Riscos da automedicação para queda de cabelo
A automedicação para queda de cabelo é muito comum.
Talvez a ansiedade ao ver os cabelos caindo contribua pela procura por uma solução rápida e prática.
Além disso, não faltam pessoas para indicar remédios, procedimentos e até receitas caseiras para qualquer problema de saúde.
A existência de supostos produtos e tratamentos antiqueda sem necessidade de prescrição também facilitam a automedicação para queda de cabelo.
Mas tomar remédios por conta própria traz riscos à saúde.
No caso de problemas capilares, o autodiagnóstico leva ao uso ou ingestão de compostos que podem até agravar o quadro.
Prejuízos da automedicação para a saúde
O ato de tomar fármacos por conta própria resulta em consequências individuais e coletivas. Dentre elas, estão:
- erro no diagnóstico;
- atraso no tratamento e na resposta terapêutica;
- terapia insuficiente, incorreta ou indevida;
- maior resistência dos patógenos;
- aumento da morbidade.
O surgimento dos supervírus ou superbactérias, por exemplo, se devem, em parte, ao uso indiscriminado de remédios.
Essa e outras situações semelhantes fazem da automedicação um problema de saúde pública.
Além disso, há um aumento da pressão pela conscientização da população e por legislações mais rígidas para dificultar o acesso aos medicamentos.
Padrões da automedicação no Brasil
De acordo com uma pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) de 2018, 79% dos brasileiros com mais de 16 anos se automedicam.
Na pesquisa, as principais fontes de indicação dos tratamentos foram:
- familiares: 68%;
- atendente da farmácia: 48%;
- amigos: 41%;
- vizinhos: 27%;
- atores de TV: 16%.
Outro dado interessante da pesquisa foi sobre quais condições mais geraram automedicação no país. A lista inclui:
- dor de cabeça: 56%;
- febre: 32%;
- resfriado: 31%;
- dores musculares: 28%;
- tosse: 24%;
- dor de estômago: 20%.
A pesquisa de 2018 não apresentou registros sobre a automedicação para queda de cabelo.
Mas na prática clínica é comum ouvir relatos de uso de shampoo, loções, vitaminas e até remédios sem orientação médica.
Quais os produtos mais usados na automedicação para queda de cabelo?
Não há estudos científicos sobre a frequência ou mesmo sobre os produtos mais utilizados na automedicação para queda de cabelo.
No consultório, no entanto, há uma certo padrão nas respostas sobre tratamentos por conta própria.
Na lista, os mais populares são:
- shampoo antiqueda;
- suplementos para pele, unhas e cabelo;
- vitaminas ou complexos multivitamínicos;
- loção ou ampola para queda de cabelo;
- dermocosméticos;
- óleos essenciais;
- babosa;
- produtos naturais com extratos de plantas ou sementes;
- shampoo Johnson;
- chás caseiros como o de folha de goiabeira;
- óleo de coco;
- shampoo de cetoconazol;
- vinagre de maçã;
- formulações caseiras como o shampoo bomba;
- remédios manipulados;
- minoxidil;
- finasterida;
- dutasterida.
O que leva à automedicação para queda de cabelo?
Existem diversos pontos a se considerar para explicar a prática da automedicação para queda de cabelo no Brasil.
Normal x doença
Uma delas talvez seja o fato da queda muitas vezes não ser vista como uma patologia pelo paciente.
Como o cabelo já cai normalmente, pequenas variações do volume de fios no chão passam até desapercebidas.
Problema temporário
Mesmo ao notar o problema, a tendência é achar que se trata de algo passageiro, de fácil resolução.
Praticidade e custo
Nesse ponto, geralmente, a pessoa já busca por algo mais simples e barato como um xampu antiqueda.
Aqui então aparecem outros motivos para automedicação para queda de cabelo: agilidade, praticidade e custo.
É bem mais rápido, fácil e barato comprar um xampu na farmácia do que agendar uma consulta médica.
Realmente se a queda melhorar dessa forma, não seria preciso ter ido ao médico. Mas também não precisaria ter comprado o shampoo, pois muito provavelmente não foi ele o responsável pela melhora.
Hábitos relacionados e culpa
Ao notar a persistência do quadro mesmo após lavar com um produto específico, a preocupação já muda.
Então logo vem à mente hábitos associados à rotina que poderiam justificar a queda, como alimentação não ideal.
Dessa forma, além do shampoo, a pessoa já começa a comprar vitaminas e suplementos alimentares sem orientação.
Como as doses de nutrientes desses compostos não suprem possíveis deficiências, seu uso passa a ter um efeito placebo.
Se não resolve, pelo menos a pessoa fica mais calma por ter a impressão de estar tomando algo para queda.
Ansiedade e estigma social
Se a queda se mantém mesmo assim, já bate a ansiedade e o estigma social relacionado à perda de cabelo.
Ver os cabelos caindo abala o emocional, especialmente em mulheres, mas não somente nesse público.
Fácil acesso a informação e remédios
Quando a queda chega a esse ponto, começa uma busca frenética pela solução.
Daí vale tudo: amigos, parentes, blogs e todo tipo de fonte, cada um com sua receita milagrosa.
Como grande parte das opções não necessita de prescrição médica, as pessoas então passam a usar medicamentos por conta própria.
O resultado mais provável costuma ser o mesmo: piora da queda.
Riscos da automedicação para queda de cabelo
Segundo a pesquisa do ICTQ, a queda de cabelo não aparece entre os principais motivos para automedicação no Brasil.
O fato de não constar na lista, no entanto, não exclui a possível alta frequência dessa situação e suas consequências.
Algumas delas serão descritas a seguir.
Erro no diagnóstico
Um problema comum na abordagem para queda de cabelo é o erro no autodiagnóstico.
Apesar do resultado final ser semelhante ou seja, cabelos caindo, pode haver muitas causas e mecanismos completamente distintos envolvidos.
Dessa forma, é incorreto agrupar tudo como sendo uma coisa só.
A queda pode ocorrer por diversas patologias.
Dentre elas, estão o eflúvio telógeno ou anágeno, alopecia androgenética, areata, cicatricial, de tração e a lista segue.
Mesmo dentro de uma patologia, as causas também podem variar bastante.
No eflúvio telógeno, por exemplo, a queda pode ser por anemia, estresse, medicamentos, alterações hormonais, infecções e outros.
Portanto, o primeiro risco da automedicação para queda de cabelo é errar o diagnóstico.
Período de exposição
Outro risco na automedicação para queda de cabelo é o tempo de exposição à substância.
Como o tratamento não surte os efeitos desejados, a tendência é o paciente estender seu uso na expectativa de melhora.
Entretanto, além de não ajudar, essa atitude acaba expondo o organismo mais tempo à ação daquele composto.
Um bom exemplo de exposição é a dutasterida, remédio aprovado pela ANVISA em 2022 para tratamento da calvície masculina.
O tempo para eliminação desse medicamento é longo, podendo chegar até 6 meses.
Assim, se a pessoa desenvolve efeitos colaterais com a medicação, o problema tende a persistir por pelo menos esse período.
Interações medicamentosas
Na ânsia de interromper a queda, algumas pessoas partem para o uso de diversos produtos ao mesmo tempo.
A interação de diferentes compostos ou mesmo a alternância entre eles pode alterar seus efeitos e até de outros medicamentos.
Dessa forma, é possível comprometer o controle de outras condições de saúde associadas e gerar efeitos indesejados.
Esse é o caso, por exemplo, do minoxidil oral.
Como se trata de um anti-hipertensivo, ele pode acentuar o efeito de medicamentos para controle pressórico, provocando hipotensão.
Efeitos adversos da automedicação para queda de cabelo
Um outro problema da automedicação para queda de cabelo são os efeitos colaterais.
Sempre antes de decidir sobre qualquer tratamento é preciso avaliar os prós e contras do seu uso.
Assim, é possível minimizar as chances de se ter efeitos não esperados com o remédio.
A finasterida ou dutasterida, por exemplo, pode causar dor testicular e ginecomastia.
O minoxidil, seja tópico ou oral, pode provocar ganho de peso, inchaço, hirsutismo, formigamento, tontura, palpitação e hipotensão.
Além de ressecar muito os fios, o shampoo de cetoconazol pode irritar o couro agravando dermatites.
O próprio shampoo infantil Johnson também pode piorar sinais e sintomas inflamatórios do couro cabeludo.
Excesso de vitaminas
A falta de exames prévios e de orientação nutricional também podem levar ao uso demasiado de determinada vitamina ou mineral.
Nesse caso, além de não ajudar a sanar o problema, ainda se cria mais uma situação para se tratar posteriormente.
Quase todos os suplementos para cabelo possuem nutrientes que, em excesso, contribuem para a queda.
Portanto, é um risco fazer uso indiscriminado de suplementos ou nutracêuticos.
Piora da queda
O uso incorreto de medicações para tratar a queda de cabelo pode agravar ainda mais o quadro.
Isso pode acontecer com diversos remédios tópicos, orais e até vitaminas.
O shampoo de cetoconazol, a babosa, o minoxidil tópico e ampolas de tratamento capilar podem, por exemplo, agravar dermatites.
Por sua vez, a irritação do couro cabeludo pode contribuir para o cabelo cair mais ainda.
Medicamentos orais como o minoxidil ou a espironolactona também podem aumentar a queda.
Até mesmo o excesso de vitamina A, ferro, zinco e selênio podem piorar o quadro.
Atraso no tratamento adequado
Conforme o paciente se automedica e testa diferentes formulações para tratar a queda de cabelo, ele retarda seu atendimento médico.
É justamente esse processo um dos grandes responsáveis pelo atraso no diagnóstico da alopecia androgenética.
A condição é a principal causa de perda de cabelo em homens e mulheres.
Desde que detectada no início, a alopecia pode ser tratada, com reversão do quadro.
Entretanto, quanto mais se demora para iniciar o tratamento, menores são as chances de recuperação.
Portanto, não perca tempo com a automedicação para queda de cabelo.
Busque ajuda!
A Clínica Doppio além de possuir uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.
Dr. Nilton de Ávila Reis
CRM: 115852/SP | RQE 32621