Tipos de alopecia: como reconhecer a causa da perda de cabelos?
Alopecia não é tudo igual. Existem diversos tipos de alopecia, cada uma com um tratamento específico.
Por isso, fazer o diagnóstico correto é a primeira e mais importante etapa para se obter um bom resultado.
Embora não haja cura para alguns tipos de alopecia, há muitas opções terapêuticas para controle e reversão de parte delas.
O que é alopecia?
Alopecia é o termo científico para designar a calvície, ou seja, a perda de cabelos.
Não se trata de uma entidade única, mas de um conjunto de condições médicas capazes de gerar comprometimento capilar.
Desse modo, o diagnóstico de alopecia indica somente a redução dos cabelos sem, no entanto, definir a causa.
Portanto, para entender o motivo da rarefação capilar é preciso antes saber qual dos tipos de alopecia a pessoa apresenta.
Classificação dos diferentes tipos de alopecia
É possível usar vários parâmetros para se dividir e organizar os diversos tipos de alopecia.
Um desses critérios é a presença ou ausência de substituição do folículo piloso por fibrose.
Quando o processo de destruição do bulbo capilar resulta na sua troca por tecido fibrótico, tem-se uma alopecia cicatricial.
Nesse caso, o tratamento visa impedir o avanço da doença, sem, no entanto, ser capaz de recuperar os fios.
Já quando há perda parcial ou temporária do folículo, mas sem fibrose, ainda é possível muitas vezes reverter a calvície.
Esse grupo, passível de retorno do cabelo, define as alopecias não cicatriciais.
Alopecias não cicatriciais
A alopecia não cicatricial é o tipo mais frequente de perda de cabelos.
Embora nem sempre seja possível ter todo o cabelo de volta, nessa classe de alopecia há mais chances de recuperação.
Os principais tipos de alopecia não cicatricial são: alopecia androgenética, areata e senil.
Alopecia androgenética
A calvície genética é a principal causa de perda de cabelos entre todos os tipos de alopecia.
Ela se desenvolve após a puberdade tanto em homens quanto em mulheres, com variáveis graus de severidade e progressão.
No público masculino, a alopecia acomete somente o topo da cabeça enquanto nas mulheres há uma perda capilar mais difusa.
A diminuição do cabelo na alopecia androgenética ocorre pela miniaturização do fio. Nesse processo, há um afinamento e encurtamento progressivos da haste capilar até sua extinção.
Além da predisposição genética, há participação de outros fatores no desenvolvimento da calvície. Esse é o caso, por exemplo, dos hormônios masculinos testosterona e di-hidrotestosterona (DHT).
O diagnóstico precoce da alopecia androgenética aumenta as chances de controle e reversão da perda capilar.
Por outro lado, quando a calvície avança muito, o transplante cirúrgico passa a ser o tratamento de escolha. Alternativamente, também pode se considerar o uso de próteses capilares, especialmente em mulheres.
Alopecia areata
A alopecia areata é uma doença autoimune na qual o corpo passa a não reconhecer os cabelos.
Então, por motivos ainda não totalmente claros, as células de defesa atacam os folículos, impedindo-os de produzir os fios.
Dessa forma, há queda intensa com falhas redondas totalmente lisas no couro cabeludo, barba, sobrancelhas, cílios ou outras áreas corporais.
Aliás, o primeiro sinal da alopecia areata costuma ser justamente um ou mais desses buracos lisos na cabeça. Essas falhas podem se expandir e até se juntarem formando grandes áreas sem cabelo.
Quando todo o cabelo cai, o quadro passa a se chamar alopecia areata total. Já na alopecia areata universal, além do cabelo, observa-se queda de todos os pelos corporais.
Boa parte dos pacientes não apresenta outros sintomas, mas alguns podem se queixar de formigamento, coceira, queimação ou até dor.
Há diversas modalidades terapêuticas, com resultados variáveis, inclusive, havendo remissão espontânea em muitos casos.
Assim como nos outros tipos de alopecia não cicatriciais, a resposta ao tratamento é favorável.
Alopecia senil
Após os 35 anos, o cabelo vai aos poucos sentindo o peso da idade.
Além de se tornarem brancos, com o tempo, os fios passam a ficar cada vez mais finos.
Ao contrário da calvície genética, no entanto, na alopecia senescente ou senil o afinamento afeta igualmente todo o cabelo.
Embora haja essa distinção entre os dois tipos de alopecia, muitos médicos acreditam haver sobreposição da calvície hereditária.
Alopecias cicatriciais
A alopecia cicatricial compreende todas as patologias nas quais há perda de cabelo com destruição dos folículos capilares.
Em comum, todas elas apresentam substituição do bulge de células-tronco capilares por fibrose.
Existem dois tipos de alopecia cicatricial:
- primárias: ocorrem devido a lesão e destruição os folículos capilares por processos inflamatórios;
- secundárias: tipos de alopecia nos quais a perda capilar resulta de uma lesão ou dano à pele. Isso pode acontecer, por exemplo, em casos de queimaduras, tração, infecções, radiação ou tumores.
As principais alopecias primárias são:
- líquen planopilar e sua variante alopecia frontal fibrosante;
- lúpus discoide;
- foliculite decalvante;
- pseudopelada de Brocq;
- foliculite dissecante;
- alopecia central centrífuga;
- foliculite queloidiana da nuca.
Líquen planopilar
Embora raro, o líquen planopilar é um dos mais frequentes tipos de alopecia cicatricial.
A condição afeta principalmente mulheres, mas homens também podem desenvolver a doença, sem uma causa.
O líquen planopilar geralmente se inicia como uma ou mais manchas vermelhas no couro cabeludo com queda de cabelo local. Sintomas como ardência, dor, formigamento ou coceira também podem acompanhar o quadro.
Com o tempo, a mancha vai dando lugar a áreas brancas, brilhantes, sem cabelo e com leve atrofia cutânea. Na borda dessas placas, observa-se pequenos halos de descamação e vermelhidão ao redor dos fios, que se desprendem facilmente.
O líquen planopilar frequentemente acomete múltiplas áreas do couro, podendo haver fusão das placas no decorrer da doença.
Como em outros tipos de alopecia cicatricial, o tratamento visa conter a doença, mas sem perspectivas de volta dos cabelos.
Alopecia frontal fibrosante
Uma variante do líquen planopilar é a alopecia frontal fibrosante.
Em comum, elas compartilham o mesmo quadro histológico, ou seja, suas biópsias se assemelham no exame microscópico.
Além disso, ambas apresentam um pequeno colar vermelho e com descamação ao redor de cada fio.
Contudo, na alopecia frontal fibrosante a perda de cabelo ocorre em faixa, se iniciando pela frente, na testa e costeletas.
Com o passar do tempo, há um avanço para trás, retrocedendo a linha de implantação do cabelo. Cria-se, então, a sensação de aumento da testa.
Alguns pacientes também perdem os fios da sobrancelha e mais raramente cílios.
Em boa parte dos casos também aparecem pápulas fibróticas, ou seja, pequenas bolinhas amareladas ou cor da pele no rosto.
A condição é mais comum entre as mulheres, especialmente pós-menopausa.
Após a queda do cabelo, a pele apresenta uma cor normal, mas sobrando raros fios. Algumas pessoas apresentam palidez, vermelhidão e descamação no local.
A evolução da doença é lenta e a causa desconhecida.
Como nos outros tipos de alopecia cicatricial primária, o tratamento é difícil, com recorrências frequentes.
Lúpus crônico discoide
O lúpus é uma doença autoimune com comprometimento de diversos órgãos e sistemas, inclusive a pele e o cabelo.
Embora as lesões cutâneas sejam um dos critérios do lúpus eritematoso, não necessariamente elas tenham associação com o comprometimento sistêmico.
Aliás, no lúpus discoide, um dos tipos de alopecia cicatricial primária, somente 5% dos pacientes apresentam doença em outros órgãos.
As lesões do lúpus no couro cabeludo são semelhantes às da pele de outras partes do corpo.
O quadro se inicia com uma placa vermelha, com leve inchaço, podendo ou não apresentar descamação. Os sintomas são variáveis, com queixas de dor, pinicação, ardência ou coceira.
Com a progressão da doença, formam-se áreas sem cabelo, brancas, atróficas, com manchas pretas na periferia das lesões. As bordas podem ficar vermelhas e altas, indicando atividade da doença.
Assim como em outros tipos de alopecia cicatricial, na área que o cabelo caiu e ficou branco, não há mais crescimento de fios.
Alopecia cicatricial centrífuga
A alopecia cicatricial centrífuga é um dos tipos de alopecia mais presentes em mulheres de origem afrodescendente.
Ela geralmente se inicia por volta dos 30 anos como uma falha na região da coroa.
Com o tempo, esse buraco vai aumentando, deixando uma área sem cabelos e com cicatriz no centro.
Essa condição parece ter relação com uso de químicas para alisamento, chapinha, tração por apliques ou penteados, ou ainda genética.
Dessa forma, o tratamento deve incluir a interrupção desses procedimentos e produtos.
Tipos de alopecia cicatricial com foliculite
A foliculite é uma inflamação no folículo piloso.
Alguns tipos de foliculite, no entanto, tendem a formar tecido fibroso, inutilizando o folículo e interrompendo a produção capilar.
Existem 3 tipos principais de foliculites cicatriciais do couro cabeludo: decalvante, dissecante ou abscedante e queloidiana da nuca.
Todas elas compartilham a presença de espinhas ou nódulos com pus, destruição do folículo, alopecia e formação de cicatriz.
Além disso, elas também possuem uma etiologia desconhecida com possível papel de fatores genéticos e da bactéria Staphylococcus sp.
A foliculite decalvante afeta mais frequentemente a nuca e coroa, mas também pode aparecer em outras áreas do couro.
A doença se inicia com uma placa vermelha, inchada, com descamação e formação de pus.
Na evolução, forma-se uma cicatriz com politriquia, ou seja, diversos fios saindo de um mesmo ponto. O aspecto é semelhante ao de cabelo de boneca.
Já na alopecia dissecante há formação de diversos nódulos, abscessos e fístulas com saída de bastante secreção purulenta. Além das lesões, nota-se queda de cabelo no local e sintomas como dor, ardência e queimação.
Com o tempo, os nódulos tendem a se intercomunicar formando pontes fibróticas por todo o couro cabeludo.
Por fim, a foliculite queloidiana se apresenta como espinhas e pequenos caroços duros na nuca.
A doença então evolui com aumento e fusão das lesões formando verdadeiras massas fibróticas semelhantes ao queloide.
Tipos de alopecia: como saber qual é o seu?
A diferenciação entre os diversos tipos de alopecia ou queda de cabelo não é tão simples.
Muitas vezes, as doenças não se apresentam com suas características típicas ou os quadros se sobrepõem, dificultando a distinção.
Por isso, é necessário um exame cuidadoso e avaliação especializada para diagnóstico e início do tratamento.
Isso porque, independentemente de haver diversos tipos de alopecia, todas elas apresentam respostas mais satisfatórias com a abordagem precoce.
Portanto, ao notar mudanças significativas no cabelo, não perca tempo e procure um médico especialista!
A Clínica Doppio possuir uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.
Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.
Dr. Nilton de Ávila Reis
CRM: 115852/SP | RQE 32621