O que se esperar do tratamento com desoxirribose para calvície?

Dentre as linhas de pesquisas sobre possíveis  novos tratamentos capilares, uma delas diz respeito ao emprego de desoxirribose para calvície.

A ideia é ampliar a gama de medicações capazes de combater a queda de cabelo e progressão da perda capilar.

Embora já existam muitos produtos disponíveis no mercado, poucos têm a devida avaliação quanto à eficácia e segurança.

Nesse grupo, enquadram-se os clássicos minoxidil tópico e finasterida oral.

Esses medicamentos foram os primeiros a obter aprovação para tratamento da alopecia androgenética pelo FDA, agência reguladora dos Estados Unidos.

Entretanto, diversos outros ativos também vêm buscando essa certificação. No caso, um deles seria a desoxirribose.

Portanto, vale a pena saber quais seriam os mecanismos de ação, efeitos e resultados da desoxirribose para calvície.

Como se perde cabelo na calvície?

A alopecia androgenética é a causa mais comum de perda capilar masculina e feminina em todo o mundo.

De acordo com estudos, ela afeta até 80% dos homens e 40% das mulheres em algum momento da vida.

A calvície genética ocorre pela ação de hormônios masculinos, como a testosterona e di-hidrotestosterona (DHT), em pessoas com predisposição hereditária.

O DHT se forma através da metabolização da testosterona pela enzima 5α-redutase.

Na calvície, os hormônios masculinos enfraquecem e atrofiam progressivamente os fios até haver perda definitiva do cabelo.

Esse processo, conhecido como miniaturização, atinge regiões específicas do couro cabeludo dos homens, sendo mais difuso em mulheres.

As medicações com regulamentação pela FDA agem em alguns desses pontos.

A finasterida, por exemplo, inibe a enzima 5α-redutase, reduzindo os níveis de DHT e sua ação negativa sobre o folículo em homens.

Já o minoxidil é capaz para estimular a proliferação das células do bulbo capilar, com consequente crescimento dos fios.

Diante desse cenário, a primeira dúvida sobre seria qual a ação da desoxirribose para calvície.

Antes de responder essa questão, no entanto, é preciso ter algumas informações sobre esse composto.

O que é desoxirribose?

A desoxirribose ou 2-desoxi-D-ribose (2dDR) é um monossacarídeo semelhante à desoxipentose.

Monossacarídeos são formas mais curtas e simples de carboidratos, contendo entre 3 a 7 átomos de carbono em sua estrutura. Alguns exemplos de monossacarídeos incluem a glicose, frutose e galactose.

No caso da desoxirribose, sua molécula contém 5 carbonos, com um hidrogênio (H) substituindo a hidroxila (OH) na posição 2.

Portanto, a desoxirribose é um tipo simples de açúcar cuja fórmula química é C₅H₁₀O₄.

Para que serve a desoxirribose?

Em pesquisas laboratoriais, a desoxirribose demonstrou ter efeitos na proliferação e migração das células.

Em ratos, por exemplo, ela foi capaz de induzir a formação de vasos sanguíneos e acelerar a cicatrização de feridas.

Além disso, ela tem demonstrado potencial em estimular o crescimento capilar.

Como age a desoxirribose para calvície?

Os estudos sobre a desoxirribose no tratamento da alopecia são preliminares.

Desse modo, ainda não se sabe ao certo como e se ela realmente funciona.

Os testes em ratos, no entanto, sugerem alguns possíveis mecanismos.

A principal ação da 2-desoxi-D-ribose (2dDR) nos experimentos foi a de induzir a neoangiogênese.

A neoangiogênese consiste na formação de novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes, contribuindo para mais vascularização na região.

Por sua vez, a melhora da circulação proporciona uma maior oferta de oxigênio e nutrientes ao tecido, favorecendo seu desenvolvimento.

Portanto, o efeito da desoxirribose para calvície seria proporcionar crescimento capilar através do aumento da nutrição e oxigenação dos folículos.

Tratamento com desoxirribose para calvície funciona? 

As pesquisas sobre a desoxirribose na área capilar ainda são incipientes.

Mas alguns resultados iniciais parecem promissores.

Esse é o caso de um estudo multicêntrico no qual se testou a ação da desoxirribose para calvície em ratos.

Nesse experimento, o 2dDR foi aplicado topicamente em camundongos com alopecia androgenética induzida.

Com fins comparativos, os cientistas ainda criaram um grupo controle e outro no qual se usou 2dDR + Minoxidil.

A análise dos dados mostrou diversos aspectos positivos no grupo da desoxirribose. 

Um deles foi o aumento da duração e da proporção de fios em fase anágena. 

A fase anágena é o o período de maior atividade e crescimento do cabelo.

Quanto mais longa é essa fase, maior o comprimento final dos fios. 

Além disso, uma maior proporção de fios em fase anágena indica, indiretamente, uma menor taxa de queda de cabelo. Isso porque quanto mais fios na fase anágeno, menor é a quantidade em fase telógena, ou seja, de queda.

Outros resultados interessantes da pesquisa foram o aumento na densidade capilar, espessura do fio, quantidade de vasos e até na melanina.

Dessa forma, o tratamento com desoxirribose para calvície possibilitaria ter cabelos mais longos, fortes e ainda na cor original.

As taxas de resposta à desoxirribose foram entre 80 a 90%, semelhantes às do grupo do minoxidil.

Entretanto, o grupo do minoxidil + 2dDR não se mostrou superior aos outros grupos de tratamento com os ativos isolados.

Portanto, não houve um efeito sinérgico, ou seja, acumulativo pelo uso concomitante de minoxidil e desoxirribose no cabelo.

Vale a pena fazer o tratamento com desoxirribose para calvície?

A desoxirribose aparece como uma potencial nova opção de medicamento para tratar a alopecia androgenética

Porém, mesmo apresentando alguns resultados promissores, o uso da desoxirribose para calvície ainda está em fases muito iniciais de teste.

São necessárias mais pesquisas para compreensão dos mecanismos de ação, efeitos e segurança para seu uso em seres humanos.

Portanto, ainda há um longo caminho a percorrer antes de se ter uma versão comercial da desoxirribose disponível no mercado.

Enquanto isso não ocorre, o mais sensato é buscar por tratamentos já consagrados, com eficácia e segurança comprovados.

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