Foliculite após transplante capilar: causas, cuidados e tratamento

Além de incomodar, o aparecimento de foliculite após transplante capilar costuma preocupar os pacientes.

O receio é de que ela possa prolongar o tempo de recuperação e até comprometer os resultados da cirurgia.

Por isso, é importante reconhecer e tratar essa condição antes de ela se agravar.

Por que ocorre a foliculite após transplante capilar?

O fio de cabelo pode ser grosseiramente dividido em 2 partes: haste capilar e folículo piloso.

A haste é toda parte do fio que é visível fora da pele.

Já o folículo piloso, bulbo ou raiz, é a porção do fio que fica dentro do couro cabeludo.

Assim, quando a inflamação atinge os folículos, tem-se o quadro de foliculite capilar.

Para facilitar a compreensão das causas da foliculite do couro cabeludo, pode-se separá-las em 2 grupos: infecciosas ou inflamatórias.

Dentre as foliculites infecciosas, as  bactérias são de longe os patógenos mais comuns.

A contaminação bacteriana dos folículos pode ocorrer tanto durante o procedimento quanto no período de recuperação da cirurgia.

A razão para o contágio é intuitiva. Afinal de conta, são necessários milhares de furos na cabeça, seja para retirar as unidades foliculares ou implantá-las.

Portanto, há inúmeras portas de entradas para contaminação da pele do couro por bactérias.

Além disso, o procedimento é bem demorado e a recuperação também é longa, aumentando os riscos de infecção.

Isso sem contar que é preciso ficar alguns dias sem lavar a cabeça.

Enfim, tudo colabora para haver infecção e foliculite após transplante capilar. Mas não e só isso.

Os folículos implantados ainda podem, temporariamente, ter dificuldades de se adaptar ao novo ambiente, levando à irritação ou inflamação.

A obstrução dos poros devido ao acúmulo de células mortas, suor e sebo também pode colaborar. Isso é especialmente válido em áreas com maior densidade de fios transplantados.

O quadro inflamatório às vezes é bem semelhante ao da foliculite infecciosa, sendo difícil distinguí-las.

Sinais e sintomas

A foliculite pode se manifestar de maneira precoce já nos primeiros dias após a cirurgia.

Além disso, ela também pode ocorrer semanas após o transplante, sendo comumente estéril nessa situação.

Mesmo não tendo um agente infeccioso, a foliculite tardia tende a ser mais severa, duradoura e recorrente.

Em ambos os casos, no entanto, o quadro clínico é semelhante.

Os principais sinais da foliculite após transplante capilar são espinhas ou pústulas (bolinhas de pus) e pápulas (elevações avermelhadas) na pele.

Em casos mais severos, podem aparecer nódulos maiores e até abscessos.

Já dentre os sintomas mais comuns da foliculite incluem-se coceira, sensibilidade, formigamento e dor.

É comum ter foliculite após transplante capilar?

A frequência da foliculite vai depender da técnica de extração folicular e de características individuais do paciente, como sexo, idade e problemas capilares prévios.

De acordo com a literatura médica, a incidência de foliculite após transplante capilar varia entre 1% e 23%.

Em um estudo de 2023, por exemplo, 12,11% de 1.317 pacientes submetidos ao transplante capilar apresentaram foliculite.

Quem tem mais chances de apresentar espinhas após a cirurgia?

Além de apresentar a frequência da foliculite após transplante capilar, o estudo chinês ainda trouxe outras informações sobre o quadro. Uma delas é quais são os principais fatores de risco para desenvolvimento dessa complicação.

Dentre os parâmetros avaliados, o número e densidade dos enxertos pareceram favorecer o aparecimento de foliculite após transplante capilar.

Pacientes com mais de 4000 enxertos apresentaram chances significativamente maiores de desenvolver foliculite. O risco também aumenta se a densidade do transplante for superior a 45 enxertos por centímetro quadrado.

Pacientes com múltiplas lesões e com foliculite tanto na área doadora quanto receptora têm maior risco de recorrência. Em geral, eles ainda apresentam recuperação mais lenta devido à gravidade do quadro.

A estação do ano também fez diferença para o aparecimento da foliculite após transplante capilar. Cirurgias realizadas no verão apresentaram maior risco, talvez devido ao aumento da produção de suor e oleosidade da pele.

Por fim, outro ponto do estudo foi quanto à atenção pós-operatória. Pacientes que demoram mais de três dias para receberem cuidados adequados apresentaram maior probabilidade de desenvolver a inflamação.

Como prevenir e tratar o aparecimento de espinhas na cabeça após o procedimento?

A prevenção da foliculite após transplante capilar envolve uma série de medidas abrangendo o período pré, intra e pós-operatório.

Antes da cirurgia, é fundamental avaliar o couro cabeludo, evitando realizar o procedimento em pacientes com foliculite ativa.

O planejamento de mega sessões com mais de 4000 unidades foliculares também deve incluir o uso de antibiótico profilático. Essa medida pode reduzir o risco de infecção durante a cirurgia e no período mais crítico de recuperação.

Mesmo  com antibiótico, é essencial garantir a esterilidade do ambiente cirúrgico e dos instrumentos durante o procedimento.

Ao final da cirurgia, recomenda-se cobrir a área com gaze e pomada antibacteriana para proteger os folículos de infecções.

No período pós-operatório é bom fazer a troca de curativos entre 48 e 72 horas após a cirurgia.

A aplicação de sprays antibacterianos nas áreas doadoras e receptoras pode ser eficaz para manter a pele livre de infecções.

Além disso, os pacientes devem lavar o cabelo diariamente após a primeira troca de curativos e utilizar xampus antifúngicos duas vezes por semana durante os primeiros 15 dias.

A adoção desses cuidados pode ajudar a evitar a proliferação de microrganismos, favorecendo uma recuperação mais rápida e segura.

Foliculite após transplante capilar: o que fazer?

O aparecimento de espinhas no couro cabeludo após fazer o transplante gera angústia e apreensão.

Os pacientes ficam bem aflitos com a possibilidade de comprometer o resultado da cirurgia por causa da inflamação.

Além de seguir corretamente as orientações do médico responsável, é preciso esclarecer todas as dúvidas sobre como proceder.

Se mesmo assim surgirem lesões no couro cabeludo, persistentes ou com piora, é preciso comunicar o médico cirurgião.

Ele vai saber te ajudar sobre como controlar o quadro.

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Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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