Benefícios e riscos de aplicar óleo de coco no cabelo

O uso de óleo de coco no cabelo vem se tornando popular entre adeptos de cuidados capilares mais naturais.

Essa escolha faz parte de uma tendência crescente de se optar por produtos com menos substâncias químicas sintéticas.

Além disso, a mídia também vem apontando diversos possíveis benefícios dessa prática, reforçando o interesse pelo assunto.

Como não poderia deixar de ser, a sua fama também chegou na comunidade científica, motivando pesquisas sobre o tema.

Diante desse cenário, vale a pena esclarecer se aplicar óleo de coco no cabelo é bom mesmo ou faz mal.

Mas antes de chegar a uma conclusão, é preciso expor mais informações sobre esse tópico.

Composição do óleo de coco

Para verificar se um produto é bom, deve-se primeiro checar sua procedência e saber do que ele é feito.

O óleo de coco é extraído da polpa do fruto, ou seja, da sua parte interna branca.

Esse óleo não contém quantidades significativas de vitaminas ou minerais. Sua composição é praticamente 100% gordura, sendo 80 a 90% dela saturada. 

A gordura saturada é tida como uma grande vilã pelos médicos por se relacionar ao aumento do LDL ou colesterol ruim.

No coco, essa gordura é responsável por manter a consistência firme do óleo em temperaturas até cerca de 25°C.

Se à primeira vista, o óleo de coco parece ruim para a saúde, tem também um outro lado a se considerar.

Ácidos graxos saturados

As moléculas de gorduras saturadas podem ser divididas pelo tamanho da sua cadeia de carbono. 

De acordo com essa classificação, tem-se ácidos graxos de cadeia curta, média e longa.

Os ácidos graxos de cadeia longa, com 14 a 24 carbonos, aumentam o colesterol e se acumulam no tecido adiposo como triglicérides.

Porém, os ácidos graxos de cadeia curta (2 a 6 carbonos) e média (8 a 12 carbonos) são diferentes.

Ao serem absorvidos no intestino, eles são diretamente direcionados ao fígado como fonte primária de energia.

Dessa forma, eles são bons nutrientes para o funcionamento do organismo.

Segundo estudos, dentre as ácidos graxos que compõem o óleo de coco, tem-se:

  • ácido láurico (12 carbonos): 49%
  • caprílico (8 carbonos): 8%;
  • mirístico (14 carbonos): 8%;
  • palmítico (16 carbonos): 8%;
  • cáprico (10 carbonos): 7%;
  • oleico (18 carbonos): 6%;
  • esteárico (18 carbonos): 2%;
  • linoleico (18 carbonos): 2%.

Como se percebe, o ácido láurico, de cadeia média, corresponde a quase metade da composição do óleo de coco.

Desse modo, muito das propriedades benéficas do óleo para a saúde vem desse componente.

Com o cabelo não é diferente.

Benefícios do óleo de coco no cabelo 

O fato de ser natural é o primeiro argumento a favor da utilização de óleo de coco no cabelo.

Por não conter aditivos, ele passa a ser menos irritante e seguro para uso tópico.

Além disso, sua composição rica em gorduras confere uma boa ação hidratante ao composto.

Isso porque como água e óleo não se misturam, a película oleosa ajuda a manter a água dentro do fio.

O resultado, portanto, é uma maior hidratação da haste capilar.

Por sua vez, cabelos hidratados são mais sedosos, flexíveis e resistentes.

Aliás, esse foi o tema de um estudo científico de 2021 sobre efeitos dos óleos nas propriedades físicas do cabelo.

O experimento avaliou a resposta das fibras capilares com óleo de coco versus mineral.

Os testes revelaram que a aplicação de óleo de coco no cabelo aumentou sua flexibilidade e resistência a tração e torção.

Além da hidratação da haste capilar, ele pode ajudar na finalização de penteados e controle de frizz.

Portanto, o uso de óleo de coco no cabelo é bom para a saúde e aspecto dos fios.

Dessa forma, com as orientações certas, ele pode ser uma opção dentro de um cronograma capilar.

Entretanto, isso não se aplica a todos os casos.

Riscos do uso de óleo de coco

Assim como podem ser úteis na rotina de cuidados capilares, os óleos também podem ser prejudiciais ao fio.

Além do aspecto oleoso e pesado, há outros problemas de usar óleo de coco no cabelo.

Dependendo da forma como se utiliza e combina ele com outros produtos, o efeito pode ser o oposto ao desejado.

O quadro, conhecido como hidrofobia capilar, se caracteriza pelo acúmulo de cremes e resíduos na superfície do fio.

Nessa condição, os restos de produtos vão formando uma camada isolante ao redor da fibra capilar

Como consequência, há uma alteração da porosidade com aumento na dificuldade da água penetrar no interior do fio.

Dessa maneira, o fio vai se tornando paradoxalmente mais rígido, opaco, seco e quebradiço.

Portanto, a aplicação incorreta do óleo de coco no cabelo faz mal ao fio.

Para evitar esse tipo de complicação, existem algumas dicas como o método LOC ou a utilização de xampus detox.

Como essas escolhas dependem do tipo de fio, hábitos e cuidados com o cabelo, a recomendação é buscar ajuda profissional.

Prós e contras da aplicação no couro cabeludo

Desde que entrou no radar da opinião pública, multiplicaram-se as sugestões para aproveitar o coco e seus derivados.

Desse modo, além do uso do óleo de coco no cabelo, também há quem defenda seus benefícios ao couro cabeludo.

Argumentos a favor não faltam.

Há diversos dados na literatura médica sobre as propriedades hidratante, anti-inflamatória e antioxidante do óleo de coco.

Uma outra linha de pesquisa é sobre a ação do composto nos microrganismos da pele.

Um desse estudos foi realizado na Índia e publicado na renomada revista científica Nature.

No trabalho, os pesquisadores compararam como o couro cabeludo saudável e com caspa respondiam ao tratamento com óleo de coco.

Após os testes, verificou-se que o óleo de coco pode influenciar o microbioma local, seja na população fúngica ou bacteriana. 

Em se tratando de fungos, sabe-se que a espécie Malassezia globosa é mais frequente no couro saudável.

Por outro lado, pessoas com caspa tendem a ter um aumento do fungo Malassezia restricta.

Posto isso, o estudo verificou como se comportavam essas populações de fungo após aplicar óleo de coco no cabelo.

O resultado foi uma redução de M. restricta nos pacientes com caspa e aumento da M. globosa nos dois grupos.

Esses achados então sugerem que a aplicação do óleo de coco no couro cabeludo ajude a manter uma microbiota saudável.

A má notícia é que as observações não pararam por aí.

Embora tenha reduzido a presença de espécies fúngicas patogênicas, os efeitos não foram duradouros nos pacientes com caspa.

Riscos e complicações 

Não há muitos dados ou relatos científicos sobre reações graves pelo uso do óleo de coco no cabelo ou couro.

Dessa forma, o maior risco de usá-lo é a automedicação, ou seja, torná-lo substituto de tratamentos dermatológicos tradicionais.

Além disso, como toda substância, ele pode desencadear reações alérgicas em pessoas com sensibilidade.

Por isso, a recomendação é sempre fazer teste em uma área pequena antes de aplicar o produto no couro. 

Se houver vermelhidão, coceira ou irritação, é aconselhável não fazer uso do produto.

Óleo de coco no cabelo é bom ou faz mal?

Assim como em outros temas polêmicos, há prós e contras em aplicar óleo de coco no cabelo ou couro cabeludo.

O poder de hidratação dos fios, por exemplo, é um inegável ponto a favor

Também há bom respaldo sobre suas atividades anti-inflamatória, antioxidante e antimicrobiana.

Mas também há o outro lado.

Mesmo para quem defende seus efeitos benéficos, o produto não pode ser visto como um tratamento para caspa ou dermatite.

Isso porque além dos resultados sobre a microbiota cutânea serem limitados e efêmeros, ele pode causar aumento da oleosidade do couro.

Por sua vez, o acúmulo do sebo pode agravar quadros de dermatite seborreica e queda de cabelo.

Além disso, o excesso de óleo pode alterar a porosidade do fio, deixando-o mais seco, áspero e frágil.

Portanto, diante dessas questões, percebe-se que utilizar óleo de coco no cabelo pode ser bom ou ruim, dependendo da situação.

De qualquer forma, não se deve substituir formulações médicas por receitas caseiras com óleo de coco.

Isso é válido especialmente para quem apresenta queda de cabelo, caspa ou irritação no couro cabeludo.

Nesses casos, antes de passar qualquer produto, mesmo natural, recomenda-se buscar orientações de um médico especialista.

A Clínica Doppio  possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema na busca por um bom resultado.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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