Casquinhas na cabeça: causas, diagnóstico e tratamento

Não é infrequente encontrar casquinhas na cabeça quando se lava ou coça o couro cabeludo.

Embora muitas vezes não incomodem, em algumas situações elas podem se tornar bem desagradáveis e comprometer o bem-estar do paciente.

Por isso, ao invés de ignorá-las ou tentar tratamentos caseiros, vale a pena saber do que se trata.

Ainda mais porque em algumas situações elas podem ser sinais de doenças dermatológicas mais graves que necessitam de terapias médicas.

Casquinhas na cabeça: o que pode ser?

Existem diversas condições capazes de gerar feridinhas no couro cabeludo.

Ao secar, os pequenos machucados formam crostículas, perceptíveis ao toque.

Geralmente essa é a forma pela qual elas passam a ser identificáveis.

Embora compartilhem o mesmo sinal, o jeito com que elas se formam são diferentes.

Em boa parte dos casos, as casquinhas na cabeça são decorrentes da manipulação pelo próprio paciente. Em outros, elas decorrem de alguma alteração dermatológica subjacente.

Por isso, para facilitar a compreensão sobre o assunto, pode-se separar essas noxas em grupos.

Assim, as principais causas de casquinha na cabeça são:

  • doenças da pele;
  • infecções;
  • fatores externos;
  • distúrbios emocionais.

Patologias cutâneas causadoras de casquinhas na cabeça

A pele é o maior órgão do corpo humano e, assim como em outras partes, ela também pode apresentar problemas.

Dentre os diversos sinais e sintomas de alterações dermatológicas temos: mudança de cor, relevo, coceira, dor, irritação, formigamento e machucados.

Desse modo, boa parte das casquinhas da cabeça se formam como consequência da cicatrização das feridas no couro.

Além disso, algumas lesões cutâneas por si só já se apresentam ao toque como casquinhas destacáveis. Esse é o caso, por exemplo, da queratose actínica ou da psoríase.

Abaixo, destacam-se mais detalhes de algumas dessas alterações.

Dermatite seborreica

A seborreia é uma das causas mais frequentes de caspa, feridinhas e casquinhas na cabeça.

Por ser uma condição crônica, ela costuma alternar entre períodos mais graves e outros mais amenos.

Oleosidade e proliferação fúngica são fatores predisponentes, sendo a coceira, dor e ardência sintomas comuns.

Além do couro cabeludo, face, orelha, tronco e genitais também são áreas de acometimento.

Psoríase

A psoríase é uma doença inflamatória crônica na qual se observa uma reprodução acelerada das células cutâneas.

Dessa forma, formam-se placas grossas de cor brancas, cinza ou prateada.

Dependendo da densidade capilar e tamanho das lesões, fica difícil visualizá-las. Nesse caso, ela pode se manifestar apenas como feridinhas e casquinhhas na cabeça.

Joelho, cotovelos e região lombar são outras áreas preferenciais para aparecimento das lesões.

Além da pele, a psoríase também pode acometer articulações, causando artrite psoriática.

Eczema

O eczema pode aparecer em qualquer parte do corpo, inclusive no couro cabeludo. 

Existem diversas formas de dermatite, como a atópica, por irritação ou contato.

Em comum, elas compartilham sinais e sintomas como coceira, vermelhidão, queimação e inflamação. As casquinhas na cabeça, nesse caso, seriam secundárias à coçadura.

A dermatite atópica é uma condição na qual há uma falha na barreira da pele além de uma hiperreatividade cutânea.

No eczema atópico, há alterações na camada de gordura que protege a pele, tornando-a mais seca e propensa à irritação. Nesses pacientes, assim como na rinite ou asma, substâncias comuns como poeira ou ácaros se tornam alérgenos desencadeadores das crises.

Já na dermatite de contato, a inflamação cutânea se deve à presença de algum agente externo.

O produto ou substância em questão pode ser irritante, dando origem à dermatite de contato irritativa.

Outra possibilidade é o corpo desenvolver alergia ao composto, gerando um eczema de contato alérgico.

Em ambos os casos, há vermelhidão e muita coceira no local, podendo aparecer pequenas bolhas e crostas.

Dentre os produtos capilares mais associados a casquinhas na cabeça por dermatite de contato estão tinturas, alisantes, xampus e minoxidil.

Foliculite cicatricial

A inflamação da pele em algumas condições pode se concentrar ao redor do folículo capilar, caracterizando a foliculite.

Dependendo do tipo e intensidade do processo inflamatório, há destruição do bulbo, causando perda do cabelo.

Dentre as principais foliculites que levam à alopecia cicatricial têm-se a decalvante, dissecante e a queloidiana da nuca.

Embora apresentem características próprias, todas elas dor, vermelhidão e espinhas ao redor do fio, além de casquinhas na cabeça.

Queratose actínica

A ceratose actínica é uma lesão pré-câncer, ou seja, ela pode dar origem ao carcinoma espinocelular.

Assim como no câncer, o maior estímulo a sua formação é a exposição solar crônica.

De acordo com estudos, aliás, essa é a quarta principal queixa de consultórios dermatológicos.

Ao exame, ela se apresenta como uma pequena placa amarela ou branca, com base vermelha ou cor da pele.

Ao passar a unha sobre a lesão, muitas vezes ela se desprende quase que totalmente, podendo sangrar inclusive.

Câncer de pele

Pacientes com alopecia perdem a proteção natural dos cabelos ao couro cabeludo.

Dessa forma, além de casquinhas na cabeça pelas ceratoses actinícas, eles também podem desenvolver tumores malignos nesse local.

Por isso, mesmo sendo menos frequentes, é sempre bom excluir essa hipótese.

Manchas que crescem, coçam, doem ou sangram são sinais de alerta e precisam de avaliação médica.

Infestações e infecções

A inflamação devido à colonização da pele ou folículos por microrganismos pode causar casquinhas na cabeça.

No caso, as feridinhas podem ocorrer pela própria patologia, ser secundária à coçadura ou manipulação da região.

Dentre as infecções e infestações que podem deixar casquinhas na cabeça estão as foliculites bacterianas, impinge, herpes zoster e piolhos.

Foliculite bacteriana

O hábito de cutucar a cabeça é uma das principais vias de contágio e disseminação da foliculite bacteriana.

Isso porque ao ferir o couro, a pessoa inocula bactérias existentes sob as unhas para dentro da pele.

Esses micróbios então atingem e colonizam o folículo, gerando inflamação e formação de pus.

Como essas lesões coçam, a pessoa volta a mexer nas lesões, transportando as bactérias para outras áreas do couro.

Por esse ciclo vicioso, as espinhas se perpetuam, deixando feridinhas e casquinhas na cabeça ao se romperem.

Micose 

A micose do couro cabeludo é uma infecção fúngica da pele quase que exclusivamente de crianças.

Caracteristicamente ela coça bastante.

Desse modo, a formação de casquinhas na cabeça na impinge se deve ao ato de coçar e ferir essas áreas. 

Além da coceira, há formação de placas como anéis vermelhos, com descamação e queda de cabelo

Varicela e herpes zoster

Tanto a catapora quando o herpes zoster são causados pelo mesmo agente, ou seja, pelo vírus da varicela zoster.

Quando o vírus infecta o corpo pela primeira vez, a doença se manifesta de forma mais disseminada. O quadro, conhecido como varicela ou catapora, atinge mais crianças sem a vacina tetra viral.

Mesmo em quem se vacinou, o vírus fica incubado no corpo junto às raízes nervosas da pele. 

Quando há queda de imunidade, ele pode retornar dessa vez como herpes zoster ou cobreiro.

Tanto a catapora quando o zoster se manifestam por dolorosas erupções cutâneas com bolhas que se abrem e formam crostas.

Na varicela, as lesões são mais isoladas e espalhadas pelo corpo todo. Por sua vez, no zoster as bolhas se agrupam em faixa, seguindo o caminho do nervo onde o vírus se aloja.

Em ambas as doenças, no entanto, o couro cabeludo pode ser acometido e ao se romperem, as vesículas deixam crostas.

Portanto, tanto a catapora quanto o herpes zoster podem ser causas de casquinhas na cabeça.

Além das crostas, outros sinais e sintomas das doenças incluem dores de cabeça, febre e mal-estar.

Transtorno psiquiátricos

A manipulação excessiva do couro cabeludo pode ser sinal de um distúrbio emocional.

Pessoas muito ansiosas por vezes criam o hábito de cutucar a pele, dando origem a feridas e casquinhas na cabeça.

Quando o quadro é muito intenso, ele caracteriza uma condição psiquiátrica chamada escoriação neurótica.

Por outro lado, se a manipulação for motivada pela crença na existência de bichinhos, tem-se o delírio de parasitose.

Em ambos os casos as lesões são auto-inflingidas e têm como substrato alterações cognitivas ou de comportamento.

Diagnóstico

Para saber o que pode estar causando casquinhas na cabeça é preciso avaliar cuidadosamente o couro cabeludo.

Embora a presença de outros sintomas até possa ajudar, o diagnóstico depende fundamentalmente do exame clínico.

A disposição, cor e tamanho das crostas já dão uma boa pista sobre do que se trata.

Mas, muitas vezes, isso ainda não é suficiente. Em boa parte dos casos, é necessário identificar a lesão elementar, ou seja, a erupção que deu origem à casquinha.

Então, a missão passa a ser encontrar uma bolha, bolinha ou espinha intactas.

A partir desse achado fica mais fácil concluir o que está causando as casquinhas na cabeça.

Contudo, quando mesmo assim restam dúvidas, pode ser preciso fazer outros exames como uma biópsia, micológico direto ou cultura.

Como acabar com as casquinhas na cabeça?

O tratamento das crostas do couro cabeludo depende fundamentalmente do diagnóstico da condição subjacente.

Dessa maneira, para se eliminar as casquinhas na cabeça é preciso primeiro descobrir porque elas estão aparecendo.

Dependendo da doença, o tratamento pode ser com pomadas, xampus, remédios orais, injeções e até fototerapia.

A diferença de qual recurso usar vai depender da patologia, gravidade e do histórico de saúde do paciente.

Casquinhas na cabeça: o que fazer?

Ao se defrontar com o aparecimento de pequenas crostas no couro cabeludo, o primeiro passo é examinar o local.

A avaliação médica especializada é imprescindível no diagnóstico e condução desse tipo de problema.

A partir da história, exame físico e eventualmente análises complementares, o médico é capaz de orientar o tratamento correto.

Portanto, se você tem casquinhas na cabeça, nos procure!

A Clínica Doppio  possui uma estrutura apropriada para avaliação e tratamento de queda de cabelos e calvície. Além disso, contamos com um médico especialista em cabelos e profissionais preparados para ajudar com seu problema na busca por um resultado satisfatório.

Faça uma avaliação e obtenha as informações e cuidados para o seu caso.

Dr. Nilton de Ávila Reis

CRM: 115852/SP | RQE 32621

Médico formado pela UNICAMP e dermatologista pela USP, com mais de 10 anos de experiência no tratamento de problemas capilares e do couro cabeludo. Integra o corpo clínico do Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês.


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