Rosácea de couro cabeludo: o que é, causas, sintomas e tratamento
Embora ainda não seja tão conhecida entre médicos e pacientes, a rosácea de couro cabeludo pode ser bem incômoda.
Aliás, o desconhecimento sobre essa possibilidade talvez colabore para que ela continue não sendo considerada e tratada corretamente.
Por isso, é bom saber quando suspeitar desse diagnóstico para evitar condutas inadequadas e agravamento do quadro.
O que é rosácea?
A rosácea é uma doença inflamatória crônica na qual os vasos sanguíneos da pele e olhos se tornam hiperreativos.
As lesões aparecem mais no rosto, sendo as manifestações oculares também relativamente comuns.
Por sua vez, a rosácea de couro cabeludo parece ser menos frequente. Em partes, isso talvez ocorra porque ela é pouco lembrada como diagnóstico diferencial nessa área.
Por que surge a rosácea?
As causas da rosácea ainda não completamente claras.
Desse modo, ainda não se sabe ao certo o porquê da inflamação e alteração da reatividade vascular nessa condição.
Apesar disso, há dados consistentes apontando a participação de diversos elementos na determinação da doença. Dentre eles estão, por exemplo, fatores genéticos, ambientais, exposição solar crônica e alteração da resposta imunológica, especialmente ao ácaro Demodex folliculorum.
Além dessas possíveis causas, há ainda outros agentes capazes de desencadear ou agravar as lesões. Esses incluem a radiação solar, ingestão de bebidas alcoólicas, alimentos picantes, estresse, vapor e temperaturas extremas.
Quadro clínico
Tipicamente a rosácea se manifesta como vermelhidão com ou sem inchaço na região da bochecha, testa ou queixo.
Com o passar do tempo, a pele começa a ter bolinhas, ficando grossa e áspera como uma lixa.
Além disso, podem surgir espinhas, nódulos e telangectasias, ou seja, pequenos vasos sanguíneos vistos como pontos vermelhos na pele.
Já os sintomas variam entre ardor, queimação ou calor.
No couro cabeludo, o quadro é um pouco diferente.
Rosácea de couro cabeludo: sinais e sintomas
Assim como nas outras partes do corpo, no couro cabeludo a rosácea também é crônica, com remissões e recorrências.
O quadro inicial se caracteriza pelo inchaço e dilatação dos vasos sanguíneos.
Só que no couro, além da vermelhidão, a rosácea leva à descamação ao redor dos fios de cabelo.
A presença de escamas, inclusive, é uma particularidade da rosácea de couro cabeludo, já que na face isso não costuma ocorrer.
Entretanto, a vermelhidão e descamação perifoliculares não são exclusivas da rosácea de couro cabeludo. Esse padrão também aparece em outras condições capilares, como, por exemplo, no líquen plano pilar e na alopecia frontal fibrosante.
As lesões do couro cabeludo ainda incluem minúsculas espinhas esparsas e nódulos inflamatórios. Pode ou não se observar aumento da queda de cabelo na rosácea.
Se no rosto predomina a sensação de calor, ardência e queimação, no couro as espinhas costumam coçar.
Além disso, rosácea de couro cabeludo apresenta algumas outras particularidades.
A primeira delas é que embora a rosácea acometa mais mulheres, no couro cabeludo ela aparece mais em homens.
Além disso, parece não haver relação das manifestações do couro com a calvície, sazonalidade ou erupções faciais.
Portanto, não há correspondência entre a frequência e gravidade das lesões do rosto e couro cabeludo
Assim, a pessoa pode ter um quadro grave no couro, mas não apresentar lesões no rosto e vice-versa.
Como é feito o diagnóstico da rosácea de couro cabeludo?
O exame tricológico cuidadoso é uma etapa fundamental para o diagnóstico da rosácea.
Além da vermelhidão e possíveis espinhas, há alguns achados na dermatoscopia bem sugestivos dessa patologia. Dentre eles estão, por exemplo:
- escamas brancas, amarelas e áreas laranja-amareladas;
- dilatação dos folículos;
- plugs ou rolhas foliculares indicando pequenas obstruções na abertura dos folículos capilares;
- dilatação e ramificação dos vasos formando figuras como polígnos.
Já o exame anatomopatológico obtido através de biópsia revela um infiltrado inflamatório ao redor dos fios e capilares superficiais.
Em parte dos casos, ainda é possível se encontrar o ácaro Demodex no folículo piloso.
A presença desses achados, sejam eles clínicos, dermatoscópicos ou histológicos, são bem sugestivos da doença.
Qual é a frequência da rosácea de couro cabeludo?
A rosácea é uma doença de evolução progressiva.
Dessa forma, quanto maior o atraso no seu diagnóstico e tratamento, mais ela tende a se agravar.
Por isso, é essencial ter em mente essa possibilidade quando se tem um quadro clínico compatível.
Para reforçar esse alerta, pesquisadores italianos foram atrás de investigar a prevalência da rosácea de couro cabeludo.
O estudo contou com 2 fases.
Na primeira etapa, a avaliação foi feita por telefone através de um questionário.
Dos 50 pacientes com rosácea na face, 13 (26%) relataram sinais ou sintomas compatíveis com o comprometimento do couro.
Essa alta frequência chamou a atenção dos pesquisadores, que então realizaram uma segunda fase, desta vez presencial, para verificar esse resultado.
Novamente se formou um grupo de 50 pacientes com rosácea facial para seguimento.
Além do acompanhamento e exame clínico, os médicos fizeram exames de imagem como a dermatoscopia e tricoscopia nos pacientes sintomáticos. A biópsia era opcional.
Durante a pesquisa, dos 50 voluntários, 16 (32%) apresentaram sinais e imagens características da rosácea de couro cabeludo. Desses, 8 fizeram biópsia, todos com exame anatomopatológico confirmando o diagnóstico.
O principal achado histológico, no caso, foi a presença dos ácaros Demodex nos folículos capilares.
Qual o tratamento para rosácea de couro cabeludo?
A definição do protocolo terapêutico da rosácea depende da gravidade e extensão das lesões.
Em geral, o tratamento da rosácea de couro cabeludo inclui desde loções ou cremes contendo antibióticos ou antiparasitários, até antibióticos orais.
Com o diagnóstico e remédios corretos, espera-se haver redução da inflamação, descamação, lesões e queda de cabelo.
Rosácea de couro cabeludo: o que fazer?
A rosácea é uma doença crônica sem cura, mas que com o manejo certo, é passível de ser controlada.
Portanto, se você já tem rosácea no rosto e apresenta sintomas compatíveis, não perca tempo.
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Dr. Nilton de Ávila Reis
CRM: 115852/SP | RQE 32621