Tricotilomania: quando o cabelo pode se tornar uma obsessão

A tricotilomania é uma causa de queda de cabelo ainda pouco conhecida pela sociedade e por parte dos médicos não especialistas.

Assim, tanto familiares quanto alguns médicos tendem a ignorar de certa forma o assunto, esperando que a pessoa pare por conta própria.

O que é tricotilomania?

A tricotilomania é um transtorno que se caracteriza pelo hábito de puxar e arrancar os fios de cabelo.

O tracionamento pode criar áreas de fios mais finos ou até mesmo sem cabelo.

A primeira descrição de um caso compatível com tricotilomania foi feita pelo “pai da medicina”, o grego Hipócrates, por volta de 400 a.C.

Entretanto, o termo tricotilomania surgiu somente no fim do século XVIII, após ser usado por um dermatologista francês.

Quem sofre de tricotilomania?

A tricotilomania afeta entre 0,6 a 3,6% da população.

A condição é uma das causas mais comuns de perda de cabelos em crianças e adolescentes.

Em adultos, é mais frequente em mulheres, apesar de homens também poderem apresentar esse comportamento.

O couro cabeludo é geralmente a área mais acometida.

No entanto, outras áreas também podem ser afetadas, como cílios e supercílios, pelos pubianos, pelos corporais e pelos da face.

Causas da tricotilomania

Os fatores desencadeantes da tricotilomania não são completamente conhecidos.

Acredita-se, no entanto, que possa haver ligação com depressão, ansiedade e estresse pós-traumático.

Há ainda alguma evidência científica sobre a possibilidade de participação de fatores genéticos.

Uma dessas evidências é a maior frequência de familiares com transtornos obsessivos compulsivos ou com a síndrome de Tourette.

Sintomas relacionados

O hábito de arrancar os cabelos de forma repetitiva geralmente se inicia na puberdade, por volta dos 13 anos.

A evolução costuma ser crônica e com flutuações.

Alguns rituais são frequentemente observados antes do arrancamento do fio.

Entre eles, o ato de pentear os cabelos, sentir os fios individualmente, enrolar os fios com os dedos e ficar mexendo no cabelo e couro cabeludo na frente do espelho.

As pessoas que sofrem desse transtorno muitas vezes arrancam seus cabelos sem perceberem o que estão fazendo.

Entretanto, outras vezes, trata-se de um ato consciente.

Nessa situação, os fios podem não ser escolhidos ao acaso.

As pessoas geralmente removem fios que parecem diferentes, fora do lugar ou outros fios que preencham algumas características para serem arrancados.

As pessoas com tricotilomania sentem uma grande vontade de arrancar os fios, gerando diferentes sensações.

Algumas relatam leve dor, outras referem prazer, conforto e até alívio.

No entanto, é comum que esses sentimentos sejam a seguir substituídos por vergonha e arrependimento.

Isso faz com que geralmente elas evitem puxar os cabelos em público, preferindo arrancar quando estão sozinhas, por vezes em momentos sedentários.

Nem mesmo o aparecimento de falhas no couro cabeludo é suficiente para inibir o ato de retirar os cabelos.

Alguns se sentem até mais motivados ao perceberem os buracos no couro.

A reação após arrancar os fios é variável.

Enquanto há quem simplesmente os descarte, outros costumam inspecionar, brincar, morder ou até comer os cabelos.

O hábito de engolir os fios é chamado de tricofagia.

A tricofagia pode levar à formação de uma massa de cabelo acumulado, denominada tricobezoar.

Os sintomas relacionados à ingestão de cabelos incluem dores abdominais, náuseas, vômitos e constipação. O cabelo ingerido pode ainda trazer complicações gastrointestinais como inflamações, má-digestão, sangramento, obstrução e até perfuração intestinal.

Dilemas do diagnóstico

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DMS-5) de 2013, a tricotilomania faz parte das desordens obsessivas compulsivas.

O diagnóstico da tricotilomania pode ser difícil, uma vez que a condição costuma ser mantida em segredo por quem sofre do problema.

Além disso, muitos não percebem o que estão fazendo, sendo frequentemente um hábito subconsciente.

Assim, às vezes a pessoa não consegue relacionar a perda do cabelo ao seu arrancamento.

Como as falhas nos cabelos e sobrancelhas costumam chamar a atenção, é comum o afastamento do convívio social.

Além do comprometimento social, pode haver prejuízo no trabalho, em atividades recreativas e na família.

Queda de cabelos por tricotilomania

Originalmente, a tricotilomania não é uma alopecia inflamatória nem cicatricial.

Trata-se de um tipo de alopecia de tração.

Assim, desde que controlada no início, é possível se reverter os danos causados pelo arrancamento dos fios.

Entretanto, o tracionamento contínuo dos fios por longos períodos pode levar à formação de cicatrizes e perda definitiva dos cabelos.

Tratamento da tricotilomania

A queda de cabelo pode ser constrangedora para homens e mulheres, mas para quem sofre de tricotilomania, ela pode ser uma mistura de vergonha e culpa.

A tricotilomania é uma condição médica que não tem cura, mas pode ser controlada.

O tratamento envolve acompanhamento médico psiquiátrico e terapia com um psicológico.

O primeiro passo do tratamento é interromper o hábito de arrancar os fios, o que pode ser extremamente difícil.

Somente após controle total da compulsão, é possível avaliar as chances de recuperação dos cabelos.

Desde que os folículos estejam viáveis, existem tratamentos que podem ajudar a recuperar áreas de rarefação.

Em casos avançados, com presença de alopecia cicatricial, as opções de tratamento passam a ser o transplante cirúrgico ou métodos de reconstrução não-cirúrgicos.

Tricotilomania: o que fazer?

Assim como é necessário enfrentar as raízes psicológicas e comportamentais do problema, também é preciso se mexer para reverter os danos já feitos e recuperar áreas de cabelos danificados.

A avaliação de um médico especialista pode ser fundamental no reconhecimento e controle dessa condição.

A Clínica Doppio além de possuir uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície, conta ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

 

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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6 Responses

  1. Sou vítima da tricotilania há 32 anos, acerto do que no meu caso não seja possível tratamentos alternativos para a volta de meus cabelos, nem mesmo implantes e transplantes.
    vcs já tiveram casos de calvície total por 32 anos que se reverteu com o procedimento adequado?

    1. Olá, Fabíola

      Existem soluções para os mais diversos graus de perda de cabelo.
      Entretanto, para saber se qual seria a melhor opção no seu caso, é preciso que se faça uma avaliação.
      Somente após avaliação completa, com análise do fio de cabelo e couro cabeludo é possível determinar os motivos da sua queda de cabelo.
      Caso queira mais informações, entre em contato conosco pelo número (11) 38539175.
      Estamos à disposição para ajudá-la.

    1. Olá, Angela Maria

      O uso do Mega hair pode causar quebra dos fios, queda (https://clinicadoppio.com.br/mega-hair-e-queda-de-cabelo/) e até perda definitiva dos cabelos, condição conhecida como alopecia de tração (https://clinicadoppio.com.br/alopecia-de-tracao/).
      Para saber se é possível reverter com tratamento, é necessário antes examinar seus fios de cabelo e couro cabeludo.
      Caso queira mais informações, entre em contato conosco pelo número (11) 38539175.
      Estamos à disposição para ajudá-la.

  2. Tenho tricotilomania a mais de 20 anos e é horrível!!! Me sinto muito mal, choro eu arranquei todo meu cabelo dessa vez eu não sei como fazer é difícil, quando meu cabelo tá melhorando e acabo com ele sofrimento demais.

    1. Olá, Josiana

      Você não precisa enfrentar isso sozinha. Você precisa de ajuda.
      Existem profissionais preparados para lidar com suas dificuldades.
      Procure um psiquiatra para acompanhamento e um médico especialista em cabelos para avaliar seu dano capilar.
      Caso queira mais informações, entre em contato conosco pelo número (11) 38539175.
      Estamos à disposição para ajudá-la.

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