Queda de cabelo por radioterapia: causas, prevenção, tratamento
A possibilidade de queda de cabelo por radioterapia faz parte das preocupações de pacientes oncológicos e profissionais da área.
O receio é quanto aos efeitos da radioatividade no desenvolvimento capilar.
De fato, a exposição à radiação ionizante pode afetar a vitalidade do cabelo e deixar sequelas por vezes irreversíveis.
Por isso, é interessante se ter informações sobre o assunto e buscar um suporte médico quando necessário.
Por que ocorre queda de cabelo no tratamento do câncer?
O couro cabeludo possui entre 100 e 150 mil folículos pilosos.
Cada folículo tem um ciclo de renovação individual, com fases anágena, catágena e telógena independentes dos demais fios.
Diferentes fatores podem causar alterações no ciclo capilar, resultando na interrupção do crescimento e desprendimento dos fios.
A queda de cabelo faz parte das possíveis manifestações do tratamento oncológico.
Apesar de ser mais comum na quimioterapia, ela também pode ocorrer na radioterapia.
Isso porque ambas as modalidades terapêuticas visam bloquear a multiplicação das células cancerígenas.
A diferença é que a ação dos agentes quimioterápicos é mais ampla, sistêmica. Enquanto isso, na radioterapia o efeito é mais restrito à área tratada.
Como o folículo capilar é uma estrutura dinâmica, com alta atividade proliferativa, ele acaba sendo frequentemente afetado por esses tratamentos.
Queda de cabelo por radioterapia
A radioterapia utiliza a radiação ionizante para impedir a multiplicação e destruir as células cancerígenas.
Trata-se de uma opção terapêutica para um considerável percentual dos pacientes oncológicos, seja como tratamento definitivo, pre-operatório, adjuvante ou paliativo.
A radioterapia pode causar alguns efeitos adversos como radiodermites, com profundas alterações cutâneas na espessura, funções e ao nível molecular.
Como os folículos se encontram a cerca de 4 milímetros de profundidade, é natural eles também sofrerem com a radiação.
Por que ocorre queda de cabelo no tratamento radioterápico?
A queda de cabelo por radioterapia ocorre devido à suscetibilidade dos folículos em crescimento à radiação. Os danos provocados pelo radioterapia acabam por induzir a passagem precoce de fios da fase anágena para a telógena, gerando a queda.
A intensidade da queda de cabelo por radioterapia vai depender do campo de irradiação, da dose e do método terapêutico.
Qual é a dose de radiação necessária para afetar os fios?
Alguns estudos científicos buscam determinar a dose para haver queda de cabelo por radioterapia.
De acordo com esses estudos, 3 Gy de radiação seria capaz de produzir uma completa, porém reversível, queda de cabelo.
Já a perda capilar definitiva ocorreria com uma dose única de radiação a partir de 5 Gy.
Além disso, a exposição crônica à radiação acima de 50-60 Gy em frações de 1.8 a 2 Gy também causaria alopecia.
Como identificar a causa da queda?
No caso do tratamento radioterápico, a queda fica restrita ao local da aplicação, ou seja, nas proximidades do tumor.
Dessa forma, a queda de cabelo por radioterapia geralmente ocorre em pacientes tratando câncer na cabeça e pescoço.
O tumor pode ser no couro cabeludo ou no sistema nervoso central, ou seja, cérebro, cerebelo, e estruturas adjacentes.
A radiação usada para tratar outras regiões do corpo não gera queda de cabelo.
Quando a radioterapia é utilizada para tratar um câncer pélvico, por exemplo, apenas os pelos genitais serão afetados e vão cair.
No couro cabeludo, a queda de cabelo por radioterapia costuma se apresentar como uma falha bem demarcada de formato geométrico.
Em geral, o cabelo começa a cair 2 a 3 semanas após a exposição à radiação.
Nos casos temporários de queda de cabelo por radioterapia, os fios costumam voltar a crescer em 2 a 4 meses.
Já em pacientes expostos à doses maiores de radiação, os cabelos que caem não voltam mais ou retornam bem mais finos
Dá para saber se vai haver queda de cabelo?
Uma pesquisa buscou prever a incidência de queda de cabelo por radioterapia para tratamento de tumores cerebrais.
O objetivo do estudo era poder informar previamente os pacientes sobre a ocorrência da queda para eles se prepararem melhor.
Na pesquisa, 71% dos pacientes avaliaram ser vantajoso ter essa informação antes do início do tratamento.
Eles justificam que ela contribuiria para ações práticas, como encomendar uma prótese, ou mesmo para saber mais sobre a evolução do tratamento.
A pesquisa ainda revelou que para 67% dos pacientes, a queda capilar é vista como um fardo psicológico do tratamento oncológico.
Após levantar os dados, os pesquisadores perceberam que a queda de cabelo, incluindo sua extensão, podem ser previstas em 90% dos pacientes.
Nos outros 10% dos casos, o método superestimou a extensão da alopecia em decorrência da irradiação.
Como impedir a queda de cabelo?
A principal forma de se evitar a queda de cabelo pela radioterapia é usar baixas doses de radiação.
Quando isso não é possível, então dá para minimizar seus efeitos protegendo bem as áreas adjacentes à área tratada.
Assim, o médico e sua equipe precisam ter bastante cautela ao definir o campo terapêutico.
Além disso, alguns estudos apontam o papel de supostos agentes para prevenção da queda de cabelo por radioterapia.
Esses incluem, por exemplo, o TEMPOL com nitróxidos, vitamina D e prostaglandina E2 (PGE2).
Na prática no entanto, a efetividade desses compostos ainda deixa a desejar.
Queda de cabelo por radioterapia: o que fazer?
A queda de cabelo é um fator de incômodo para boa parte dos pacientes oncológicos.
Buscando minimizar esse efeito, cientistas desenvolveram a touca gelada capaz de prevenir a queda após quimioterapia.
Entretanto, na radioterapia a história não é bem assim.
Ainda não existem tratamentos eficazes para impedir a queda de cabelo por radioterapia.
Na maior parte dos casos, trata-se de um quadro temporário, com recuperação do crescimento capilar após finalizar o tratamento.
Além da queda, é importante não se esquecer de que a alopecia permanente devido à radioterapia também é uma possibilidade.
Nesse contexto, cabe ao médico informar e orientar seus pacientes quanto à evolução do quadro
Assim, torna-se possível prepará-los para essa ocorrência, permitindo um maior controle emocional no decorrer do tratamento.
Além disso, essa atitude também colabora na definição de ações práticas para ajudar os pacientes a lidar com a alopecia.
Portanto, se você acha que está tendo queda de cabelo por radioterapia, faça-nos uma visita!
A Clínica Doppio além de possuir uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.
Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.
Dr. Nilton de Ávila Reis
CRM: 115852/SP | RQE 32621