que lidavam muito com tinturas ou tintas, como cabelereiros ou linotipistas de gráfica, ficavam mais expostos à intoxicação por esse metal.

Hoje em dia, com a redução do uso de chumbo nas tintas, reduziu-se a exposição e intoxicação ao chumbo nesse ramo.  

Algumas outras profissões, no entanto, ainda estão mais sujeitas à exposição ao chumbo. É o caso, por exemplo, de soldadores, mineradores ou profissionais que lidam com montagem ou manutenção de baterias.

Cádmio

A solda, bem como a bateria, também são fatores de risco para contaminação por cádmio. Esse raro metal ainda pode ser encontrado em outras áreas, como galvanoplastia, pigmentos de tinta e em algumas ligas metálicas.

Mercúrio

Por sua vez, a lista de profissões de maior exposição ao mercúrio é um pouco mais extensa. Ela engloba ramos diversos como solda, equipamentos eletrônicos, lâmpadas fluorescentes, termômetros, amálgama, papel, garimpo, tintas, dentre outros.

Nesse ponto, é importante destacar que o simples fato de trabalhar com esses materiais não quer dizer que a pessoa esteja desenvolvendo toxicidade por esses elementos.

A intoxicação por metais pesados geralmente ocorre quando não há adequada proteção do profissional em relação ao agente tóxico.

Por isso a importância do uso dos equipamentos de proteção individual e a fiscalização do ambiente de trabalho pelas autoridades competentes.

Queda de cabelo ocupacional: quando a tração pode causar queda?

Ainda que rara, é possível haver queda de cabelo por fatores mecânicos, como capacetes, toucas, faixas ou outros aparatos que fiquem em contato com o couro cabeludo.

Nesse caso, a queda ou mesmo alopecia estão associadas ao uso incorreto e prolongado desses acessórios.

Dois exemplos de profissionais com queda de cabelo ocupacional, citados em um artigo científico sobre alopecia de tração, ilustram bem essa situação.

Um dos exemplos citados é o de 3 bailarinas com calvície associada ao penteado. Nesses casos, o cabelo delas era mantido em um coque apertado durante 4 dias por semana por 13 anos.

Outro exemplo citado no artigo ocorreu com 7 enfermeiras  que apresentaram alopecia e queda de cabelo ocupacional provocada pelo atrito do couro cabeludo com os grampos que elas usavam para prender a toca aos cabelo. Essas enfermeiras utilizaram os grampos em média 8 horas por dia durante aproximadamente 10 anos.

Como proceder em casos de suspeita de queda de cabelo ocupacional?

Quando a queda de cabelo é superior a 100 fios ao dia, deve-se procurar ajuda médica.

Cabe ao médico especialista investigar as causas e determinar se há possiblidade de queda de cabelo ocupacional, seja por intoxicação ou tração.

Caso se trate de queda de cabelo ocupacional, o especialista poderá identificar a conduta apropriada.

Se houve a suspeita agende uma consulta!

A Clínica Doppio, além de possuir uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

 

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621


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