Sais minerais: prevenindo a queda de cabelos através da alimentação

A queda de cabelo por deficiência de minerais é uma das possíveis consequências de dietas restritivas.

Sais minerais

Os sais minerais são íons metálicos necessários para que importantes reações químicas ocorram no organismo.

Eles também participam da composição de tecidos, manutenção do equilíbrio osmótico e produção de hormônios.

Assim como a maior parte das vitaminas, eles não são produzidos pelo organismo, devendo ser adquiridos através da alimentação.

Não somente humanos, mas nenhum outro ser vivo é capaz de produzir minerais, sendo, por isso, classificados como substâncias inorgânicas.

De acordo com as necessidades diárias de ingestão, os minerais podem ser divididos em:

  • Macrominerais: minerais com ingestão recomendada acima de 100 mg ao dia. Exemplos: sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio;
  • Microminerais: são aqueles com necessidade diária inferior a 100mg. Desse grupo fazem parte o ferro, zinco, selênio, cobre e iodo.

Apesar da divisão, esses dois grupos são igualmente fundamentais, independente das necessidades de ingestão de cada um.

Minerais com ingestão maior também não possuem maior risco de engordar, uma vez que sais minerais não são calóricos.

Sais minerais e cabelos

Assim como outras partes do corpo, o cabelo depende de um amplo espectro de nutrientes para se manter saudável.

Além de proteínas e vitaminas, minerais também são fundamentais para o seu fortalecimento e crescimento.

Mesmo quando não atuam diretamente no processo de produção do fio, eles acabam participando de toda uma série de reações importantes para manter o ambiente favorável para seu desenvolvimento e manutenção.

Assim, suas possíveis deficiências devem sempre ser avaliadas em casos de queda de cabelos.

Queda de cabelo por deficiência de minerais

O folículo piloso é um local de alto turnover, ou seja, de constante renovação através de intensa produção novas células.

A queda de cabelo por deficiência de minerais pode estar associada aos mais diversos elementos.

Alguns deles serão descritos a seguir.

Ferro

O ferro é uma substância essencial para o organismo.

Ele participa de funções como o transporte de oxigênio, produção de energia e do material genético DNA.

Além disso, contribui para a vitalidade das unhas e cabelos.

Prova disso é que a deficiência de ferro é a mais comum das causas de queda de cabelo por deficiência de minerais.

O ferro está presente em diferentes alimentos:

  • Fontes animais: fígado, carne vermelha, gema dos ovos, ostras;
  • Fontes vegetais: feijão, lentilha, cereais, cevada, vegetais verde escuros.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a ingestão diária de ferro elementar é de 14 mg ao dia.

Isso corresponde a cerca de 100 gramas de fígado.

Em gestantes, a ingestão recomendada é de 27 mg/d.

Absorção do ferro

Apesar de abundante, a fração de ferro absorvida a partir da alimentação é baixa, variando entre 5% a 35%.

Sua absorção ocorre logo nas primeiras partes do intestino, conhecidas como duodeno e jejuno.

O ferro de fontes animais é até 5 vezes mais absorvido do que o de origem vegetal.

Alguns fatores contribuem para essa diferença, sendo a forma iônica do ferro um deles.

Existem 2 formas de ferro inorgânico: férrico (Fe3+) e ferroso (Fe2+).

Essas formas podem ser convertidas uma na outra dependendo da situação.

O ferro férrico Fe 3+ é a forma mais estável e, por isso, mais frequente em condições ambientes. Essa é a forma encontrada em vegetais.

Para ocorrer sua absorção, o ferro férrico dos vegetais tem que ser convertido à ferroso. Essa conversão ocorre no estômago, por ação do suco gástrico.

Por outro lado, o ferro encontrado em fontes animais já é a forma de melhor absorção, ou seja, ferro ferroso.

O ferro ferroso de origem animal consegue ficar estável nessa forma por estar ligado às proteínas hemoglobina e mioglobina. Essas são as proteínas dos glóbulos vermelhos e músculos, respectivamente.

Outro fator que colabora para a pior absorção do ferro de vegetais são os fitatos.

Os fitatos são fibras contidas nos vegetais que dificultam a absorção do ferro, por terem alta afinidade por esse mineral.

Outros fatores também influem na absorção.

Por ser antioxidante, a vitamina C presente em frutas cítricas aumenta estabilidade do ferro ferroso, melhorando sua absorção.

Por outro lado, remédios antiácidos diminuem a ação do suco gástrico, reduzindo a conversão e absorção do ferro.

Por fim, alimentos ricos em polifenóis como chás ou ricos em cálcio também atrapalham sua absorção.

Por todo o exposto, fica evidente que fontes animais são as principais fornecedoras de ferro proveniente da alimentação.

Ferritina

Uma vez absorvido pelas células intestinais, o ferro atinge a corrente sanguínea.

No sangue ele é transportado até os locais onde será utilizado por uma proteína chamada transferrina.

O excedente é estocado em órgãos como fígado, músculos, baço e medula óssea.

Nesses locais, o ferro é estocado junto à proteína ferritina.

Assim, a ferritina indiretamente mede o estoque de ferro do organismo, sendo um parâmetro muito usado para avaliar sua deficiência.

Os valores normais de ferritina variam de acordo com a idade e sexo do indivíduo.

Ela também pode ser diferente dependendo da fonte de referência. Geralmente se consideram normais valores entre 10 a 160 ng/mL pra mulheres e 30-220 ng/mL para homens.

Valores abaixo do limite inferior das referências indicam deficiências graves de ferro, com possível repercussão na produção de hemoglobina, gerando anemia.

Valores dentro dos limites da referência, no entanto, podem ser considerados baixos quando se avalia do ponto de vista capilar.

Há quem defenda que valores de ferritina abaixo de 70 ng/dL podem estar associados ao aumento da queda dos cabelos.

Mas esse valor não deve ser visto isoladamente, uma vez que a ferritina é uma proteína de fase aguda.

Isso significa que ela pode aumentar em casos de doenças inflamatórias ou infecciosas, dando resultados equivocados em relação ao estoque de ferro.

Queda de cabelo por deficiência de minerais: ferro

Em condições normais, há pouca eliminação de ferro do organismo. Essa ocorre através da urina, fezes, suor e esfoliação de células mortas da pele. Sangramentos podem contribuir com déficits maiores.

O fluxo menstrual, por exemplo, é responsável por uma maior perda de ferro em mulheres em idade fértil.

A anemia por carência de ferro, chamada ferropriva, ocorre quando os níveis de ferro e ferritina estão muito baixos.

Se os estoques de ferro estão baixos, há redução da produção da hemoglobina, molécula que carrega o oxigênio no sangue.

A diminuição do transporte de oxigênio resulta em sintomas como fadiga e cansaço.

Além disso, a falta de ferro favorece unhas frágeis e aumento da queda de cabelos, com fios fracos e quebradiços.

A reposição de ferro, nesses casos, costuma reverter os sintomas como a queda de cabelo por deficiência de minerais.

Quando a dieta não é suficiente para fornecer o ferro necessário para suprimir as demandas, inicia-se a reposição com compostos orais. Em casos refratários, uma opção é a reposição parenteral de ferro, com aplicações intramusculares.

Zinco

O zinco é um dos minerais mais comuns no organismo.

O zinco tem um importante papel na imunidade, reprodução, paladar, olfato, visão, coagulação, funções tiroidiana e da insulina.

O zinco também tem propriedade antioxidante, ajudando a proteger o organismo dos radicais livres.

Além disso, participa da manutenção da saúde dos cabelos.

Estudos recentes têm demonstrado seu papel no tratamento da alopecia areata.

Suas principais fontes alimentares são frutos do mar, carne vermelha, peixe, frango e ovos. As ostras são uma fonte particularmente rica em zinco.

A ingestão diária recomendada de zinco é de 7 mg por dia.

Essa quantidade corresponde ao encontrado em 2 gemas de ovos ou 100 gramas de carne vermelha.

Queda de cabelo por deficiência de minerais: zinco

A deficiência de zinco é rara.

Idosos, alcoólatras, pessoas com anorexia ou com dietas muito restritivas são mais susceptíveis.

A deficiência severa de zinco, conhecida como acrodermatite enteropática, cursa com dermatite, diarreia e alopecia. Outros sintomas incluem perda do apetite, redução do paladar ou olfato, dificuldade de cicatrização, depressão, interrupção da menstruação. Alterações dermatológicas como acne, dermatite atópica, psoríase, manchas brancas nas unhas e queda de cabelo também podem acontecer.

Apesar de ser muito frequente na composição de suplementos e polivitamínicos, o zinco ingerido sem critério pode trazer riscos à saúde.

Um deles é a deficiência do cobre.

Existe uma forte associação entre zinco e cobre. O excesso de um pode causar a deficiência de outro.

Dessa forma, reposição de zinco não deve ser feita por períodos prolongados ou sem orientação médica.

Doses diárias de zinco acima de 100 mg ou reposição por mais de 10 anos têm sido associadas ao maior risco de desenvolver câncer de próstata.

Quantidades elevadas de zinco também podem levar a problemas gastrointestinais mal-estar gástrico, nausea, vômito e gosto metálico na boca.

Outros sintomas de seu excesso são dor de cabeça, tontura, sonolência, aumento do suor, alucinações, incoordenação motora e anemia.

Por fim, quantidades elevadas de zinco também podem provocar aumento da queda de cabelos.

Selênio

O selênio participa de diversas funções vitais no organismo.

Ele atua, por exemplo, como antioxidante, principalmente quando combinado à vitamina E.

Antioxidantes são substâncias que protegem o organismo dos danos causados pelos radicais livres.

Os radicais livres são formados pelo estresse oxidativo e responsáveis pelo processo de envelhecimento celular.

Acredita-se que o envelhecimento das células seja um dos mecanismos envolvidos na queda de cabelos e calvície.

O selênio também participa da reprodução, metabolismo do hormônio tireoidiano, síntese de DNA e imunidade.

Suas principais fontes são alimentos como: castanha do Pará, frutos do mar e cereais integrais.

A ingestão diária recomendada de selênio é de 55 mcg por dia.

Isso corresponde ao encontrado em 1 castanha do Pará.

Queda de cabelo por deficiência de minerais: selênio

Alguns fatores podem contribuir para ter níveis baixos de selênio no sangue:

  • Tabagismo;
  • Bebidas alcoólicas;
  • Medicamentos como anticoncepcionais, ácido valpróico e corticóides;
  • Doenças intestinais com déficits de absorção, como a doença de Crohn.

A deficiência de selênio está associada à queda de cabelo, cansaço, infertilidade masculina. Além disso, pode exacerbar a deficiência de iodo, asma e queda da imunidade.

Quantidades elevadas de selênio podem levar a fraqueza, cansaço, problemas gastrointestinais, unhas frágeis e queda de cabelo.

Esses sintomas podem ocorrer com níveis de selênio acima de 400 mcg.

Assim, tanto a queda quanto o excesso de selênio podem causar queda de cabelos.

Queda de cabelo por deficiência de minerais: o que fazer?

Uma dieta balanceada pode ser a chave para prevenção de diversas doenças, incluindo a queda de cabelos.

A adoção de hábitos alimentares saudáveis, no entanto, nem sempre é tão fácil.

Fatores como rotina intensa de trabalho e de compromissos pessoais, problemas de saúde ou mesmo falta de uma orientação nutricional correta podem contribuir para que ocorra desequilíbrios nutricionais importantes.

Os cabelos são particularmente sensíveis a essas variações, sendo tanto a deficiência quanto o excesso de minerais associados à queda.

A queda de cabelo por deficiência de minerais é uma condição frequente e que pode ser evitada.

O diagnóstico e a correta orientação médica podem poupar que medicamentos sejam usados sem necessidade.

Assim, ao notar queda de cabelo, procure um médico especialista.

A Clínica Doppio além de possuir uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

 

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621


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9 Responses

  1. Olá tenho 29 anos! a dois anos venho sofrendo muito por perda de cabelo já passei em vários Dermatologista faço tratamento más não resolve, muita oleosidade muitos fios brancos… Me ajudem o que posso fazer pra meu cabelo parar de cair?

    1. Olá, Helena

      Esses são alguns artigos sobre os fios brancos (https://clinicadoppio.com.br/cabelos-brancos) e oleosidade (https://clinicadoppio.com.br/seborreia-e-queda-de-cabelo/).
      Quanto a sua observação que os cabelos estão caindo, existem muitas causas para queda de cabelo (https://clinicadoppio.com.br/queda-de-cabelo-em-mulheres/).
      Entretanto, não é possível determinar o motivo da sua queda sem antes passar por uma avaliação médica especializada.
      Somente após check up completo, com análise do fio de cabelo, couro cabeludo e exames de sangue, é possível determinar os motivos da sua queda de cabelo.
      Caso queira mais informações, entre em contato conosco pelo número (11) 38539175.
      Estamos à disposição para ajudá-la.

  2. Gostaria d fazer os exames laboratoriais antes d agendar a consulta p já levá-los na consulta
    Faria pelo sus
    Então poderia dizer quais são os exames que devo pedir p a medica do posto prescrever?

    Obrigada pela atenção e adianto

  3. Ola! Me chamo Lizandra tenho 34 anos, tomei várias vitaminas caras específicas para cabelos contra queda, e cara tbm, mas nada resolveu , então agora decidi fazer um exame de sangue, obs: não tenho o hábito de ingerir verduras, saladas, não cuido muito na alimentação

  4. Deficiência de minerais queda intensa de cabelos, esta matéria foi super útil, parabéns! Estou com ferritina 6 e zinco 72, descobri hoje que isso pode ser a causa da queda

  5. Olá, bom dia
    Suspeito que estou com exesso de selênio no organismo. Estive consumindo, erroneamente, dois suplemetos vitaminicos ao mesmo tempo, meu cabelo está caindo mais do que o normal e estou me sentindo nauseada.
    Se for realmente isso, quanto tempo deve levar para meu cabelo parar de cair?
    Muito obrigada

    1. Olá, Brenda

      Se fosse somente essa causa, deveria melhorar em 4 a 6 meses depois que os níveis de selênio se normalizassem.

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