Tricodistrofia: tipos, causas, diagnóstico e tratamento

Não é incomum ouvir de pacientes com tricodistrofia sobre a dificuldade de descobrir porque seus cabelos são diferentes.

Em geral, eles contam longos históricos de consultas e tratamentos sem um resultado convincente.

Até por isso, eles frequentemente se vêem meio perdidos, confusos ou mesmo desanimados em relação a continuar buscando ajuda.

Entretanto, isso não precisa ser assim.

Se médicos e pacientes souberem quando suspeitar desse diagnóstico, fica mais fácil de evitar tal situação.

O que é tricodistrofia?

O termo tricodistrofia abrange uma série de distúrbios na estrutura dos fios, deixando-os mais secos, opacos, crespos, ralos ou quebradiços.

A condição pode ser hereditária ou adquirida, ou seja, ele pode ser de nascença ou ser decorrente de agravos ao fio.

Em comum, todos os tipos de tricodistrofia apresentam defeitos na haste capilar, seja na estrutura ou no seu desenvolvimento.

Causas

As alterações no fio de cabelo podem ser decorrentes de uma falha de fabricação ou por desgaste da fibra capilar.

Alguns autores sugerem dividir as tricodistrofias em hereditária e adquirida.

Tricodistrofia hereditária

A tricodistrofia hereditária ocorre por erros na produção do fio decorrentes de alterações genéticas.

Por ser genético, as pessoas com tricodistrofia hereditária já nascem com a propensão a ter cabelos diferentes.

Desse modo, é comum elas apresentarem problemas capilares desde a infância.

Os defeitos na formação do cabelo na tricodistrofia hereditária podem ser decorrentes de problemas no folículo capilar ou no organismo.

No caso, as condições sistêmicas consistem em falhas na captação ou metabolização de componentes necessários para se fazer o fio. Isso ocorre, por exemplo, com elementos como o cobre ou enxofre.

Além disso, a tricodistrofia pode ocorrer de forma isolada ou fazer parte de um conjunto de outras alterações.

Quando ela se apresenta junto a manifestações em múltiplos órgãos ou sistemas, caracteriza-se uma síndrome.

Dentre as síndromes genéticas com tricodistrofia, têm-se, por exemplo:

  • Netherton, caracterizada por tricorrexis invaginata, pele seca (ictiose) e imunodeficiência;
  • PIBIDS, que inclui manifestações como fotossensibilidade, ictiose, cabelo quebradiço, deficiência intelectual e baixa estatura;
  • Menkes: erro na metabolização do cobre resultando em alterações como cabelos frágeis e torcidos (pili torti).

Devido a essa possibilidade de haver alterações em outros órgãos na forma hereditária, é bom considerar uma investigação mais ampla.

Afinal de contas, o cabelo pode ser o único ou mais evidente sinal no caso de algumas síndromes.

Tricodistrofia adquirida

O problema da tricodistrofia adquirida não está na produção, mas no desgaste do fio por rotinas e cuidados capilares.

Nesses casos, a fibra capilar íntegra sofre diversos agravos que acabam culminando com o comprometimento da sua estrutura.

Dentre os agentes agressores da fibra capilar encontram-se procedimentos químicos, aparelhos térmicos e atos mecânicos.

 As fontes de calor mais danosas aos cabelos estão as chapinhas, modeladores, escovas giratórias e o secador.

Em se tratando de química, os principais vilões são as luzes, tinturas com amônia, água oxigenadaalisamentos ou relaxamentos.

Por fim, alguns hábitos prejudiciais incluem penteados apertados, dormir ou prender cabelos molhados, manipulação ou escovação excessivas.

Sinais

Não é difícil perceber quando os cabelos estão com problema.

O cabelo com tricodistrofia, por exemplo, é mais ralo e, muitas vezes, quebra muito facilmente.

Como as fraturas ocorrem em diferentes pontos ao longo da extensão da haste capilar, o cabelo parece ter sido desfiado. 

Também são manifestações da tricodistrofia a perda de densidade capilar, falhas com fios esparsos, de comprimento irregular e finos.

Além disso, não é incomum o cabelo parecer mais crespo, seco, áspero, armado, frizzado e sem brilho. Em geral, o paciente costuma reclamar bastante de todas essas características.

Mas o que parece ser apenas um cabelo “ruim” ou “difícil” pode, na verdade, ser algo mais sério e abrangente.

Então, diante desse comprometimento dos fios, com ou sem outras alterações, é bom buscar ajuda especializada.

Caso esses sinais surjam ainda na infância, a avaliação médica  é ainda mais necessária para investigação de possíveis síndromes genéticas.

Isso porque além da tricodistrofia, essas doenças apresentam outras alterações que precisam ser diagnosticadas e tratadas.

Diagnóstico

O diagnóstico da tricodistrofia envolve uma avaliação detalhada do histórico médico individual e familiar, além do exame físico do cabelo.

Exames como a tricoscopia ou a microscopia óptica ajudam a visualizar e identificar melhor as alterações específicas de cada tipo de tricodistrofia.

Pelas imagens ampliadas desses exames, é possível ver detalhes típicos de como:

DIAGNÓSTICO DAS TRICODISTROFIAS POR EXAMES DE IMAGENS
Características nos exames Diagnóstico
Nós  Tricorrexis nodosa ou triconodose
Torções e achatamento do fio Pili torti
Constrições periódicas Moniletrix
Canais longitudinais Pili trianguli e cannaliculi
Intussuscepção e alternância de cores Tricorrexis invaginata
Cavidades com ar periódicas ao longo do fio Pili annulati
Múltiplas voltas com fio em formato elíptico Wooly hair
Cabelos prateados, secos, ásperos e deformados Síndrome dos cabelos impenteáveis
Fio com 2 ou mais bifurcações desde a raiz Pili multigemini
Bulbos deformados, ausência de bainhas Síndrome dos anágenos frouxos
Fios com pontas duplas ou partidas Tricoptilose

Além dos aspectos morfológicos do fio, fundamentais para o diagnóstico, uma forma de separar as tricodistrofias é pela fragilidade capilar.

Assim temos:

DIFERENCIAÇÃO DAS TRICODISTROFIAS POR QUEBRA DO FIO
Cabelos quebradiços Cabelos sem tendência à quebra
Pili torti Síndrome dos anágenos frouxos
Tricorrexis invaginata Pili annulati
Tricotiodistrofia Pili multigemini
Bubble hair Síndrome dos cabelos impenteáveis
  Wooly hair

Quando a suspeita for de tricodistrofia hereditária pode ainda ser útil fazer análise genética para confirmar a causa do problema e definir a conduta ideal de tratamento.

Quais são os tratamentos para tricodistrofia?

O tratamento da tricodistrofia depende da causa subjacente.

Quando ela faz parte síndromes genéticas, o tratamento envolve abordagens mais amplas. A resposta terapêutica nesses casos, porém, costuma ser mais limitada.

Já nos casos de tricodistrofia adquirida, o tratamento consiste basicamente na mudança nos hábitos e cuidados capilares.

Em ambos os casos recomenda-se o uso de produtos hidratantes e evitar o uso de químicos e calor excessivo.

Essas medidas contribuem para preservar a fibra mais frágil  evitando a quebra do cabelo.

O auxílio médico é indispensável para diagnóstico da tricodistrofia, incluindo a identificação das causas do problema.

Desse modo, é possível traçar uma linha de tratamento correto para melhorar a aparência dos cabelos.

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Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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