Será que você tem dismorfismo capilar?

O dismorfismo capilar é apenas uma face do transtorno dismórfico corporal (DTC).

Dependendo do grau de comprometimento, ele pode trazer sequelas para vida social, afetiva e profissional da pessoa. 

Infelizmente, graças à imposição de padrões estéticos por mídias sociais, publicidade e televisão, o problema está cada vez mais comum no Brasil.

O que é dismorfismo capilar?

O dismorfismo capilar ou tricodismorfismo é uma patologia psiquiátrica na qual o paciente apresenta um incômodo exagerado com pelos ou cabelo.

Essa reação, por vezes incapacitante, pode ter ligação com aspectos reais ou imaginários.

Pacientes com dismorfismo capilar tendem a exagerar na avaliação de seu próprio cabelo.

Comumente eles se referem a ele como sendo ruim, feio, ralo ou anormal, mesmo quando sua aparência revela o contrário.

Essa visão deturpada dos cabelos pode levar à ansiedade, depressão e até isolamento ou fobia social.

Existem diferentes graus de comprometimento pelo dismorfismo capilar.

Nos quadros leves, é comum o paciente ter só um desconforto com alguma característica dos fios.

Já em quadros mais graves, é frequente ele se considerar um “monstro” ou “aberração” por conta dos cabelos.

Nesses casos, os sintomas psicológicos chegam a se tornar incapacitantes.

Além dos cabelos, o tricodismorfismo também pode ocorrer por uma avaliação incorreta dos pelos do corpo.

Em geral, no dismorfismo de pelos corporais a quantidade é o maior problema.

Assim, no caso, os pacientes costumam reclamar exageradamente por ter muito ou pouco pelo.

Como saber se a preocupação com o cabelo é um problema?

Nem toda preocupação com o cabelo ou pelos corporais é patológica.

Um leve incômodo, como achar o cabelo feio alguns dias é normal e não consiste em um transtorno.

Sendo assim, como reconhecer se a sua autocrítica chega a ser um distúrbio psiquiátrico?

Embora nem sempre seja fácil fazer essa distinção, algumas características podem ajudar.

A primeira delas é a percepção irreal da autoimagem.

No quadro de dismorfismo capilar, em geral, o paciente não enxerga a realidade.

A alteração estética até pode de fato existir, mas o paciente intensifica inconscientemente a sua gravidade.

Aliás, outro ponto a se considerar é a intensidade da preocupação com os cabelos.

Os pacientes com dismorfismo capilar costumam ter uma relação não-saudável ou compulsiva com sua aparência.

Não é incomum, por exemplo, esses pacientes ficarem horas pensando, remoendo ou tentando “se consertar”.

Além disso, pessoas com dismorfismo capilar tendem a ser bem resistentes a mudar de ideia.

Quase como regra, eles mantêm suas visões mesmo quando médicos, amigos e familiares os alertam sobre a distorção de suas imagens.

Embora pareça bem sugestivo em alguns casos, o diagnóstico do transtorno dismórfico depende necessariamente da avaliação do médico psiquiatra.

Quais os sintomas da condição?

O dismorfismo capilar tem os mesmos sintomas clássicos do TDC, mas com foco no cabelo. 

Alguns dos indícios da condição são:

  • preocupação anormal com falhas mínimas ou inexistentes;
  • tentativa de camuflar ou esconder o local acometido, usando boné, touca ou até perucas;
  • comparação excessiva com outras pessoas;
  • verificação constante da característica no espelho;
  • atos repetitivos, como pentear o cabelo, passar a mão, arrumar ou alisar os fios incessantemente;
  • puxar ou arrancar o cabelo na tentativa de ter alguma melhora estética, diferenciando-se da tricotilomania;
  • necessidade frequente de reafirmação, questionando sobre determinada característica repetidas vezes. Em geral, o paciente costuma não acreditar na opinião dos outros, caso essas sejam diferentes da sua;
  • gasto excessivo com produtos visando melhorar a aparência ou prevenir a queda de cabelo;
  • busca incessante por técnicas, procedimentos e cirurgias para corrigir seu possível defeito. Nesses casos, o paciente geralmente não fica satisfeito com o resultado, independentemente do tratamento;
  • ansiedade, depressão, fobia social, escoriação neurótica, e outras doenças psiquiátricas.

Apesar de sintomas muitas vezes bem evidentes, geralmente o paciente com dismorfismo capilar não admite estar com o transtorno.

Como ele tem uma percepção equivocada sobre a própria aparência, a tendência é ele acreditar que seu incômodo é justificado.

Dessa forma, é importante pessoas próximas como familiares e amigos darem suporte para a busca por assistência médica especializada.

Dismorfismo capilar e queda de cabelo

A queda de cabelo é um fator associado ao transtorno dismórfico corporal.

De acordo com estudos, o TDC chega a ser até 10 vezes mais frequente em pacientes com queda de cabelo.

Em uma pesquisa sobre o tema, por exemplo, encontrou-se dismorfismo capilar em 42 de 142 pacientes com queixas capilares.

Nesse estudo, os homens se mostraram mais propensos a apresentar o transtorno, sendo esse presente em 52,4% dos voluntários.

Qual é o tratamento do dismorfismo capilar?

O tratamento do dismorfismo capilar depende, invariavelmente, do acompanhamento psiquiátrico.

O médico especialista em cabelos pode ajudar quando há realmente queda ou alopecia associadas.

Mas sem um suporte psiquiátrico, o tratamento capilar em pacientes dismórficos não costuma ser suficiente para gerar uma resposta satisfatória.

O foco nos aspectos negativos da aparência assim como sua percepção deturpada impedem o reconhecimento da melhora do cabelo.

Dessa forma, o tratamento do dismorfismo capilar se torna mais eficiente quando se une abordagens psiquiátricas e dermatológicas.

Do ponto de vista psiquiátrico, pode ser necessário recorrer à medicação ou a terapias comportamentais.

A terapia cognitivo comportamental (TCC) consiste em uma técnica de conscientização dos pacientes sobre seus pensamentos irracionais.

Além de ajudar o paciente a reconhecer os padrões da manifestação patológica, a terapia também busca substituir essas alterações por pensamentos positivos ou, ao menos, racionais.

Já no campo da tricologia, o especialista vai avaliar se existe realmente alguma alteração comprometendo a saúde capilar do paciente. 

Caso o médico detecte uma condição tricológica como base do problema, o tratamento capilar passa a ser de grande valia.

No entanto, mesmo sendo um sucesso, é preciso que o paciente reconheça isso e se sinta bem novamente.

Portanto, o tratamento da queda capilar ou alopecia em pacientes com dismorfismo capilar depende do acompanhamento conjunto entre psiquiatra e médico especialista em cabelos.

Essa união é fundamental para aumentar as chances de satisfação com o tratamento capilar e para recuperação da autoestima.

A Clínica Doppio além de possuir uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.
Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621


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