Você sabia que minoxidil faz mal para cães e gatos?

Os pets cada vez mais ganham espaço na vida das pessoas. Por isso, é comum surgirem dúvidas como se o minoxidil faz mal para cães e gatos.

Não que a ideia seja utilizar o produto nos bichinhos. No caso, a preocupação é com o contato deles com materiais contendo o composto.

Como a principal forma de aplicação do minoxidil é tópica, ele acaba deixando resíduos no cabelo e objetos como fronhas.

Então, a pergunta é se o minoxidil faz mal para cães e gatos nessa situação.

Para que serve o minoxidil?

O minoxidil é um remédio oral para tratamento da hipertensão oral.

O nome comercial do medicamento referência é Loniten, disponível em comprimidos na dose de 10 mg.

Além da apresentação oral, no entanto, há também a versão tópica do composto, em solução ou espuma.

O minoxidil tópico tem aprovação em bula para tratamento da queda de cabeloalopecia em homens e mulheres.

Embora não tenha regulamentação, outro uso comum do minoxidil líquido é para crescimento da barba, sobrancelhas e do próprio cabelo.

Esse tipo de indicação que não consta na bula é chamada de off label pelos médicos.

Assim, além da calvície, algumas outras condições para uso off label do minoxidil, segundo revisão científica, são:

  • alopecia areata;
  • eflúvio telógeno;
  • alopecia cicatricial; 
  • hipotricose de sobrancelhas;
  • alopecia de tração;
  • moniletrix;
  • alopecia pós-quimioterapia.

O minoxidil em cápsulas, manipulado em doses mais baixas, também vem sendo utilizado como tratamento off label da calvície.

Por ser eficiente para tratar humanos, ainda se cogitou a utilização de minoxidil para tratar alopecia em cães.
Entretanto, como o minoxidil faz mal para cães e gatos, ele passou a ter contraindicação para uso veterinário.

Ação, absorção e metabolismo do minoxidil

O minoxidil é um potente vasodilatador, ou seja, ele induz o relaxamento e expansão da parede dos vasos sanguíneos. Dessa forma, ele provoca a queda da pressão dentro das artérias, sendo, portanto, um agente hipotensor.

O mecanismo de ação do minoxidil envolve a abertura de canais de potássio sensíveis a adenosina-trifosfato (ATP). 

Ao abrir esses canais, há queda da pressão e estímulo à proliferação de células do folículo piloso.

Seja como tônico capilar ou medicamento oral, o minoxidil é absorvido e se torna sistêmico.

O minoxidil comprimido tem rápida absorção no trato gastrointestinal, produzindo picos no sangue humano 1 hora após sua ingestão. Nos cachorros, o pico plasmático ocorre 2 horas depois de sua administração.

Uma vez no sangue, a droga então é primariamente metabolizada no fígado e eliminada na urina.

Embora sua meia-vida seja de 4 horas, o minoxidil pode permanecer mais de 72 horas no organismo humano. 

A duração exata do minoxidil em cachorros ainda não foi estabelecida, mas acredita-se que seja pelo menos 24 horas.

Por que o minoxidil faz mal para cães e gatos?

Assim como nos humanos, o minoxidil também provoca queda de pressão em animais de estimação.

Além disso, contudo, os efeitos do minoxidil em cães e gatos podem ir além.

Na literatura científica, há descrição, por exemplo, de lesões cardiovasculares e pulmonares nos pets contaminados pelo fármaco.

No coração, o minoxidil pode causar miocardite, arritmia, sangramento intratrial, inflamação das artérias coronárias e infarto. Já no pulmão, pode haver derrame pleural e edema pulmonar.

Além disso, também se descrevem alterações neurológicas como convulsão e redução da perfusão renal resultando em distúrbios eletrolíticos e bioquímicos.

A intoxicação de animais domésticos por minoxidil é grave?

Para avaliar a frequência e gravidade da toxicidade do minoxidil em pets, pesquisadores americanos fizeram uma investigação sobre o tema.

A pesquisa teve como fonte o banco de dados do Centro de Intoxicação da Associação de Americana de Proteção Animal.

Entre 2001 a 2019, houve 294 ocorrências de contaminação de cães e gatos por minoxidil nos Estados Unidos. Desse total, 211 registros foram selecionados para a pesquisa, sendo 78 cachorros e 133 gatos.

Embora houvesse contato com o medicamento, a intoxicação ocorreu em apenas 25 dos 78 cães e 62 dos 133 gatos.

Desse grupo, 56% dos cachorros e 59,7% dos gatos apresentaram sintomas moderados ou graves pelo minoxidil.

A hospitalização foi necessária em 94,3% das vezes, ou seja, em 82 dos 87 animais.

Além disso, 12,9% dos gatos com sintomas morreram.

Qual a dose de minoxidil faz mal para cães e gatos?

O levantamento americano teve muita dificuldade para calcular quanto do minoxidil faz mal para cães e gatos.

Isso porque em muitos casos, a exposição foi tão baixa que acabou nem permitindo sua quantificação.

Desse modo, não se conseguiu determinar a dose tóxica em 16 dos 25 cachorros e 55 dos 62 gatos.

Além disso, em 38 casos o único parâmetro de medida foi o número de lambidas.

No entanto, em 10 casos foi possível calcular a dose por peso.

Nesse grupo, a dose mínima de minoxidil necessária para produzir sintomas de intoxicação foi de 0,79 mg/kg em um cachorro.

Mas os autores ressaltam que mesmo 1 gota ou 1-2 lambidas de minoxidil podem causar sintomas severos em cães e gatos.

Quais são os sinais e sintomas de intoxicação de pets por minoxidil?

Uma vez que minoxidil faz mal para cães e gatos, é bom ficar atento aos sinais de alerta para intoxicação.

Um artigo de 2018 descreve os sintomas mais comuns em pets após uma overdose do medicamento.

Os autores dividem o quadro clínico para gatos e cachorros.

Assim, em cachorros os sinais de toxicose por minoxidil incluiriam: hipotensão, palpitação ou taquicardia e pulsação da carótida.

Já nos gatos os principais indícios de sobrecarga por minoxidil seriam perda de apetite, letargia e falta de ar.

Já o levantamento de 2021 aponta uma sintomatologia semelhante entre cães e gatos.

Segundo os pesquisadores, os primeiros sinais de intoxicação por minoxidil em ambos os animais são vômitos ou salivação excessiva.

Esses sinais ocorreram logo depois ou dentro de algumas horas após contato com o composto.

Além disso, também se observou sinais de pressão baixa, incluindo sonolência e lentificação dos movimentos entre 3 a 36 horas.

Outros sinais e sintomas comuns foram: batedeira, respiração rápida, hipotermia, anorexia e vômitos. 

Alterações neurológicas, pulmonares, cardíacas, bioquímicas e renais também foram descritas.

Como evitar a intoxicação de animais de estimação por minoxidil?

Sabendo que o minoxidil faz mal para cães e gatos, é preciso pensar em como afastar os bichinhos desse perigo.

Para tentar solucionar esse problema, primeiro vale a pena saber como eles acabam se contaminando com o remédio.

Particularmente em gatos, a exposição geralmente ocorre quando há uso de minoxidil tópico por alguém da família.

O comportamento de farejar e explorar dos animais foi o responsável por cerca de 88% dos casos de contaminação não intencional.

A pesquisa sugere haver sinais de intoxicação mesmo depois do produto estar seco ou após o banho.

Mais ainda, além do contato com o cabelo ou pele do usuário de minoxidil, também se notou contágio após contato com fronhas.

Por isso, os autores sugerem ter mais cuidado com pets que frequentam a cama do paciente em tratamento. Isso é válido especialmente para aqueles que dormem na cabeceira.

Além disso, é bom ficar atento às almofadas e sofás, onde ambos frequentam.

Outras situações de contágio descritas pelos cuidadores dos pets na pesquisa foram:

  • espirrar sem querem a loção perto do animal;
  • farejar e comer objetos como cotonetes e lenços com minoxidil descartados no lixo.

Por isso, é importante restringir o acesso dos animais aos locais de uso, separando e lacrando o material contaminado.

Como tratar se o minoxidil faz mal para cães e gatos?

O minoxidil tópico é um medicamento muito útil e seguro para tratamento de adultos.

Embora não possa ser utilizado por gestantes, sua segurança em lactantes tem respaldo da Academia Americana de Pediatria.

Portanto, não há motivos para pânico.

Claro que uma vez que o minoxidil faz mal para cães e gatos, ele não deve nunca ser usado neles.

Já em pacientes que têm bastante contato com seus pets, é preciso fazer algumas adaptações na rotina.

Quer saber como lidar com a situação? Então, faça-nos uma visita!

A Clínica Doppio  possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

 

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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