Ruxolitinib: remédio para alopecia areata

A possiblidade de tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib tem ganhado contribuições significativas de pesquisas científicas.

O que é alopecia areata?

Alopecia quer dizer perda de cabelo, ou seja, calvície.

Mas nem toda alopecia é igual.

Existem diversos tipos de alopecia e, por isso, geralmente elas tem “sobrenomes” para diferenciá-las.

Assim, temos a alopecia androgenética ou calvície genética, a alopecia de tração, alopecia frontal fibrosante e alopecia areata, dentre outras.

A alopecia areata é em uma doença autoimune em que o sistema de defesa da pessoa não reconhece e portanto, ataca os próprios folículos pilosos, resultando na queda de cabelo e de pelos corporais.

O ataque aos folículos deixa típicos “buracos” ou falhas nos cabelos, barba, sobrancelhas ou pelos.

A maior parte dos casos de alopecia areata se concentram no couro cabeludo, mas o quadro pode ser generalizado, caracterizando a chamada alopecia universal.

O tratamento da alopecia areata é limitado, sendo os corticoides a principal terapia para essa condição.

Estudos recentes, no entanto, têm levantado novas possibilidades de tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib e outros medicamentos.

O que é o Ruxolitinib?

O Ruxolitinib é um remédio que foi inicialmente aprovado nos Estados Unidos em 2011 para tratamento da mielofibrose, um tipo raro de câncer do sangue.

Trata-se de um medicamento classificado como imunobiológico, ou seja, capaz de modular a resposta imune do organismo.

Essa regulação se faz através do bloqueio de moléculas específicas, as chamadas Janus Kinase (JAK).

Desde sua aprovação, o Ruxolitinib vem sendo testado como alternativa para tratar diversas outras doenças em que há um reposta inflamatória exagerada por falhas do sistema imune associadas às JAKs.

Dentre essas condições em estudo, está a alopecia areata.

Como o Ruxolitinib age na alopecia areata ?

Para se proteger de agentes infecciosos externos como bactérias, fungos e vírus, nosso organismo conta com um complexo sistema de defesa.

Existem diversas células e moléculas que fazem parte desse exército, sendo os glóbulos brancos do sangue um dos seus principais componentes.

Também chamados de leucócitos ou linfócitos, os glóbulos brancos são responsáveis, dentre outros, pelo reconhecimento e ataque aos possíveis microorganismos.

Existem 2 classes principais de linfócitos:

  • linfócitos B;
  • linfócitos T.

Os linfócitos B são encarregados de produzir anticorpos, moléculas que fazem o reconhecimento de tudo que entra no nosso organismo.

Já os linfócitos T são efetores, ou seja, são as células que atacam e destroem o que é reconhecido como estranho ou não pertencente ao corpo.

A sinalização de todo esse sistema de reconhecimento, proteção e ataque envolve muitas moléculas, dentre elas as JAKs.

Nas doenças autoimunes, há uma falha no sistema de defesa, que passa a atacar células saudáveis do próprio corpo por não as reconhecer e por entender que elas possam ser ameaças.

Ao inibir a JAK-1 e JAK-2 das células T, o Ruxolitinib seria capaz de atenuar parte dessa resposta alterada do sistema imunológico, evitando os danos aos folículos pilosos.

O tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib funciona?

Os estudos científicos sobre o tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib já apresentam alguns resultados promissores.

Um desses estudos foi realizado pela Universidade de Columbia, nos EUA, em indivíduos com alopecia areata de moderada à grave.

Durante 3 a 6 meses, 12 pacientes foram submetidos ao tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib na dose de 20 mg via oral duas vezes por dia.

Ao final da pesquisa, bons resultados foram obtidos, com taxa de crescimento capilar médio de 92% em 9 dos 12 participantes.

Claro que essa boa resposta terapêutica logo chamou a atenção da comunidade médica e dos pacientes acometidos por formas mais extensas da doença.

Apesar do resultado ser animador, é preciso ter cautela.

Primeiro porque ainda há poucos estudos sobre o tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib.

Além disso, é preciso se ter mais dados sobre a reposta terapêutica e a segurança dessa medicação a longo prazo para que se possa avaliar melhor o seu custo-benefício.

Efeitos colaterais do Ruxolitinib

Mesmo com bons resultados apresentados, ainda é importante destacar que existem efeitos colaterais do Ruxolitinib a serem considerados, como:

  • trombocitopenia, ou seja, redução das plaquetas do sangue, o que prejudica a coagulação;
  • anemia, caracterizada pela diminuição dos glóbulos vermelhos;
  • neutropenia, que consiste na redução dos neutrófilos, que assim como os leucócitos também células de defesa do organismo;
  • pancitopenia: redução de todas as células que fazem parte do sangue;
  • ganho de peso;
  • alteração dos níveis das enzimas hepáticas AST e ALT;
  • elevação do colesterol;
  • Outro aspecto a ser destacado é que o tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib pode deixar o organismo mais vulnerável às infecções.

Como altera a capacidade de resposta do sistema imunológico, os participantes do estudo ficaram mais vulneráveis às infecções como o herpes zoster, conhecido popularmente como varicela zoster ou cobreiro.

Tratamento tópico da alopecia areata com Ruxolitinib

Uma outra modalidade de tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib que vem sendo testada é o uso tópico da medicação.

A principal motivação do uso tópico seria uma ação mais restrita do medicamento à pele acometida, promovendo-se assim a redução dos seus efeitos colaterais sistêmicos.

Apesar de ser uma proposta interessante, estudos sobre o tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib tópico ainda são limitados.

Um dos poucos relatos de caso com resultados positivos foi publicado na revista científica Journal of de American Academy of Dermatology.

O caso é de uma paciente adolescente, com perda de cabelo e sobrancelha, submetida ao tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib tópico a 0,6% por 12 semanas.

Após esse período, houve crescimento dos pelos das sobrancelhas e de 10% do cabelo que caiu no couro cabeludo.

Esse bom resultado, porém, não foi reproduzido em outro caso usando a mesma formulação, desta vez em um idoso de 66 anos com alopecia areata.

No paciente em questão o tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib tópico não induziu o crescimento capilar.

Como definir o melhor tratamento para alopecia areata?

Assim como o Tofacitinib,  o Ruxolitinib é um inibidor de Janus Kinase que está sendo investigado como possível tratamento da alopecia areata, seja em comprimidos, creme ou pomada.

Os resultados positivos do tratamento da alopecia areata com Ruxolitinib são de certa forma animadores, mas precisam ser analisados com ponderação.

Ainda há importantes questões a serem resolvidas, como a manutenção da resposta terapêutica e a maior incidência de efeitos colaterais dessa medicação, com destaque à vulnerabilidade imunológica.

Para responder essas questões é preciso que se amplie a quantidade de estudos científicos, permitindo, dessa forma, uma análise mais consistente e embasada.

Formulações como o Ruxolitinib, que reduzem a resposta imunológica, podem causar graves efeitos adversos, comprometendo a saúde do paciente para além do problema capilar.

Por isso, o uso dessa e de outras medicações precisa ter o acompanhamento médico.

Nesse sentido, cabe ao médico especialista em cabelos determinar qual a severidade do caso e o tratamento para alopecia areata que é mais adequado para cada paciente, considerando-se todas as particularidades do quadro.

A Clínica Doppio possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

 

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621


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