Transição capilar: como e quando fazer?
A busca pela identidade própria e por uma aparência natural têm feito a transição capilar ser cada vez mais popular.
O que é transição capilar?
A transição capilar é todo processo de retirada ou substituição de produtos químicos que danificam os fios de cabelo.
O termo é usado para descrever os cuidados que pessoas com cabelos quimicamente tratados devem seguir para que os fios assumam um aspecto mais natural.
Em geral, a transição é feita em cabelos ondulados ou afro que foram submetidos a químicas como relaxamento, alisamento ou progressiva.
Pessoas com cabelos tingidos ou com luzes também podem fazer a transição para cabelos brancos ou grisalhos.
Outra situação de transição capilar é quando se opta pelo uso de xampus e produtos low ou no poo.
Seja qual for a situação, o caminho para voltar a ter cabelos mais naturais e saudáveis é longo e trabalhoso.
Por isso, é importante conhecer as etapas, cuidados e produtos que devem ser usados no processo.
Como fazer a transição capilar para low poo ou no poo?
Os métodos low poo e no poo visam eliminar o uso de produtos com maior poder de agressão aos fios e também à natureza.
Produtos low poo
Seguidores do low poo evitam xampus com sulfatos e condicionadores com petrolatos e alguns tipos de silicones.
A restrição ao uso dos sulfatos se deve ao fato de que eles são agentes de limpeza muito fortes.
Além de remover a sujeira, esses compostos também removem a oleosidade dos fios e do couro cabeludo.
O que parece ótimo, no entanto, pode ser excessivo para alguns tipos de cabelo.
Cabelos crespos e ressecados, sejam naturalmente ou por química, por exemplo, podem sofrer danos pela retirada excessiva de óleo.
Isso porque o couro e os fios possuem uma camada natural de gorduras que os protege das agressões do meio externo.
Assim, o uso de shampoo com sulfato pode remover essa camada, deixando-os mais secos e expostos.
Além disso, a retirada súbita e demasiada de sebum do couro induz a um aumento rebote na produção de óleo, o que pode deixar o couro cabeludo ainda mais oleoso.
Sem a camada de gordura natural, o couro também fica mais propenso a infecções e inflamações, podendo gerar queda de cabelo.
Os sulfatos mais conhecidos e que devem ser evitados no método low poo são o sodium lauryl sulfate (SLS), sodium lauryl ether sulfate (SLES), ammonium lauryl ether sulfate (ALES) e o ammonium lauryl sulfate (ALS).
Ao invés de usar xampus contendo essas substâncias, produtos low poo contêm betaínas como a cocamidopropyl betaine e cocobetaine.
Por sua vez, o uso de condicionadores e cremes contendo petrolato e alguns silicones como a dimeticona é desencorajado não só por eles serem derivados do petróleo e poluírem, mas também pela dificuldade de serem retirados dos fios sem o uso de shampoo com sulfatos.
Produtos no poo
A técnica no poo prega que a higiene capilar seja feita sem produtos químicos industrializados como xampus, cremes e condicionadores.
No lugar desses cosméticas, receitas caseiras com vinagre de maçã, bicarbonato de sódio, argila, leite de aveia, mel, babosa e ovo são as mais usadas.
Outra opção adotada pelos seguidores da no poo é regular a temperatura da água com a oleosidade do cabelo e frequência do banho.
Sabe-se que quanto mais quente for a água mais ela remove a oleosidade.
Dessa forma, pessoas que gostam de lavar os cabelos diariamente, devem usar a água fria.
Já pessoas com cabelos oleosos devem tomar banho com água quente.
Caso a pessoa tenha cabelos secos e não se acostume com banho de água fria, é melhor esperar alguns dias antes de lavar os cabelos novamente para que se possa recuperar o óleo nos fios.
O óleo é produzido por glândulas no couro cabeludo, sendo naturalmente distribuído ao longo da haste capilar.
Quando mais crespos e quimicamente danificados são os fios, mais dificuldade o óleo tem para chegar até as pontas.
Para facilitar esse trabalho, use pentes de madeira com dentes largos ou escovas com cerdas de javali.
Por ter fibras naturais, eles ajudam a espalhar o óleo do couro pelos fios causando menos danos aos cabelos.
Dicas e cuidados com os cabelos durante a transição capilar
1. Não fixe um tempo e tenha baixas expectativas
O cabelo é uma estrutura que está em constante atividade, com média de crescimento de 1 centímetro ao mês.
A percepção do crescimento, no entanto, é muito variável.
Em cabelos enrolados, por exemplo, o crescimento dos fios é percebido pelo aumento do volume ou maior definição dos cachos.
O ganho de comprimento só é percebido quando os cabelos estão molhados ou ao se fazer uma escova.
Além disso, assim como em outras situações da vida, a percepção de tempo com relação ao cabelos também é relativa.
Quando se relaxa os cabelos, a sensação de cabelos lisos dura apenas 8 a 12 semanas. Com a tintura, é ainda pior: as pessoas sempre reclamam que o procedimento não dura nada e que tem que retocar as raízes a cada 2 a 4 semanas.
Entretanto, quando se está fazendo a transição capilar, a espera pelas mesmas 12 semanas parecem intermináveis.
A presença de fios com frizz, sem formato definido, com pontas finas, esticadas e sem volume incomodam a cada dia, o que dirá semanas e meses.
Portanto, seja paciente e encare o processo como uma passagem, que pode ser mais rápida ou mais lenta a depender de quão pesada e estressante você a considera.
Pense que cada fase é um passo a menos em direção ao seu objetivo final: um cabelo mais saudável e natural!
2. Encontre o tempo ideal para se lavar os cabelos
Não existe um padrão universal de periodicidade para se lavar o cabelo.
Diversos fatores devem ser levados em conta na hora de se definir quantas vezes lavar o cabelo por semana.
Entre os aspectos a serem considerados estão, por exemplo: tipo de cabelo, exposição à sujeira, oleosidade, sudorese, rotina de exercícios, tendência à caspa e queda de cabelo e claro, procedimentos químicos realizados.
Em geral, as pessoas tendem a lavar os cabelos quando têm a sensação de que ele está sujo ou oleoso.
Esse raciocínio básico e até instintivo não está errado, porém não se aplica a todos os casos.
Para quem sofre com queda de cabelo, caspa, coceira, dor, ardência ou qualquer outro sinal de dermatite no couro cabeludo, lavar o cabelo com frequência é fundamental.
Por outro lado, pessoas com cabelos crespos ou quimicamente tratados, por exemplo, devem procurar lavar os cabelos com menos frequência.
Isso porque seus fios são naturalmente mais ressecados e propensos à quebra, agravada pelo atrito provocado pelo ato de lavar os cabelos.
Esse é o caso da maioria das pessoas em transição capilar.
Mesmo nesses casos, lavar os cabelos é essencial para a higiene capilar e prevenção de doenças e queda de cabelo.
Então, para diminuir os danos provocados pelo banho, é importante seguir alguns cuidados.
Primeiro, procure desembaraçar os cabelos durante o banho.
Após lavar com produtos adequados para esse tipo de cabelo, aplique um condicionador e desembarace os fios com um pente de dentes largos ou a própria mão.
Comece a desembaraçar pelas pontas e progrida em direção à raiz.
Uma vez desembaraçado, enxágue bem e tire o excesso de água suavemente com a toalha.
Aplique óleos e cremes de acordo com a necessidade e deixe secar naturalmente ou com uso correto do secador.
3. Ser natural não significa ser descuidado
Um dos argumentos usados por pessoas que buscam a transição capilar é a de que manter cabelos alisados, cortados e tingidos exige uma rotina muito cansativa e onerosa.
Entretanto, o fato de ter cabelos naturais não significa que os cuidados vão ser desnecessários. Eles só serão diferentes.
Cabelos brancos e grisalhos, por exemplo, muitas vezes precisam ser lavados com shampoos especiais, como o Silver, para neutralizar a cor amarelada, quando indesejada.
Para manter os cachos bem definidos e hidratados durante e após a transição capilar, também é importante seguir um cronograma capilar.
4. Hidrate seus cabelos: cronograma capilar
Fios quimicamente tratados são mais ressecados e, portanto, quebradiços.
Sendo assim, manter os fios bem condicionados e hidratados é fundamental para se ter bons resultados durante a transição capilar.
Por isso, é importante seguir um cronograma capilar.
Ao lavar os cabelos, os xampus abrem as escamas da cutícula para permitir uma limpeza mais eficiente do fio.
O problema é que além da sujeira e toxinas, o shampoo também remove o óleo dos fios.
Dependendo do tipo do fio, do shampoo utilizado e até da temperatura da água, pode ser que a retirada de gordura dos fios seja excessiva.
Isso porque é necessário ter uma fina camada de sebo no fio para que ele se mantenha hidratado, sedoso, maleável e forte.
Assim como as escamas fechadas, o sebo da superfície do fio diminui a perda de água do seu interior.
Por isso, é essencial usar condicionador ou máscaras de hidratação todas as vezes que usa shampoo nos cabelos.
Além de fechar as escamas da cutícula, os agentes condicionantes repõe os óleos e restaura a hidratação dos cabelos.
Em cabelos mais crespos ou enrolados, creme sem enxágue ou leave-in são necessários.
Nesse caso, além da manter mais tempo a hidratação, esses cremes ajudar a desembaraçar os fios e definir melhor os cachos.
Óleos como o reparador de pontas e o protetor térmico também são muito úteis.
Alguns cuidados devem ser tomados para garantir uma boa hidratação dos fios sem prejudicar o couro cabeludo.
Ao passar o condicionador, máscara, creme ou óleo, deve-se evitar a aplicação próxima ao couro.
Como o óleo dos fios é produzido por glândulas que ficam no couro cabeludo, esse costuma ser naturalmente mais oleoso que os cabelos.
Assim, a presença adicional de cremes ou óleos pode ser excessiva, favorecendo a proliferação de fungos, dermatite e queda de cabelos.
5. Defina seu estilo e seja flexível
Por se tratar de um período de transição, é normal que o cabelo não tenha uniformidade e um caimento adequado.
Portanto, para adaptar às diferentes texturas, cores e formatos dos fios durante a transição capilar é preciso ter criatividade e disposição.
O visagismo é uma técnica que estuda justamente essa adequação do corte à necessidade ou momento da pessoa.
Produtos como cremes para cachos, argila, laquê e pomadas podem ajudar a reduzir o frizz e modelar o cabelo.
Penteados como tranças, coques, dentre outros também podem ser aliados práticos para o dia a dia.
6. Cortar os cabelos é fundamental
Fios quimicamente tratados tendem a ficar mais finos e embaraçar com mais facilidade nas pontas.
Com isso, eles se tornam mais suscetíveis a quebra e queda quando são escovados ou penteados.
Dessa forma, é recomendado tirar as pontas do cabelo periodicamente, removendo gradualmente as partes mais comprometidas do fio.
O corte mantém os fios mais alinhados e com uma aparência mais saudável.
Não há uma frequência e nem um tamanho pré-definido para o cabelo ser cortado.
Tanto a periodicidade quanto o comprimento do cabelo a ser cortado dependem do grau dos comprometimento dos fios e, principalmente, da vontade da pessoa.
É importante ter em mente que o corte em nada influencia o tempo que vai ser necessário para que o cabelo cresça saudável.
O fio é uma estrutura inerte, morta e seu corte não influencia o seu crescimento.
No caso da transição capilar, o corte deve ser usado com um possível recurso para corrigir e amenizar os efeitos da mudança de formato ou cor dos cabelos ao longo do processo até o famoso big chop ou corte final.
O big chop é o corte feito bem na divisão entre a parte dos fios danificadas pela química da parte saudável.
Ele pode ser feito a qualquer momento durante transição capilar.
Diversos outros cortes são propostos como o tapered hair, repicado, corte em camadas, chanel em bico e long bob.
Esse cortes têm de ser feitos por cabeleireiros bem capacitados e com experiência.
7. Evite danificar seus fios
Todo o cuidado é pouco quando se trata de fios danificados pela química, apliques ou pelo calor de modeladores.
Ao modificar a cor ou o formato do fio, ele se torna extremamente frágil pela tricorrexe nodosa e portanto, propenso à quebra.
Assim, seja gentil ao manusear, pentear, lavar e secar os cabelos.
O atrito das mãos, toalhas, pente, escova e até do travesseiro ajudam a danificar ainda mais a superfície do fio, deixando-o mais áspero, seco e quebradiço.
Para diminuir a quebra, evite manusear desnecessariamente o cabelo, use pentes de madeira de dentes largos ou jacaré, seque suavemente com toalhas macias e considere enrolar os cabelos em um tecido como a seda ao se deitar.
Tenha consciência de que esse esforço deve também incluir a restrição ao uso de chapinha, prancha ou babyliss e o uso correto do secador.
Em pessoas com extensões ou apliques capilares como mega hair, considere trocar pelo tic-tac, reservando seu uso para eventos e situações especiais.
Além disso, escolha os produtos certos para não danificar ainda mais os seus cabelos.
8. Produtos e cosméticos para transição capilar
Evite xampus de limpeza profunda e produtos texturizadores que prometam efeito liso, pois eles podem esconder em suas fórmulas substâncias consideradas tóxicas para os fios.
Uma dica é checar se nas instruções da embalagem consta orientação de usar chapinha para “selar” os fios no final.
Se houver, evite seu uso.
Atenção também a cosméticos com linguagem vaga ou produtos ditos “naturais”, principalmente de marcas desconhecidas e com efeitos milagrosos.
Dê preferência a xampus sem sulfatos e produtos à base de óleos essenciais, com ph compatível ao do fio.
Abuse de óleos reparadores de ponta, protetores térmicos e cremes de hidratação.
Em caso de exposição solar intensa ou prolongada, aplique cremes capilares com filtro solar e proteja os cabelos com um chapéu.
9. Cuide da alimentação e da sua saúde
O cabelo é uma extensão e reflexo das condições de saúde do organismo.
Assim como nos outros órgãos, a nutrição do cabelo também depende da alimentação balanceada.
Quantidades adequadas de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais como ferro e zinco, por exemplo, são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento adequado dos fios.
Portanto, dietas restritivas e jejum podem até ajudar a emagrecer rápido, mas além de não se sustentarem por muito tempo, elas prejudicam fases da produção do fio que não têm como ser reparadas posteriormente.
Uma vez que o fio foi finalizado, não há como reforçar sua estrutura.
Então, tenha atenção a sua alimentação!
Além disso, situações que fazem mal à saúde como cigarro, sedentarismo e estresse também prejudicam os fios e devem ser combatidos.
Cuide de você! Seus cabelos agradecem.
Quanto tempo dura a transição capilar?
Apesar da taxa de crescimento do cabelo ser semelhante em todas as pessoas saudáveis e sem alopecia, o tempo necessário para que todo o cabelo danificado seja eliminado é variável.
O cabelo, seja masculino ou feminino, cresce, em média, 1 cm ao mês.
Essa taxa é um pouco maior em japoneses, com 1,3 cm/mês e um pouco menor em cabelos afro, 0,9 cm/mês.
Portanto, em média, o cabelo cresce de 10 a 14 cm ao ano.
Se você cortar 1 cm das pontas ao mês, provavelmente o comprimento do cabelo vai se manter durante todo o processo de transição capilar.
Nesse caso, o tempo necessário para que a transição seja completada pode ser estimado pelo tamanho do fio.
Assim temos, por exemplo, em um cabelo de 60 cm de comprimento, o tempo necessário para substituir o cabelo danificado seria de 60 meses ou 5 anos.
Esse tempo pode ser menor caso se opte por cortes mais curtos, principalmente o big chop ou corte definitivo.
Esse corte, feito bem em cima da linha que divide o cabelo quimicamente tratado do natural, pode ser feito a qualquer momento durante o processo de transição, marcando seu fim.
Na transição capilar masculina, é comum que ele seja substituído pela raspagem da cabeça.
Quando fazer a transição capilar?
Como geralmente a transição capilar exige um tempo prolongado para ser completada, é difícil esperar por uma oportunidade ideal.
Essa seria, por exemplo, períodos de isolamento social e reclusão domiciliar, como no caso de doenças e infecções como a COVID 19 provocada pelo coronavírus.
Nesses casos, a maior permanência em casa, com menor contato social e mais tempo livre permite maior dedicação aos cuidados capilares necessários, sem se preocupar tanto com as mudanças, muitas vezes desagradáveis, no formato e aparência dos cabelos.
No entanto, como o cabelo pode ser um reservatório de coronavírus e esses morrem pelo uso de sabões, xampus e detergentes, a transição no poo não parece ser uma boa opção.
Toda vez que uma pessoa for exposta a ambientes com possíveis contaminantes, ela deve lavar os cabelos com xampus, sejam eles com ou sem sulfato.
Mais do que um cuidado, esse ato é uma necessidade para a sua saúde e de possíveis pessoas contaminadas pela sua decisão pessoal.
Portanto, considere essa situação.
Transição capilar: antes e depois
A transição capilar é um processo longo de autoconhecimento e de busca pela identidade.
Além dos cuidados com os cabelos, muitos outros aspectos da rotina e da personalidade devem mudar antes e depois da transição.
Para saber mais sobre benefícios e problemas do processo, siga-nos ou nos faça uma visita.
A Clínica Doppio possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.
Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.
Dr. Nilton de Ávila Reis
CRM: 115852/SP | RQE 32621
Muito boa as dicas 🙂
bom dia,Dr.Nilton ,boas dicas estou em transição a 3 anos até hoje meu cabelo cai pelo meio toda vez que vou lavar o que devo fazer
Olá, Valéria
Peça ajuda a um cabeleireiro para montar um bom cronograma capilar (https://clinicadoppio.com.br/cronograma-capilar/) para você.
Se mesmo assim ele continuar quebrando, é hora de procurar um médico especialista para fazer exames de sangue.
Caso queira mais informações, entre em contato conosco pelo número (11) 38539175.
Estamos à disposição para ajudá-la.
o meu cai muito, principalmente quando vou lavar.