Enxerto de gordura no couro cabeludo para calvície
Pesquisas científicas vêm tentando definir o papel do enxerto de gordura no couro cabeludo para tratamento da alopecia.
Há tempos, cientistas do mundo todo perseguem uma cura para calvície. Dessa busca incessante, surgem remédios, aparelhos e procedimentos dentre os quais alguns se mostram eficientes e outros não.
Essa diferenciação se dá com o tempo, a partir de inúmeros testes comparativos e análises de resultados.
Nesse contexto, o enxerto de gordura no couro cabeludo vem sendo uma das terapias capilares em foco.
A ideia é oferecer uma alternativa complementar aos tratamentos já existentes para a calvície.
Alopecia: um desafio terapêutico
Existem diversos quadros capazes de provocar a perda de cabelo como, por exemplo, genética, doenças inflamatórias, autoimunes ou trauma.
Dentre todas as causas de calvície, a alopecia androgenética é de longe a mais comum.
Por essa condição, até 80% dos homens e 60% das mulheres vão progressivamente ficando sem cabelos.
A alopecia androgenética é uma patologia de padrão hereditário hormônio-dependente. Por isso, seu início pode ocorrer a qualquer momento após a puberdade.
Em pessoas predispostas geneticamente, os fios vão se tornando cada vez mais finos e curtos até sumirem por completo.
Esse processo, conhecido como miniaturização, acomete homens e mulheres de formas distintas. Classicamente, a calvície masculina preserva as laterais e a nuca dos pacientes. Já na alopecia feminina, o quadro é difuso, afetando todas as áreas do couro cabeludo.
O grande problema da alopecia androgenética é ser progressiva, ou seja, quanto mais evolui, menores são as chances de voltar.
Isso porque além de afetar o fio, a miniaturização também compromete as células-tronco, responsáveis pela capacidade de regeneração do folículo.
Aliás, a perda das células estaminais são o ponto comum entre todos os tipos de alopecias definitivas.
Desse modo, em resumo, se houver morte das células-tronco, há perda permanente do cabelo.
Boa parte dos tratamentos capilares visa preservar e proteger essas células para garantir a sobrevivência dos fios.
O enxerto de gordura no couro cabeludo, por sua vez, tem uma proposta diferente.
Dentro de uma linha mais regenerativa, o procedimento pode ser o elo que faltava para solucionar a calvície.
Para que serve o enxerto de gordura no couro cabeludo?
O tecido adiposo é um dos locais de armazenamento de gordura no corpo.
Na pele, ele funciona como regulador térmico, reserva energética, coxim de proteção de órgãos e sede de liberação de hormônios.
Além dos adipócitos, no entanto, a hipoderme também é uma rica fonte de células estaminais e diferentes fatores de crescimento.
A concentração de células-tronco no tecido adiposo pode ser 100 a 1000 vezes maior do que na medula óssea.
Então, graças a essa abundância e relativa facilidade de acesso, a gordura se torna um interessante reservatório de células mesenquimais.
Por sua vez, as células primordiais são pluripotentes, conseguindo se diferenciar em diversos outros tipos de tecidos, incluindo foliculares.
Por essa razão, elas estão sendo estudadas em tratamentos médicos regenerativos, como no caso da alopecia androgenética.
Já os fatores de crescimento presentes no tecido adiposo atuam na reparação e recuperação dos tecidos, contribuindo no desenvolvimento capilar.
Portanto, o enxerto de gordura no couro cabeludo serve para aumentar o aporte local de células-tronco e fatores de crescimento.
Considerando-se esse potencial da gordura subcutânea, ela tem sido pesquisada para tratamentos diversos, incluindo de todas as formas de alopecia.
Benefícios e limitações da lipoenxertia para tratamento da alopecia androgenética
Assim como outras terapias capilares, o enxerto de gordura no couro cabeludo tem seus prós e contras.
Dentre as vantagens da transferência de células-tronco e fatores de crescimento através do enxerto estariam:
- melhora da irrigação e, portanto, da nutrição dos folículos existentes;
- aumento nas chances de “pega” das unidades foliculares no caso de um transplante capilar;
- estabelecimento de um ambiente favorável ao crescimento e desenvolvimento dos fios;
- teórica formação de novos folículos, com possível recuperação da capacidade regenerativa do fio.
O resultado final de todas essas ações seria o ganho da densidade capilar em casos de calvície.
Outro ponto positivo da técnica seria a baixa chance de rejeição por se tratar de células do próprio corpo.
Por fim, o enxerto de gordura no couro cabeludo também tem se mostrado um método seguro, sem grandes complicações.
Já entre as limitações da lipoenxertia capilar destacam-se principalmente a falta de padronização dos protocolos e inconsistência de resultados.
Como é feito o enxerto de gordura no couro cabeludo?
A técnica de lipoenxertia capilar consiste na retirada de gordura de alguma parte do corpo para então injetar na cabeça.
A coleta das células adiposas é feita com lipoaspiração, seguida de processamento e separação dos componentes através de centrifugação.
Após isolar a fração vascular estromal, há preparação do material para posterior aplicação na pele do couro por intradermoterapia.
Embora esses sejam os passos gerais do procedimento, não existe um protocolo padrão para obtenção, preparação ou aplicação da técnica.
Pelo contrário, há diversas sugestões de métodos de isolamento das células e planos de tratamento. Alguns autores, por exemplo, sugerem desde aplicação única até ciclos mensais por 2 a 6 meses.
Enxerto de gordura no couro cabeludo funciona?
Algumas pesquisas vêm revelando dados promissores em relação à técnica de lipoenxertia capilar.
Um estudo com 71 pacientes de 2020, por exemplo, apontou melhorias significativas na contagem de fios 24 semanas após o procedimento.
Além de efetivo, segundo os autores, o enxerto de gordura no couro cabeludo mostrou-se seguro e com boa tolerância.
Outro trabalho com resultados animadores foi a revisão sistemática de 2023 do Acta Biomedica.
Para avaliar a eficácia e segurança do enxerto de gordura no couro cabeludo, esses pesquisadores revisaram 150 artigos. Desse total, eles selecionaram 9 para fazer a análise com mais detalhes.
Em comum, esses 9 estudos mostraram algum aumento da densidade capilar, mas não com todos os graus de calvície.
Além disso, em 50% deles houve ganho na espessura do fio.
Por fim, nos 2 trabalhos que incluíram o teste de tração, também se observou uma melhora da resistência do fio.
No que diz respeito à segurança, não houve relato de nenhuma complicação grave. Os efeitos adversos mais comuns foram dor e roxo no lugar da injeção.
Contras do enxerto de gordura no couro cabeludo
Da mesma forma que existem dados a favor, também se encontram alguns questionamentos sobre a lipoenxertia capilar.
Na própria revisão sistemática de 2023, por exemplo, reconheceu-se uma dificuldade na avaliação por conta da falta de padronização da técnica.
Aliás, essa foi a mesma conclusão de um outro artigo de revisão sobre enxerto de gordura no couro cabeludo.
Nesse trabalho, avaliou-se a lipoenxertia para calvície masculina, alopecia feminina, foliculite decalvante, alopecia areata, transplante capilar, alopecia traumática e escleroderma.
Embora também tenham observado resultados positivos com o procedimento, eles destacam a dificuldade técnica de validar esses achados.
Isso porque eles encontraram uma grande diversidade nos métodos de coleta, preparação e enxertia da gordura.
Não há um protocolo padrão, ficando a carga de cada médico praticar a forma que lhe pareça mais conveniente.
Além disso, a maioria dos estudos sobre enxerto de gordura no couro cabeludo tem amostras pequenas, sem um grupo controle.
Isso tudo dificulta a comparação e análise de resultados, enfraquecendo os dados positivos.
Dessa forma, a lipoenxertia capilar ainda é considerada um procedimento com baixo grau de evidência científica.
Em outras palavras, trata-se de um método experimental ainda em fase de testes e aprimoramento.
Enxerto de gordura no couro vale a pena?
Na teoria, a lipoenxertia capilar tem um potencial interessante para se tornar um método de tratamento da calvície.
Afinal de contas, tanto as células estaminais quanto os fatores de crescimento são elementos necessários para a proliferação folicular.
Entretanto, na prática, ainda há uma certa dificuldade técnica em se validar os resultados da lipoenxertia do couro.
Assim, mais estudos são necessários para definir bem as indicações e padronizar cada etapa da técnica.
Até lá, quem oferece enxerto de gordura no couro cabeludo deve avisar de que se trata de algo experimental.
Além disso, também é preciso orientar o paciente sobre o que esperar do procedimento e dar opções de tratamento.
Atualmente, existem medicamentos aprovados para tratamento da alopecia como o minoxidil e finasterida.
Dentre as terapias complementares estão disponíveis o laser capilar, plasma rico em plaquetas (PRP), intradermoterapia e microagulhamento.
Já como tratamento cirúrgico, o transplante capilar com a técnica FUE tem destaque para casos mais avançados de calvície masculina.
Por isso, diante de tantas alternativas, vale a pena consultar um médico especialista para definir qual o tratamento mais adequado.
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Dr. Nilton de Ávila Reis
CRM: 115852/SP | RQE 32621