Excesso de suor no couro cabeludo: causas e tratamento

O suor no couro cabeludo pode causar muitos incômodos.

Só quem sofre com o problema sabe como é desconfortável ficar constantemente com o cabelo colado de tanto suar.

A situação fica ainda pior em lugares quentes, úmidos ou em momentos de estresse.

Por conta disso, a ciência, a indústria farmacêutica e de cosméticos vêm buscando criar alternativas para tentar melhorar essa questão.

O que é hiperidrose craniofacial?

A hiperidrose craniofacial é o termo médico para designar o excesso de suor no couro cabeludo ou na cabeça.

Entre todos os pacientes com diagnóstico de hiperidrose, cerca de 9% deles são acometidos pela sudorese na região do couro cabeludo e/ou face.

A hiperidrose se caracteriza pela produção de suor acima do necessário para manter a regulação da temperatura corporal.

No couro cabeludo, além do suor intenso e persistente, ainda pode haver mau cheiro e sinais de dermatite.

A intensificação das crises pode ocorrer durante situações de ansiedade, estresse ou até mesmo em ambientes levemente quentes.

Pacientes com hiperidrose no couro cabeludo relatam desconforto diário, devido à constante umidade e à dificuldade de manter o cabelo seco.  Essa situação pode impactar na autoestima e bem-estar social de quem sofre com o problema.

Como ocorre o excesso de suor no couro cabeludo?

A sudorese, ou seja, a produção de suor pela glândulas sudoríparas é um processo natural do organismo.

Através do suor, o corpo elimina toxinas, eletrólitos e até moléculas de caráter sexual.

Ao suar, o corpo também ajuda a regular a temperatura e manter seu equilíbrio térmico.

O estímulo à produção de suor vem de nervos do sistema parassimpático.

Ao chegar um impulso nervoso na terminação dos neurônios desse sistema, eles liberam uma substância chamada acetilcolina.

Essa molécula se liga a receptores existentes nas glândulas sudoríparas, dando um sinal para elas produzirem suor.

Por ter origem neuronal e ser capaz de passar adiante o impulso nervoso, a acetilcolina é chamada de neurotransmissor.

Quais são as causas do excesso de suor no couro cabeludo?

A hiperidrose pode ser primária ou secundária.

A forma primária ocorre quando não há outras patologias relacionadas ao quadro.

Já a hiperidrose secundária pode ter relação com:

  • distúrbios endócrinos;
  • doenças neurológicas;
  • medicações, como, por exemplo, fluoxetina; consumo de álcool.

Quais são os problemas associados ao excesso de suor no couro cabeludo?

A hiperidrose craniofacial pode afetar significativamente a qualidade de vida do paciente.

O suor excessivo causa constrangimento em situações sociais e profissionais. Os pacientes frequentemente relatam frustração e isolamento por conta do problema.

O acúmulo de suor pode interferir na fixação de penteados, limitando o uso de produtos e acessórios capilares.

Essa dificuldade de se ajeitar leva a uma sensação de desconforto principalmente no público feminino. Mas não para por aí.

Além de prejudicar a higiene pessoal, a umidade constante também deixa o couro cabeludo mais suscetível a infecções ou irritações.

Nesses casos, podem ainda surgir sintomas como coceira, ardência, dor, caspa ou queda de cabelo.

Quando presentes, esses e outros sintomas têm potencial de agravar o impacto psicossocial do  problema.

Diagnóstico

O diagnóstico de hiperidrose craniofacial primária é essencialmente clínico, com base no histórico e exame físico do paciente.

Geralmente é preciso ter sudorese visível e excessiva por pelo menos seis meses sem causa aparente.

Outros critérios de hiperidrose primária incluem:

  1. transpiração bilateral e simétrica;
  2. ocorrência de pelo menos um episódio por semana;
  3. comprometimento das atividades diárias;
  4. início do quadro antes dos 25 anos de idade;
  5. histórico familiar favorável para hiperidrose;
  6. ausência de sudorese durante o sono.

Na presença de pelo menos dois desses critérios, confirma-se o diagnóstico, dispensando a investigação de outras possíveis causas.

Como tratar o excesso de suor no couro cabeludo?

Antes de partir para medicações e procedimentos para bloqueio da sudorese na cabeça, é preciso antes definir suas causas.

Isso porque no caso de hiperidroses secundárias, o tratamento da causa subjacentes costuma ser suficiente para resolver a situação.

Entretanto, quando não se encontra nenhuma outra condição por trás do suor excessivo, é preciso atuar diretamente no problema.

Nesse caso, existem diversas terapias disponíveis para controle da hiperidrose primária.

A decisão sobre qual delas escolher vai depender de alguns fatores como:

  • gravidade e intensidade do quadro;
  • resposta a terapias prévias;
  • nível de comprometimento da qualidade de vida do paciente.

Tópicos

A primeira linha de tratamento do excesso de suor no couro cabeludo é com produtos tópicos.

Existem loções, tônicos e até pós prontos ou manipulados com essa finalidade.

Embora até promovam melhora do suor, o efeito desses recursos costuma ser temporário e de curta duração.

Por isso, ele acaba sendo mais útil para casos leves de transpiração.

Já quadros mais severos de suor no couro cabeludo acabam exigindo outros tratamentos.

Remédios orais

Uma opção cada vez mais popular é o uso de anticolinérgicos como a oxibutinina. Essa medicação bloqueia os receptores de acetilcolina, neurotransmissor responsável por estimular as glândulas sudoríparas.

Em estudos, clínicos o tratamento com oxibutinina mostrou-se eficaz, apresentando melhora dos sintomas em 70% dos casos.

Como pontos negativos têm-se os efeitos adversos e necessidade de uso contínuo da medicação para manutenção dos resultados do tratamento.

Dentre os efeitos adversos dessa terapia destacam-se boca seca e dores de cabeça em alguns pacientes.

Toxina botulínica

A aplicação de botox é um outro recurso para controle do excesso de suor no couro cabeludo.

Assim como a oxibutinina, a toxina também bloqueia temporariamente a ação da acetilcolina nas glândulas sudoríparas.

Entretanto, ao invés de impedir a ligação desse neurotrasmissor aos receptores, o botox reduz a liberação da acetilcolina pelos neurônios.

Desse modo, ele diminui a atividade das glândulas sudoríparas e a produção de suor no couro cabeludo.

A aplicação de toxina botulínica para controle da hiperidrose é uma abordagem já bem consolidada na região axilar. No couro cabeludo,  no entanto, a prática ainda não é tão frequente.

Como limitantes estão o alto custo e curta duração, sendo necessária a reaplicação após 3 a 6 meses.

Cirurgia

Recomenda-se o tratamento cirúrgico da hiperidrose quando o suor no couro cabeludo é intenso e refratário às outras terapias.

Se o procedimento é bem sucedido, ele pode proporcionar um controle definitivo da sudorese a níveis normais.

A cirurgia consiste na destruição de parte do sistema simpático responsável pelo estímulo da hiperidrose craniofacial.

A simpatectomia é feita no tórax através de videotoracoscopia.

Embora a cirurgia seja eficaz na redução do suor no local, ela pode causar a hiperidrose compensatória.

Assim a pessoa pode vir a suar mais em outras regiões, como costas, abdômen e pernas.

A operação também apresenta riscos de complicações inerentes ao procedimento.

Por isso, a sua indicação se limita a casos mais graves sem resposta satisfatória aos outros tratamentos.

Excesso de suor no couro cabeludo: o que fazer?

A hiperidrose craniofacial pode ser gerar situações bem embaraçosas a quem sofre com o problema.

Uma boa avaliação médica pode ajudar a definir causas e estabelecer um protocolo de tratamento mais assertivo para cada caso.

Por isso, se você se incomoda pelo excesso de suor no couro cabeludo, faça-nos uma visita!

A Clínica Doppio  possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema. 

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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