Queda de cabelo por diabetes: o açúcar faz mal?

Uma pergunta que às vezes surge durante a consulta médica é sobre ser possível ter queda de cabelo por diabetes.

A dúvida é pertinente, pois a doença influencia diversas condições de saúde como infarto, derrame, cegueira, insuficiência renal, dentre outras.

Como a doença atinge diversos órgãos e sistemas, faz sentido pensar que ela também atinge o folículo capilar. 

Para esclarecer se há ou não queda de cabelo por diabetes, vale a pena explorar um pouco mais a fundo o tema.

O que é diabetes?

O diabetes é um distúrbio metabólico crônico no qual o corpo tem dificuldade em regular adequadamente os níveis de açúcar no sangue.

Existem dois tipos principais de diabetes: 1 e 2.

No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca e destrói as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina.

Esse hormônio promove a transferência do açúcar do sangue para os tecidos.

Desse modo, ao diminuir os níveis de insulina, o diabetes tipo 1 eleva os níveis de glicose no sangue.

Já no diabetes tipo 2, o problema está na resistência à insulina, ou seja, na dificuldade dela agir.

Nesse caso, mesmo níveis normais ou até altos de insulina não conseguem vencer a barreira dos tecidos em aceitar a glicose.

Isso ocorre porque o tecido gorduroso funciona com um obstáculo à passagem do açúcar.

Dessa maneira, quando mais gordura corporal, maior é a quantidade de insulina necessária para retirar o açúcar do sangue.

Por que ocorre queda de cabelo por diabetes?

Níveis altos de açúcar no sangue criam um tipo de “cola” na parede interna dos vasos sanguíneos.

Com isso, o colesterol vai grudando nessas paredes formando placas que entopem as artérias.

Por sua vez, a diminuição do fluxo sanguíneo causa diversos problemas como enfarte, AVC, perda da visão, dos rins etc.

No cabelo, os mecanismos por trás da queda de cabelo por diabetes são semelhantes.

A redução da circulação sanguínea leva à falta de oxigenação e de nutrientes essenciais para os folículos capilares se desenvolverem.

Dessa forma, pode haver prejuízo no crescimento e vitalidade dos folículos, favorecendo a queda e o afinamento dos fios.

Queda de cabelo por diabetes tipo 1

Além do comprometimento crônico da nutrição dos fios, existem outros mecanismos de queda de cabelo no diabetes tipo 1.

Graças a sua natureza autoimune, esse tipo de diabetes frequentemente se associa a outras doenças autoimunes, como a alopecia areata.

Na alopecia areata, o alvo do sistema imunológico passa a ser os folículos capilares, impedindo o crescimento normal dos fios. 

Como resultado, há queda de cabelo abrupta em tufos deixando áreas totalmente lisas e circulares na cabeça.

Além do couro cabeludo, pode haver falha em outras áreas pilosas do corpo, como barba, sobrancelhas, cílios, por exemplo.

Outros distúrbios autoimunes também capazes de provocar queda de cabelo são a tiroidite de Hashimoto e Graves.

Assim, tanto a falta quanto o excesso de hormônio tiroidiano fazem o cabelo cair mais.

Queda de cabelo por diabetes tipo 2

A queda de cabelo por diabetes tipo 2 segue o clássico mecanismo da doença.

Nesses casos, os altos níveis de açúcar comprometem o fluxo sanguíneo para várias partes do corpo, incluindo o couro cabeludo.

Por sua vez, o comprometimento da circulação sanguínea faz com que os folículos capilares não recebam oxigênio e nutrientes suficientes.

Como resultado, os pacientes podem apresentar uma maior tendência à queda.

Alguns dados na literatura médica favorecem essa hipótese.

Um estudo de 2019, por exemplo,  concluiu que o diabetes tipo 2 pode ser um fator de risco para queda de cabelo.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram 5.389 mulheres afro-americanas.

Entre as participantes do estudo, 15,7% relataram perda de cabelo grave e 21,6% relataram perda de cabelo leve.

Outros fatores como estresse, ganho de peso e desequilíbrios hormonais também colaboram para o cabelo cair.

Além desses dados, há ainda pesquisas associando o controle glicêmico com insulina à melhora de alguns tipos de queda capilar.

Estudos ainda sugerem uma associação entre diabetes tipo 2 e a evolução da alopecia androgenética ou calvície.

Prevenção e tratamento do diabetes 

A prevenção da queda de cabelo em pacientes diabéticos começa com o bom controle dos níveis de glicose no sangue.

Adicionalmente à medicação para tratamento da doença, recomenda-se  aos pacientes manterem uma dieta equilibrada e um estilo de vida ativo.

Além de colaborar para o controle glicêmico, uma boa alimentação garante o aporte de vitaminas, minerais e proteínas aos cabelos.

Por sua vez, a atividade física regular melhora a glicemia e a circulação sanguínea. Desse modo, ela também aumenta à distribuição de oxigênio e nutrientes às células, incluindo ao bulbo capilar.

Queda de cabelo por diabetes: o que fazer?

O controle do diabetes é uma etapa fundamental para evitar os danos da doença, inclusive nos cabelos.

Por isso, antes de tentar usar receitas caseiras, fórmulas, vitaminas ou tônicos capilares, é recomendável procurar um médico endocrinologista.

Através de medicações e orientações corretas, ele pode ajudar a controlar a doença e suas consequências.

Além disso, o acompanhamento com um médico especialista em cabelos permite investigar e tratar outras causas do cabelo cair.

Então, se você tem diabetes e queda de cabelo, venha nos fazer uma visita!

A Clínica Doppio  possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos ainda com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema. 

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

 

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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