Alopecia de pressão: queda de cabelo por headset ou injetáveis

Além da calvície genética, existem outras patologias capazes de gerar perda capilar. Uma delas é a alopecia de pressão.

Se antes essa era apenas uma hipótese remota, hoje em dia, já se admite tal possibilidade.

Aliás, na literatura médica vem aumentando o número de relatos desse problema.

Por isso, é bom ter mais informações sobre o assunto.

O que é alopecia de pressão?

A alopecia de pressão é uma forma rara de queda capilar devido à compressão de certas áreas do couro cabeludo.

Nesse caso, a perda dos fios se deve ao bloqueio dos vasos sanguíneos responsáveis pela oxigenação dos folículos capilares.

Sem o aporte adequado de oxigênio e nutrientes, os fios vão progressivamente enfraquecendo até caírem.

Além da hipóxia e déficit nutricional, ainda se admite a participação do trauma e inflamação locais na patogênese dessa condição.

Quais são as causas da alopecia de pressão?

A oclusão dos vasos sanguíneos do couro cabeludo pode se dar tanto por agentes externos como internos.

Fatores externos

A primeira descrição científica da alopecia de pressão por agentes externos data de 1960.

Depois disso, foram surgindo mais situações nas quais essa passou a ser a justificativa da perda de cabelo. 

Os relatos englobam, por exemplo, cirurgias prolongadas, pacientes acamados, trauma no parto e uso de capacetes ou fones de ouvido.

Algumas dessas condições até chegaram a receber nomes próprios, como no caso da alopecia pós-operatória ou da alopecia por televisão.

Nessa última, as falhas de cabelo na nuca seriam secundárias ao longo tempo sentado assistindo TV.

Mecanismos similares ocorreriam em pacientes hospitalizados ou acamados e bebês que permanecem muito tempo deitados.

Devido à facilidade de compressão, algumas regiões são mais propensas a desenvolver alopecia de pressão. Esse é o caso, por exemplo, de proeminências ósseas do couro cabeludo como a coroa e a nuca.

No caso do capacete, headset, boné ou toucas, as laterais da cabeça também podem apresentar falhas.

Uma outra área de alopecia foi descrita em pacientes internados durante a pandemia de Covid-19.

Por conta da insuficiência respiratória grave, esses pacientes passavam muito tempo de bruços, gerando compressão da linha frontal.

Desse modo, parte deles acabou ficando sem cabelo na área de implantação capilar.

Outros fatores de risco para a queda de cabelo por pressão são: obesidade, hipotensão intraoperatória, cirurgia cardíaca e transtornos psiquiátricos.

Na alopecia de pressão, a queda de cabelo tipicamente se inicia 3 a 28 dias após o evento compressivo.

Ao cair, as chances de voltar o cabelo variam conforme a gravidade e duração da pressão.

Geralmente a condição é temporária e o cabelo volta a crescer conforme se interrompe a compressão local.

Entretanto, em casos mais severos, podem ocorrer feridas, úlceras e até necrose da pele com alopecia cicatricial permanente.

Alopecia de pressão por injetáveis

Além da compressão externa, infiltrações no couro cabeludo também podem gerar queda de cabelo.

Já existem na literatura médica relatos de alopecia de pressão após procedimentos estéticos e  tratamentos injetáveis para calvície.

Dentre os procedimentos dermatológicos estão o preenchimento com ácido hialurônico, aplicação de desoxicolato e bioestimuladores como a hidroxiapatita de cálcio.

Além deles, há também casos de queda de cabelos após enxerto de gordura e MMP, mesoterapia ou intradermoterapia. 

Aliás, em alguns desses pacientes, como relatado nesse artigo, houve até formação de abscessos subcutâneos, necrose e perda definitiva dos cabelos.

A explicação para ocorrência dessas complicações seria a compressão direta dos produtos injetados sobre as artérias e capilares cutâneos.

Por ocupar espaço dentro ou ao redor dos vasos, essas substâncias geram isquemia, ou seja, a falta de sangue no local.

Dessa forma, mesmo quando não já oclusão intravascular total, ainda assim o folículo deixa de receber oxigênio e nutrientes necessários.

Por isso, a consequência é a interrupção do seu crescimento, com alteração do ciclo capilar e queda.

Dependendo da gravidade dessa oclusão, pode haver comprometimento não só do folículo, mas também da pele, gerando necrose e alopecia.

São fatores determinantes na manifestação da alopecia por pressão interna a quantidade de substância injetada e a área da aplicação.

Suas consequências também variam desde temporárias, com posterior crescimento do cabelo, até morte dos tecidos e formação de cicatrizes.

Diagnóstico

O diagnóstico da alopecia de pressão depende da combinação entre a história clínica do paciente e a região da perda capilar. 

Alguns sinais premonitórios à queda de cabelo incluem vermelhidão, inchaço e sensibilidade locais.

O paciente muitas vezes já suspeita do agente causal por conta da localização e relação temporal com a queda.

Então, ao procurar o médico, é comum ele indagar sobre essa possibilidade.

Por sua vez, com essas queixas, sinais e sintomas localizatórios, fica mais fácil para o médico estabelecer essa conexão.

Em geral, não há necessidade de fazer exames complementares para o diagnóstico da alopecia de pressão. Basta ter a história e o exame compatíveis.

Entretanto, em caso de dúvida diagnóstica, pode ser necessário ir além na investigação.

Um exame que pode ser feito nessa situação é a tricoscopia, ou seja, uma análise microscópica do fio e couro.

Não há nenhum sinal específico nesse exame que possa fechar o diagnóstico, mas há alguns sugestivos. Dentre eles estão, por exemplo, fios quebrados, pontos pretos e áreas de escamas ao redor dos folículos.

A biópsia também não acrescenta nada à investigação, exceto se for preciso excluir outra patologia com anatomopatológico mais característico.

No caso de injetáveis, o ultrassom pode ser importante para determinar a intensidade e local da constrição vascular.

Além disso, ele pode orientar o direcionamento correto dos procedimentos descompressivos e confirmar a desobstrução vascular pós-tratamento.

Como tratar a alopecia de pressão?

A prevenção é o melhor tratamento para a alopecia de pressão.

Isso porque com a adoção de algumas medidas é possível evitar a instalação do problema.

Dentre os cuidados estão, por exemplo, a alternância de posição em pacientes acamados ou em acessórios como headphones e tiaras.

Já em relação às técnicas injetáveis, deve-se evitar a aplicação em áreas de risco e uso de grandes volumes.

Mas uma vez instalada, o tratamento para alopecia de pressão varia de acordo com a gravidade e causas da condição.

Embora geralmente seja autolimitante e reversível, alguns casos podem demandar intervenção médica. Um deles é após “harmonização”.

Na alopecia de pressão por injeção de ácido hialurônico deve-se tentar aplicar hialuronidase para dissolver o produto.

Desse modo, consegue-se aliviar a pressão nos vasos sanguíneos, retomando o fluxo e o crescimento capilar.

Quando o quadro evolui para alopecia cicatricial, o tratamento se torna mais desafiador, exigindo uma avaliação individualizada para proposta terapêutica.

Portanto, se você desconfia que seu cabelo está caindo por excesso de compressão, venha confirmar com a gente!

A Clínica Doppio  possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema na busca por um resultado satisfatório.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621


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