Calvície por medicamentos: quando ela pode ocorrer?

Embora alguns remédios causem queda de cabelo, não é habitual ter calvície por medicamentos.
Em geral, os fios começam a cair alguns dias ou semanas após início do tratamento, melhorando quando se suspende o fármaco.
Um exemplo clássico dessa queda capilar por medicações é a quimioterapia.
Nesse tipo de tratamento contra o câncer, é comum os cabelos caírem de forma rápida e intensa.
Mais recentemente, no entanto, além da queda, vem surgindo relatos de casos de perda capilar definitiva, ou seja, calvície por medicamentos.
Como os remédios fazem o cabelo cair?
O mecanismo responsável pela queda de cabelos por medicações é o eflúvio capilar.
O eflúvio ocorre quando há uma redução inesperada da produção do fio pelo folículo.
Essa diminuição do ritmo do crescimento do fio pode ser imediata ou progressiva.
Na forma progressiva, o fio antecipa sua queda, mas completa o seu ciclo, caindo na fase telógena ou de repouso. Desse modo, tem-se o eflúvio telógeno.
Essa é forma na qual antibióticos, anticonvulsivantes, antidepressivos e anorexígenos fazem cair cabelo.
Já com as medicações quimioterápicas, o caminho é outro.
A quimioterapia é um tratamento que utiliza remédios para destruir células cancerígenas.
Entretanto, esses fármacos também afetam células saudáveis que se multiplicam rapidamente, como as do folículo capilar.
Por interromper a formação do fio ainda em fase de crescimento, a quimioterapia faz ele cair sem completar seu ciclo. Nesse caso, tem-se o eflúvio anágeno.
A queda por eflúvio anágeno da quimioterapia costuma começar de 2 a 3 semanas após o início do tratamento. A intensidade da queda, por sua vez, varia de acordo com o tipo de quimioterápico e sensibilidade individual do paciente.
Embora cause preocupação em muitos pacientes oncológicos, a queda de cabelo pela quimioterapia melhora no final do tratamento.
Em geral, depois de cair, o cabelo volta a crescer alguns meses após a última sessão.
Entretanto, em raros pacientes pode acontecer uma evolução diferente, com perda definitiva dos cabelos que caíram.
Quais remédios podem causar alopecia permanente?
Na literatura médica, existem alguns casos de pacientes que desenvolveram calvície por medicamentos após quimioterapia.
Esse tipo de alopecia definitiva induzida por quimioterápicos foi observado durante tratamento com:
- taxanos (docetaxel) para câncer de mama;
- busulfan para leucemia mieloide aguda;
- cisplatina com etoposide para câncer de pulmão.
Em todos esses casos, os pacientes apresentaram queda capilar severa e irreversível.
Fatores de risco da calvície por medicamentos
Algumas situações foram mais frequentes nos pacientes que desenvolveram alopecia após quimioterapia. Dentre elas, por exemplo, estão o uso de doses altas ou tratamentos prolongados com essas medicações.
Além disso, a presença de alopecia androgenética pré-existente ou a tendência genética à calvície também parece colaborar.
Tanto é que parte desses pacientes apresentaram uma perda capilar mais acentuada nas áreas comumente afetadas pela alopecia androgenética.
Calvície por medicamentos: quadro clínico
Na maioria dos pacientes, o cabelo volta a crescer naturalmente dentro de 6 meses após o término da quimioterapia.
Assim, o primeiro sinal de calvície por medicamentos quimioterápicos é justamente o cabelo não voltar nesse período.
Além da demora em ver os cabelos crescendo, há algumas outras características desse tipo de perda de cabelo.
Uma delas é diminuição da densidade capilar, com fios mais finos e com dificuldade de atingir 10 cm.
Além disso, os fios que crescem também mudam sua textura e formato, tornando-se geralmente mais secos e indefinidos.
Do ponto de vista histológico, ou seja, quando se olha no microscópio, as características da calvície por medicamentos quimioterápicos incluem:
- redução do número de fios terminais e aumento de fios miniaturizados, semelhantes aos observados na alopecia androgenética;
- aumento dos folículos em fase telógena;
- ausência de fibrose, diferenciando a condição de quadros de alopecia cicatricial.
Como prevenir a calvície por medicamentos?
A prevenção da alopecia permanente pós-tratamento oncológico ainda é um desafio.
Atualmente, a técnica de Cold Cap ou Scalp cooler tem mostrado resultados promissores.
Esse método consiste no resfriamento do couro cabeludo durante as sessões de quimioterapia.
A proposta é reduzir o fluxo sanguíneo na área e, dessa maneira, atenuar a exposição dos folículos aos quimioterápicos.
Embora eficaz, a touca gelada não funciona igual para todas as pessoas e nem pode ser utilizada em alguns tipos de câncer.
Tratamento da calvície por medicamentos
Por ser algo muito raro, ainda existem poucas informações sobre opções terapêuticas para essa forma de alopecia.
Algumas abordagens em teste incluem:
- minoxidil: embora seja um estimulante do crescimento capilar, apresenta resultados discretos nesses casos;
- laser de baixa potência: estudos indicam alguma melhora na espessura e densidade capilar;
- transplante capilar: pode ser uma opção para pacientes que mantiveram folículos viáveis.
Calvície por medicamentos: o que fazer?
O receio de ficar sem cabelos é um dos pontos de maior impacto emocional da quimioterapia, principalmente entre mulheres.
Por isso, muitas pacientes já preferem comprar próteses capilares antes mesmo de começarem o tratamento.
No caso da calvície por medicamentos oncológicos, aliás, o uso de próteses pode ser uma solução.
Essa e outras possibilidades devem ser avaliadas pela equipe multidisciplinar objetivando sempre a qualidade de vida das pacientes.
Dessa forma, ao identificar a alopecia após quimioterapia é válido contar com ajuda do médico especialista na busca das melhores estratégias.
A Clínica Doppio possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema.
Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.
